Instituição que faz ceia de Natal para 800 pessoas no Porto pede "mais habitação social e emprego digno"

O presidente do Centro Cultural e Desportivo dos Trabalhadores da Câmara Municipal o Porto (CCDTCMP), instituição que realiza há uma década uma ceia que junta centenas de carenciados, apelou hoje para a criação de "habitação social e emprego digno".
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"O facto de o Presidente da República ter posto o tema dos sem-abrigo na agenda política é muito importante e no Porto está-se a trabalhar bem. A câmara tem feito uma boa articulação. Mas continuam a faltar habitações. Continuam a faltar casas sociais. E falta o trabalho para que as pessoas consigam recorrer ao seu rendimento e ter a sua dignidade", disse à agência Lusa o presidente do CCDTCMP, Gouveia Santos.

O dirigente preside a uma instituição cujos voluntários montaram esta noite 64 mesas para servir uma ceia de Natal a mais de 800 pessoas em situação de fragilidade.

Gouveia Santos, que repete presença neste evento há cerca de dez anos, questionado sobre se tem notado diferenças de edição para edição, apontou que "o número de convidados varia pouco, mas as características estão a sofrer evoluções".

"A este jantar costumam vir 700, 800 pessoas. Varia um bocadinho e o tempo, a meteorologia, influencia muito isso. Mas não há grande diminuição ou aumento. Mas há uma mudança nas características das pessoas que aceitam o nosso convite para jantar. Temos cada vez mais pessoas que têm dificuldades com a alimentação, ainda que tenham casa. Têm um teto, mas falta-lhes o dinheiro para a comida, os medicamentos, a roupa", disse o responsável, insistindo na questão do emprego.

"As famílias muitas vezes têm boas casas, mas muitas vezes não têm emprego, logo não têm rendimento para fazer face a todas as despesas do dia a dia. É importante que se valorize o trabalho e se garanta que as pessoas ganham o suficiente para as suas necessidades mínimas", referiu.

Em contrapartida, Gouveia Santos disse acreditar que as situações de sem abrigo têm diminuído e, sobre o trabalho para pôr de pé esta ceia de Natal, enumerou à Lusa as dezenas de instituições, juntas de freguesia, associações de solidariedade e grupos que andam no terreno a distribuir comida e refeições, que ajudam o CCDTCMP a trazer os "convidados de honra ao pavilhão".

"As entidades identificam, sinalizam e ajudam na logística antes e depois. E aqui temos cerca de 100 voluntários da casa, trabalhadores da câmara que ajudam no que podem. Mas, se quiséssemos, teríamos 200. Os portugueses e os portuenses são solidários e estão sensibilizados com esta causa", apontou.

Quanto a 'feedback' sobre a iniciativa, o presidente do CCDTCMP diz receber anualmente "comentários gratificantes".

"O nosso trabalho é todo gratuito e, além das dezenas de voluntários, temos dezenas de pessoas que contribuem anonimamente para que este jantar não tenha um custo significativo para uma só entidade. E os nossos convidados vão identificando esta noite como muito especial da vida deles porque não é só comer, é conviver, são os mimos", concluiu.

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