Manifestações em Marrocos prosseguem na cidade mineira de Jerada

Um movimento de contestação social em Marrocos, iniciado há duas semanas e mobilizando diariamente milhares de pessoas, prosseguiu hoje em Jerada, uma antiga cidade mineira do nordeste, referiram fontes concordantes citadas pela agência noticiosa France-Presse (AFP).
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As respostas fornecidas esta semana pela delegação ministerial enviada ao local para apaziguar as tensões foram consideradas "insuficientes" pela população, que "pretende medidas concretas", referiu um militante associativo à AFP no decurso da manifestação.

Desde 22 de dezembro que decorrem concentrações pacíficas que mobilizaram diariamente milhares de pessoas em protesto contra as condições de vida. O movimento foi desencadeado pela morte acidental de dois irmãos, soterrados quando procuravam carvão num poço clandestino.

Um vídeo difundido em direto esta tarde numa página Facebook local que segue a contestação popular após o funeral dos dois homens, mostrava uma concentração frente à câmara municipal, com menor participação face aos dias anteriores. Os manifestantes exigem medidas contra os "barões do carvão", que acusam de explorar os trabalhadores locais.

No decurso de uma visita à região na quarta e quinta-feira, o ministro da Energia Aziz Rebbah prometeu "um plano de trabalho preciso" para "melhorar a situação económica e social da província", com "medidas imediatas" e outras a longo prazo.

Em atividade entre 1927 e 1998, a mina de Jerada, único local de exploração das Carboníferas de Marrocos, empregou até 9.000 mineiros para a exploração das jazidas de antracite, muito profundas e pouco seguras.

Antes do encerramento, o último administrador da mina referiu-se a "condições de trabalho difíceis", a "frequentes casos de silicone", e a "dezenas de acidentes mortais por ano".

A cidade mineira, durante um longo período conhecida pela sua forte tradição sindical, é hoje uma das cidades mais pobres do país, segundo as estatísticas oficiais. O preço da água e eletricidade é um dos motivos da contestação em Jerada, com os manifestantes a exigirem o acesso gratuito, e as autoridades a proporem facilidades de pagamento para as faturas em atraso.

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