O relatório "Atlas Educação 2017", um projeto de investigação realizado pelo Centro Interdisciplinar de Ciências Sociais da Universidade Nova de Lisboa (CICS.Nova), volta a analisar os resultados escolares dos alunos desde o 1.º ciclo até ao ensino secundário e as razões para o insucesso..O estudo conclui que a formação académica das mães, a presença de alunos imigrantes nas turmas e as condições socioeconómicas das famílias são as características que mais influenciam os resultados académicos..Assim, as melhores notas surgem em turmas nas quais os alunos têm mães com maior formação académica, lê-se no documento a que a agência Lusa teve acesso..Depois da formação das mães, "a variável com maior efeito negativo é a presença de alunos com origem imigrante", conclui o relatório, que aponta a Área Metropolitana de Lisboa e o Algarve como as regiões com maior percentagem de alunos com dupla ou outra nacionalidade e maior concentração em determinadas escolas..O efeito negativo sobre os resultados escolares é considerável e os investigadores falam em "segregação de alunos e escolas" e alertam para a necessidade de encontrar novas medidas que consigam ser eficazes na prevenção da "guetização escolar e social destes alunos".."Se combinarmos os maus resultados escolares com as taxas e a sua concentração num número relativamente reduzido de escolas, arriscamo-nos a falar de segregação de alunos e de escolas, com especial evidência nos três ciclos de ensino básico", refere o relatório..A carência económica familiar é a terceira variável com mais impacto, segundo os investigadores que falam em "segregação escolar das populações carenciadas nos concelhos urbanos com maior número de agrupamentos e escolas"..Apesar de a investigação revelar a importância das variáveis sociais, os investigadores concluem que "mais de metade da variância fica por explicar, o que afasta uma leitura fatalista dos efeitos de contexto social nos resultados escolares"..Assim, independentemente dos contextos desfavoráveis onde se inserem, as escolas podem fazer a diferença, tal como acontece um pouco por todo o país e, em especial, nas periferias das grandes cidades e no norte litoral..Sobre os professores, o estudo revela que tal como as famílias procuram as escolas com melhores desempenhos, também os docentes as procuram em detrimento das escolas em contextos sociais periféricos e mais desfavorecidos: "Há, assim, um duplo efeito de discriminação das escolas"..Olhando para os resultados académicos nas diferente regiões do país, o relatório conclui que, genericamente, o litoral centro e o norte se destacam por níveis mais elevados de sucesso a transição de ano ou conclusão de ciclo no Ensino Básico. Já o interior e sul do território apresenta áreas de comparativamente baixo sucesso logo desde os ciclos iniciais de escolaridade..No caso do 1.º ciclo, por exemplo, o Alto Tâmega, nas áreas de Viseu, Dão e Lafões e das Beiras e Serra da Estrela bem como o Baixo Alentejo são apontadas como as regiões com melhores resultados tendo em conta a situação socioeconómica dos seus alunos. .Já a maior parte dos concelhos de Trás-os-Montes e Algarve, assim como várias zonas da Área Metropolitana de Lisboa e do Alentejo Litoral formam áreas com desempenhos abaixo dos estimados para os alunos do 1.º ciclo segundo os seis contextos socioeconómicos.