Feira sugere ao Governo criação de gabinetes de apoio a emigrantes na Venezuela
Em entrevista telefónica à Lusa, Emídio Sousa explicou que o plano de replicar o gabinete de apoio ao emigrante que existe em Santa Maria da Feira, distrito de Aveiro, serviria para ajudar na legalização de documentos daqueles portugueses na Venezuela que queiram regressar, bem como ajudar a procurar habitação e emprego.
O "plano" foi transmitido ao secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Luís Carneiro, e deverá ser entregue em "papel" ao Governo, disse Emídio Sousa, acreditando que se trata dum "plano simples" e "estratégico" para Portugal.
"Penso que o país tem aqui uma grande oportunidade de trazer pessoas que venham colmatar a nossa baixa natalidade, a nossa taxa de envelhecimento (...), além de estarmos a ser solidários com portugueses ou com lusodescendentes", referiu.
Para o autarca, os gabinetes teriam de ser ágeis e serviriam para prestar assistência a todas as pessoas que querem tratar da legalização em Portugal de uma forma célere, focando-se em ajudar as pessoas a resolver a sua vida.
"Não basta dizer que estamos disponíveis para os acolher, mas depois serem precisos largos meses para eles obterem um documento" e que tem "custos" para pessoas que estão a fugir de um país, "onde o dinheiro deixou de valer" e que "muitas vezes têm muita dificuldade em ter recursos para obter essa documentação", alertou o autarca.
Emídio Sousa observa que ao "fazer corresponder ao discurso a concretização das medidas", para além de Portugal estar a ser solidário, estaria também a promover autoajuda, porque o país precisa de "gente jovem" que está a sair para os países vizinhos da Venezuela e para os Estados Unidos da América.
"É preciso replicar alguns gabinetes, mas depois é preciso dar resposta célere e rápida aos pedidos", defendeu, referindo, por exemplo, que o próprio Serviço de Estrangeiros e Fronteiras teria de estar em sintonia com os gabinetes.
O autarca conta que os lusodescendentes da Venezuela são pessoas que têm "uma cultura e língua muito próxima com a portuguesa" e pode ser "uma grande oportunidade para Portugal ter uma "injeção de jovens e da mão-de-obra que precisa para continuar a fazer descontos para as nossas reformas".
Santa Maria da Feira, distrito de Aveiro, tem uma "profunda proximidade" com a comunidade feirense e portuguesa na Venezuela e, até 2016, todos os anos uma comitiva daquele município viajava até Caracas, capital da Venezuela, para recriar a tradicional festa e procissão das Fogaceiras de Santa Maria da Feira.
A Organização de Estados Americanos (OEA), organismo que reúne 34 países do continente americano, solicitou esta semana uma "reunião urgente" do Conselho Permanente da OEA, para tratar da crise política, económica e social que afeta a Venezuela.
De acordo com informação disponível na página da Internet do município, o Gabinete de Apoio às Comunidades Emigrantes foi criado na freguesia de Lobão em 2003, registando uma média anual de 1.700 atendimentos.