Freguesia de Peniche quer afirmar-se como "Capital da Luta contra o Nuclear"
Num despacho datado de 27 de novembro, a que a agência Lusa teve hoje acesso, o instituto (INPI) concedeu a Ferrel, no distrito de Leiria, a marca de "Capital da Luta Contra o Nuclear", requerida pela junta de freguesia.
A população de Ferrel "impediu que o futuro fosse embargado e isso tem de ser relembrado para sempre, esta marca representa o reconhecimento da luta de 1976 do povo", disse à agência Lusa o presidente da junta, Pedro Barata, que pretende fazer do seu principal marco histórico a âncora da estratégia de promoção e desenvolvimento.
Há 42 anos, a população e alguns ativistas locais começaram a ouvir falar de uma central nuclear que estava prevista para a freguesia, organizaram sessões de esclarecimento e exigiram a paragem do projeto.
Como não conseguia ser ouvida, a população concentrou-se junto à igreja m 15 de março de 1976, depois de o sino da então aldeia ter tocado a rebate, por iniciativa de um dos ativistas.
Em marcha de protesto, a população dirigiu-se até à zona onde os promotores da central estavam a fazer grandes "poços de prospeção de água, terraplanagens e a montar uma antena meteorológica", para destruir tudo, recordou um dos ativistas, Isidoro Teodoro, acrescentando que não só o objetivo foi alcançado, como também os trabalhadores fugiram do local e nunca mais regressaram.
O ativista lembrou também que pareceres técnicos, a apontar a existência de uma fissura geológica no Baleal, contribuíram para o sucesso da marcha popular e para a desistência do projeto pelos promotores.
Os terrenos do empreendimento tornaram-se numa importante zona agrícola, uma vez que a criação de poços de água para arrefecimento da futura central permitiu ter água para tornar os campos férteis.
Junto ao local onde estaria prevista a central nuclear existe exploração de energia eólica e está em curso um projeto de energia das ondas, na praia da Almagreira.