Em comunicado, o Conselho Deontológico dos Jornalistas "condena os termos em que uma reportagem, apresentada como sendo sobre violência doméstica, mas suportada exclusivamente num caso, identificando intervenientes e vítimas, foi exibida ontem [quinta-feira] no Jornal das 8, da TVI, e depois retomada no programa Ana Leal, da TVI 24, incluindo uma entrevista telefónica com um dos envolvidos no caso, que usou um filho menor de idade nessa conversa"..O órgão recorda que o Código Deontológico é claro no ponto 8: "O jornalista não deve identificar, direta ou indiretamente, menores, sejam fontes, sejam testemunhas de factos noticiosos, sejam vítimas ou autores de atos que a lei qualifica como crime. O jornalista deve proibir-se de humilhar as pessoas ou perturbar a sua dor"..Ou seja, "a identificação das crianças na reportagem e no programa em causa, contribuindo para ampliar ainda mais e de forma gratuita a exposição das vítimas, não tem qualquer justificação deontológica e ética", considera o órgão. ."Tão-pouco o recurso à ocultação/dissimulação do rosto é suficiente para contornar tal efeito: desde logo porque filhas de protagonistas sociais são facilmente reconhecíveis; mas também porque jamais estas imagens deixarão de estar presentes no espaço público e ninguém tem o direito de impor às vítimas que se confrontem com elas no seu futuro", aponta. ."Apesar de uma tímida reserva inicial, a jornalista acabou por interrogar e manteve ainda no ar uma conversa com um dos menores, em direto, sem que ninguém tivesse o cuidado de desligar imediatamente a chamada", acrescenta o Conselho Deontológico. ."Os jornalistas devem ter em conta que, em circunstâncias muito específicas e devidamente ponderadas, lhes é lícito, e porventura aconselhável, ouvir crianças, salvaguardando sempre escrupulosamente a sua identidade. Mas só devem fazê-lo quando estão plenamente capazes de conduzir a entrevista em condições de absoluta salvaguarda do interesse superior da criança", conclui..A reportagem foi transmitida na quinta-feira e é relativa ao caso do divórcio do ex-ministro da Cultura Manuel Maria Carrilho da apresentadora Bárbara Guimarães.