A professora da FBAUP Sofia Ponte contou que a investigação que fez em torno de Etheline Rosas começou com um artigo que estava a realizar para a revista Contemporâneo sobre a relação entre a Faculdade de Belas Artes e a cidade do Porto. ."Nas minhas investigações, encontrei uma menção, algo como uma brasileira que veio de São Paulo e que colaborava com o Fernando Pernes. Aquilo inquietou-me. Fiquei com curiosidade de perceber quem era esta senhora e pus-me a investigar", disse. .Desde janeiro de 2017 que Sofia Ponte tem vindo a recolher informações sobre Etheline Rosas e, apesar de serem poucos os dados sobre o percurso desta mulher em Portugal, foram os arquivos de Caracas, do Rio de Janeiro e de São Paulo que a ajudaram a delinear a investigação, intitulada "Etheline Rosas no Atlas da Arte Contemporânea"..Segundo a investigadora, Etheline Rosas nasceu em 1924 em São Paulo e foi no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM/SP) que começou a gerir algumas exposições e a ter contacto "com várias personalidades ligadas à modernidade progressista brasileira"..A informação que Sofia Ponte recolheu indica ainda que em 1961 foi Etheline Rosas que assegurou a coordenação da participação e exposição do acervo do MAM/SP na 6.ª Bienal Internacional de São Paulo. .Contudo, foi depois se casar, em 1964, com José António Rosas, um empresário português ligado à modernização da produção do vinho do Porto, que Etheline Rosas "começa a dar os primeiros contributos culturais" na cidade do Porto. .De acordo com Sofia Ponte, Etheline Rosas coordenou e programou, entre 1972 e 1974, as atividades da Mini-Galeria do Porto e, em 1975, a montagem da exposição "Levantamento da Arte do Século XX no Porto", mostra que inaugurou o Centro de Arte Contemporânea do Porto (CAC), cuja direção "partilhou" com Fernando Pernes. .Os dados recolhidos pela investigadora indicam ainda que, depois do encerramento do CAC, Etheline Rosas passou a integrar a comissão organizadora do Museu Nacional de Arte Moderna do Porto, que viria a dar origem à atual Fundação de Serralves, tendo desempenhado um "importante papel na descentralização da cultura no país". ."Etheline Rosas manifestou-se contra as várias propostas de localização e apresentou uma declaração de voto onde expõe os desafios museológicos inerentes à criação de um museu público de arte contemporânea", adiantou. .A investigadora lembrou que até à abertura do Museu de Serralves, em 1999, o Parque e a Casa de Serralves estavam em funcionamento, e foi neste espaço que "Etheline Rosas coordenou a primeira equipa de museólogos de Serralves e todas as que se seguiram, até 1992", ano em que se reformou. .Sofia Ponte, que já publicou um artigo sobre Etheline Rosas no "Dicionário Quem é Quem na Museologia Portuguesa", vai, no dia 18 de maio, apresentar as principais conclusões desta investigação no simpósio internacional "Women's Art Dealers 1940-1990", que decorre na Christie's Education, em Nova Iorque.."Espero mesmo que este seja um contributo para integrar o papel precursor desta senhora na história da arte contemporânea portuguesa, mas também da história da mundialização da arte contemporânea", concluiu.