Óbito/Edmundo Pedro: Parlamento presta homenagem ao resistente antifascista na 6ªfeira -- Ferro Rodrigues

O presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, afirmou hoje que o parlamento vai prestar homenagem ao resistente antifascista Edmundo Pedro, na sexta-feira, destacando a circunstância deste histórico socialista ter sido deputado da Assembleia Constituinte.
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Ferro Rodrigues, tal como o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e o primeiro-ministro, António Costa, esteve esta tarde presente nas exéquias fúnebres de Edmundo Pedro, que faleceu no sábado aos 99 anos.

Cerimónias que começaram com uma homenagem na Junta de Freguesia de Alvalade (Lisboa), onde o corpo foi velado, tendo depois o funeral seguido para o cemitério do Alto de São João.

"Convém não esquecer que Edmundo Pedro foi um grande deputado Constituinte. Portanto, além da arma propriamente dita na mão, teve também a arma da palavra", referiu o presidente da Assembleia da República aos jornalistas no final da breve sessão de homenagem que decorreu na Junta de Freguesia de Alvalade.

Ferro Rodrigues aproveitou também para frisar que Edmundo Pedro foi deputado na primeira, na segunda e quinta legislaturas.

"Certamente, na sexta-feira, a Assembleia da República fará a homenagem que se justifica", declarou.

Perante os jornalistas, Ferro Rodrigues falou igualmente sobre o longo percurso político de Edmundo Pedro, que esteve várias vezes preso, incluindo no Tarrafal, em Cabo Verde, a partir de 1936.

"Quem esteve durante toda a sua vida, até aos 99 anos, em combate pela liberdade, pela democracia e pelos seus ideais é alguém que faz muita falta ao país e à democracia", sustentou o presidente da Assembleia da República.

A vida de Edmundo Pedro atravessou dois séculos, duas guerras mundiais e foi um protagonista da luta contra a ditadura salazarista, primeiro no PCP e depois no PS, de que foi fundador.

Edmundo Pedro nasceu em 08 de novembro de 1918, no Samouco, concelho de Alcochete, Setúbal, e começou a trabalhar ainda criança, nas oficinas de uma serralharia e, mais tarde, no Arsenal do Alfeite. E foi praticamente criança, com 13 anos, que entrou na política.

Aderiu ao PCP na década de 1930, onde conheceu Álvaro Cunhal, o líder histórico dos comunistas portugueses, e foi, com o seu pai, Gabriel, um dos primeiros presos políticos do Campo de Concentração do Tarrafal, em Cabo Verde, em 1936.

Afastou-se do PCP em 1945, e participou em vários movimentos armados, para tentar derrubar o regime.

Aderiu ao PS em 1973, convidado pelo líder histórico dos socialistas, Mário Soares (1924-2017), foi deputado por três vezes e presidente da RTP em 1977 e 1978.

Ao longo da sua vida, publicou vários livros, entre eles três volumes de "Memórias: Um Combate pela Liberdade", prefaciadas por Mário Soares, um livro sobre o processo das armas ("O processo das armas"), outro sobre a luta sindical durante a ditadura ("45 anos de luta pela democracia sindical - Reflexões de um militante") e um volume sobre a vida de Francisco de Paula Oliveira, "Pavel - Um Homem não se apaga".

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