Emigração e 'Brexit' dispersam atenção da UE - Rebeca Grynspan
Rebeca Grynspan falava em Lisboa durante um debate no Auditório do Camões que abriu portas para um diálogo sobre as línguas portuguesa e espanhola no espaço Ibero-Americano, no qual explicou que "a Europa tem estado imbuída não no importante mas sim na emergência", referindo-se aos temas como a emigração e o 'Brexit'.
A economista costa-riquenha explicou que, nos últimos anos, a Europa tem enfrentado "várias crises que a vão distraindo de uma agenda internacional mais ampla", acrescentando: "não perdemos a esperança, já demos passos positivos nesta direção".
"Embora o mundo tenha aprovado a Agenda 2030 em 2015, a realidade é que pouco se passou" desde então, afirmou Grynspan, explicando que isso aconteceu devido às mudanças que ocorreram no mundo entre 2015 e 2018.
"Em 2018 estávamos num mundo muito mais fragmentado, onde houve países que se retiraram do acordo das alterações climáticas (acordado em 2015), estávamos à porta de uma guerra comercial, de protecionismo, entre outras.
A comunidade ibero-americana, como assim a designa Grynspan, decidiu voltar a focar-se no desenvolvimento sustentável que a Agenda 2030 preconiza e que, segundo a responsável, "trata de combater a pobreza e a fome, de diminuir as desigualdades, de criar emprego digno, de combater as alterações climáticas e ambientais", entre outros.
Ao todo, a Agenda 2030 integra 17 objetivos para o desenvolvimento sustentável e Rebeca Grynspan destacou um dos que considera ser mais importante: a educação.
Nesse sentido, a secretária-geral saudou a iniciativa de Portugal em querer realizar um programa ibero-americano para a educação e desenvolvimento.
O presidente do Instituto Camões, Luís Faro Ramos, referiu à Lusa que "Portugal tem manifestado um grande interesse em desenvolver uma linha de atuação na área da educação para o desenvolvimento", assumindo que o país está disposto a trabalhar com os seus parceiros ibero-americanos nesse sentido.
Faro Ramos considerou que "outra área muito importante é a das línguas", uma vez que o português e o espanhol são as duas línguas ibero-americanas que mais estão em expansão atualmente.
O objetivo é que "nos países de língua espanhola, que o português seja ensinado como segunda língua ou como língua estrangeira, e nos países de língua portuguesa que o espanhol seja ensinado como segunda língua", explicou o dirigente.
"Nós gostaríamos muito que, no futuro, todos os países latino-americanos e das Caraíbas tivessem o português como língua no seu sistema público de ensino e é para isso que trabalhamos", concluiu Faro Ramos.