Neurociências homenageaiam descoberta de Egas Moniz que permite reverter AVC

A cada duas horas morrem três pessoas em Portugal por AVC, que é revertível graças à angiografia cerebral descoberta por Egas Moniz em 1927, diz o secretário-geral da Sociedade Portuguesa de Neurorradiologia que lhe dedica a primeira 'Brain Week'.
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Basta que nas primeiras seis horas de manifestação dos sintomas o doente seja encaminhado para o hospital certo, diz o secretário-geral da Sociedade Portuguesa de Neurorradiologia (SPNR), Pedro Melo Freitas, que aconselha a ser acionado sempre o 112.

"O 112 está predestinado a levar o doente para o sítio certo. Se um familiar leva o doente pelos seus próprios meios para um hospital que não dispõe desse tratamento, estão a ser consumidas horas que podem tornar irrecuperável ou levar à morte", explica.

A relevância da descoberta da angiografia cerebral em 1927, por Egas Moniz, faz com que a SPNR lhe dedique a primeira edição da "Brain Week" (Semana do Cérebro), que entre os dias 31 de maio e 06 de junho vai fazer de Aveiro, região onde o cientista nasceu, a "capital das neurociências", com a participação de vários peritos nacionais e internacionais, que se vão desdobrar por Estarreja, Aveiro e Santa Maria da Feira.

Além da temática do AVC (acidente vascular cerebral), com ações para sensibilizar a população para os primeiros sinais de alerta e a possibilidade de tratamento em fase aguda, o encontro científico centrar-se-á também na esclerose múltipla, de que se assinala o dia mundial na data de abertura.

O Congresso Nacional de Neurorradiologia, que decorre nos dias subsequentes, conta com a participação de Alex Rovina, presidente da Sociedade Europeia de Neurorradiologia e perito em esclerose múltipla.

Nesse congresso deverão ser estabelecidos consensos para produzir um documento com vista a uniformizar os critérios de diagnóstico imagiológico e os protocolos terapêuticos.

A esclerose múltipla é uma doença típica do adulto jovem, com maior expressão no sexo feminino e maior prevalência nos países do norte da Europa, que é diagnosticada por uma avaliação clínica, do ponto de vista neurológico, depois dos sintomas referidos pelo doente, e confirmada, quer por dados analíticos laboratoriais, quer por estudos de ressonância magnética, através de neurorradiologia diagnóstica.

"Sabe-se que há um processo inflamatório e degenerativo no sistema nervoso central, mas não se sabe qual é o agente causal. De qualquer das formas, a terapêutica evoluiu muito e hoje temos muitas armas farmacológicas à disposição, que conseguem parar o retardar a evolução da doença", salienta Melo Freitas.

Durante a "Semana do Cérebro e da Neuroradiologia", que vai decorrer em Estarreja, Aveiro e Santa Maria da Feira, repartem-se pelas três cidades várias conferências que terão como palestrantes especialistas nacionais e internacionais na área das Neurociências, nomeadamente da Neurocirurgia, Psiquiatria, Neurologia e Neurorradiologia, contando com o patrocínio científico da Ordem dos Médicos e de instituições de ensino superior com formação ou investigação em Medicina e Ciências da Saúde.

Em homenagem a Egas Moniz, será entregue um "Prémio de Carreira e Tributo à Neurorradiologia" em seu nome e serão apresentados dois livros, resultantes do trabalho conjunto da SPNR com a Casa Museu Egas Moniz: um bilingue, "The legacy of Egas Moniz in present-day Neuroradiology - a global perspective, 90 years after the first cerebral angiography" e outro comemorativo, "Os trilhos da Neurorradiologia depois da primeira angiografia cerebral".

No último dia da "Brain Week", a Casa Museu Egas Moniz em Estarreja, onde o médico nasceu em 1874, abre as portas aos visitantes para um dia especial com visita documentada na área da História da Medicina.

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