Composto pela soprano Teresa Nunes, pelo clarinetista Crispim Luz, a violoncelista Susana Lima e a pianista espanhola Brenda Vidal Hermida, o Quarteto Contratempus vive em 2018 o 10.º aniversário, distinguido pela Agência Nacional de Inovação, com o Prémio Born From Knowledge, e com o terceiro Prémio Indústrias Criativas Serralves/Super Bock..O último diz respeito à peça "As Sete Mulheres de Jeremias Epicentro", uma ópera de câmara criada por Jorge Prendas e Mário Alves, que teve a colaboração da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), na construção de "um instrumento interativo, uma luva cenografada por Sofia Silva", desenvolvida por Hugo Mesquita..Para celebrar o 10.º aniversário, o grupo criou "Variações a partir de um coração", um espetáculo de música com trabalho de encenação e dramaturgia, algo em que se especializaram, que utiliza como inspiração a música tradicional do Norte do país e da região espanhola da Galiza..O quarteto nasceu no seio da Escola Superior de Música e Artes do Espetáculo (ESMAE), no Porto, em 2008, e, desde 2014, tem-se dedicado a trabalhar ópera de câmara, combinando o lado musical com a cena.."Fomos percebendo que não havia muito repertório nesta 'onda', por isso começámos a encomendar, o que nos levou depois a outros caminhos. E também sentimos a necessidade de encenar as peças e criar movimento", explicou à Lusa a soprano Teresa Nunes..O trabalho dramático e de movimento acabou por encaminhar o projeto para a ópera de câmara, com "A Querela dos Grilos", de Fátima Fonte, que inaugurou em 2015 um período que também passou por obras como "Os Dilemas Dietéticos de uma Matrioska do Meio" ou "As Sete Mulheres de Jeremias Epicentro"..Em 2018, o projeto regressa "às origens e à música tradicional", mas o crescimento "tem sido bastante interessante", tanto em Portugal como no estrangeiro, onde começam a dar "os primeiros passos"..Além da circulação de quatro peças diferentes, o objetivo para os próximos anos é de internacionalizar o grupo e pegar na obra mais recente, por ser "de música portuguesa e de ter a particularidade de poder ser apresentada em espaços menos convencionais, e mais pequenos"..Além de Fernando Lapa, compositor da peça que vão estrear na sexta-feira, o coletivo trabalhou ainda com vários autores e músicos, de Jorge Prendas a Morten Lauridsen ou Sérgio Azevedo, além de autores como Regina Guimarães e José Manuel Mendes, num percurso que já levou a apresentações do quarteto a Espanha e Brasil..Em junho de 2019, o Quarteto conta estrear um novo projeto, "Simplex", no Teatro Campo Alegre, numa obra com composição de Telmo Marques e texto de José Topa e Carlos Tê..Com encenação de António Durães, o novo espetáculo terá uma cenografia digital e interativa, da autoria de Hugo Mesquita e da ilustradora Sara Feio, que "vai reagir com os músicos em palco", e abordar, como tema, os incêndios de 2017, numa sequência que propõe "resolver o problema do SIRESP de uma forma divertida"..Por agora, o coletivo está no sítio "onde quer estar, a fazer o trabalho de que gosta", conta à Lusa Crispim Luz, e o sucesso conseguido "a punho, com muito trabalho", não implica pararem de crescer.."Queremos crescer, e isso, para nós, também implica aumentar a equipa, mas também tornar a atividade diária, porque vivemos vidas duplas - a maior parte de nós dá aulas. O Quarteto Contratempus quer tornar-se uma referência na música de câmara, e em específico nesta lógica de encenação", atirou..Outro dos projetos no sentido mais global do grupo é o de "formar públicos, uma área muito importante do setor cultural", continuando a produção de "obras de raiz" e poder "potenciá-las, quase como uma empresa, uma lógica onde entra a internacionalização", considerou o clarinetista.."Variações a partir de um coração", com composições de Fernando Lapa, texto de Eduarda Freitas e encenação de Catarina Costa e Silva, estreia-se pelas 21:30 de sexta-feira, na Casa das Artes, no Porto, onde será exibida também no sábado e no domingo, antes de outras duas récitas, a 29 e 30 de setembro, na biblioteca da Reitoria da Universidade do Porto, no âmbito das Jornadas Europeias do Património.