Incêndios: PCP quer conhecer detalhes do investimento no Parque das Serra do Porto

O PCP quer que a discussão sobre os incêndios "deixe o papel e passe para o terreno" e exigirá ao Governo "medidas concretas" e "explicações sobre o investimento" nomeadamente no Parque das Serras do Porto, indicaram hoje deputados comunistas.
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Em declarações à agência Lusa após um dia de visita aos concelhos de Paredes, Valongo e Gondomar, Jorge Machado e Diana Ferreira apontaram que "a grande questão sobre os incêndios não está tanto nos meios e no combate mas na prevenção", resumindo reuniões que tiveram com bombeiros, moradores, juntas de freguesia, associações locais e pequenos produtores.

Os deputados comunistas percorreram hoje o terreno denominado como Parque das Serras do Porto, um território de cerca de 6.000 hectares, que abrange as serras de Santa Justa, Pias, Castiçal, Flores, Santa Iria e Banjas, tratando-se de um projeto que conta com o alto patrocínio do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

"Pessoas muito simples rapidamente chegam a conclusões que estão presentes em relatórios da especialidade da gestão florestal: a prevenção é essencial. Temos décadas e décadas de abandono da floresta e estamos a pagar caro por isso. Agora temos de dar corda aos sapatos para compensar essas décadas de abandono, o que não será fácil", disse Jorge Machado.

O deputado defendeu que "até se pode continuar a falar de pacotes para alteração da floresta e de iniciativas legislativas, mas falta o pacote financeiro que tenha em vista questões concretas".

"Os produtores têm de ser incentivados para que em vez de produzirem eucalipto, plantem carvalhos que demoram três/quatro vezes mais a rentabilizar mas que são quatro/cinco vezes mais resistente ao fogo", exemplificou.

Também Diana Ferreira contou à Lusa que no terreno, em reuniões feitas em pleno Parque das Serras ouviu produtores preocupados com a hegemonia do eucalipto, mas também preocupados com a ideia de que a anulação total desta espécie é a única solução.

"Não é o que queremos. O que o PCP coloca em cima da mesa é a necessidade de equilibrar a floresta e controlar a monocultura do eucalipto", disse a deputada comunista, resumindo o dia de visitas na frase que diz mais ter mais ouvido. "Os incêndios podem-se combater no verão mas previnem-se no inverno".

Relativamente ao Parque das Serras, segundo Diana Ferreira, o PCP questionou o ministro do Ambiente no âmbito da discussão do Orçamento do Estado, tendo recebido da parte da secretária de Estado a resposta de que está previsto um investimento de 700 mil euros.

"Consideramos que para reflorestação e reordenamento da floresta do Parque das Serras, esta verba é insuficiente e falta saber em que é que este valor será investido pelo que ponderamos fazer uma iniciativa na Assembleia da República para perceber esta questão. Os Municípios, as associações e os moradores têm feito esforços para atividades e preservação, mas é possível ir mais longe", considerou a deputada.

Os deputados enumeraram, ainda, outras preocupações e sugestões, destacando a criação de faixas de contenção, bem como a promoção de educação para a proteção civil ou a necessidade de criar melhores acessos nas serras e de "mão firme" para a limpeza de terrenos.

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