Presidente do Conselho Nacional da Juventude pede conferências mundiais mais frequentes

Lisboa, 22 jun 2019 (Lusa) -- O presidente do Conselho Nacional da Juventude, Hugo Carvalho, desafiou hoje os decisores políticos a realizar com periodicidade uma conferência mundial com jovens para construir um desenvolvimento sustentável.
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"Este esforço não vale a pena se acabar amanhã. Só vale a pena se um de vocês puder acolher esta conferência de novo. Não há forma de atingir a agenda do desenvolvimento sustentável sem os jovens, então esta deve passar a ser uma conferência ordinária das Nações Unidas", defendeu.

Hugo Carvalho falava na sessão de abertura da Conferência Mundial de Ministros Responsáveis pela Juventude 2019 e Fórum da Juventude, Lisboa+21, que decorre em Lisboa até domingo.

Este evento acontece 21 anos depois de Portugal ter organizado a I Conferência Mundial de Ministros da Juventude, que levou à assinatura da chamada "declaração de Lisboa", que agora deverá ser atualizada.

Hugo Carvalho destacou o inédito de a conferência de agora debater as questões emergentes da juventude e de o fazer lado a lado com os decisores políticos.

"Gostava que se imaginassem daqui a 21 anos e que não desperdiçassem o talento de quem hoje está sentado ao vosso lado. Chegaram os dias em que teremos de estar do lado certo e hoje é um desses dias", disse, lembrando a emergência climática que colocou novamente o mundo no seu limite, numa referência ao relógio do Apocalipse criado durante a Guerra Fria para advertir sobre os riscos do fim do mundo, que simbolicamente ocorrerá à meia-noite.

Também na sessão de abertura da conferência, o Presidente da República defendeu que "a declaração de Lisboa de 1998, numa parte, foi ultrapassada e por isso é bom que seja aprovada a nova declaração de Lisboa, porque os tempos são outros, porque a aceleração é outra, porque o mundo é mais global".

"Porque é preciso olhar para frente e não fazer, como já foi dito, uma conferência de 21 em 21 anos", disse, concordando com o repto de Hugo Carvalho.

Passando a falar em inglês - tal como tinha feito no início do discurso - Marcelo Rebelo de Sousa garantiu que se a escolha for fazer a nova conferência apenas em 2040, ou seja daqui a 21 anos, e se ainda for vivo, espera estar de novo presente "apenas para ver as caras do sucesso".

Já a enviada do secretário-geral das Nações Unidas para a Juventude defendeu que "Lisboa+21" "é oportunidade única para uma visão comum para o futuro, para que os jovens possam ser envolvidos em tudo o que é determinante para as suas vidas".

Jayathma Wickramanayake alertou que as alterações climáticas se tornaram um risco sistémico premente e os jovens estão já a desenvolver esforços junto dos que tomam decisões.

Cerca de 100 delegações de responsáveis pela área da juventude de todo o mundo reúnem-se entre hoje e domingo em Lisboa numa conferência que abordará o papel da juventude na concretização dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável.

Em debate estará também a crise climática e Portugal apresentou como condição que todas as comitivas fossem compostas por, pelo menos, um jovem.

Decisores políticos e representantes dos jovens estarão lado a lado, de forma inédita, a definir o futuro das próximas gerações.

A União Europeia, a Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) e o espaço ibero-americano estarão presentes em Lisboa, à semelhança de vários outros Estados -- do Cazaquistão à República Dominicana, dos Estados Unidos ao Sudão do Sul, do Butão a Santa Lúcia.

Em 1998, o Governo Português, em cooperação com os parceiros do Sistema das Nações Unidas, organizou a Conferência Mundial de Ministros Responsáveis pela Juventude, que se tornou um marco no trabalho em torno das políticas de Juventude.

Na Declaração final, ministros e demais líderes mundiais presentes comprometeram-se a trabalhar com a Juventude num conjunto de políticas e programas que fossem ao encontro das preocupações dos jovens e melhorassem as suas vidas.

Estes compromissos cobriam as áreas prioritárias do setor, tal como definido no Programa Mundial de Ação para a Juventude, adotado em 1995 pela Assembleia Geral das Nações Unidas.

Agora, os Estados são chamados a intensificar os seus compromissos para integrar a perspetiva da Juventude na implementação da Agenda 2030 e da Conferência Mundial de Ministros Responsáveis pela Juventude 2019 e do Fórum da Juventude "Lisboa+21" resultará uma Declaração renovada.

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