O documento foi aprovado na sessão plenária com os votos a favor do PS e de seis deputados independentes, e os votos contra de três deputados independentes, PSD, PCP, CDS, BE, PAN, PEV, MPT e PPM..A proposta, que já tinha sido aprovada em julho em reunião de câmara, refere que a empresa "está em condições privilegiadas para executar" programas como "habitação a renda acessível de iniciativa pública, Escola Nova e creches Bê.a.Bá, 'Lisboa, SNS Mais Próximo' e outros equipamentos sociais", bem como obras do programa "Uma Praça em Cada Bairro"..Intervindo na sessão, o deputado municipal do PCP Modesto Navarro defendeu que "a transferência de competências da direção municipal para a SRU [Sociedade de Reabilitação Urbana] não vai trazer transparência, nem benefício e, muito menos, valor para o trabalho do município".."A SRU deveria ser extinta e a responsabilidade das obras devia regressar à CML [Câmara Municipal de Lisboa]", afirmou, acrescentando que, com a aprovação destes estatutos, a empresa ganha "poder de autonomia total, deixando a câmara afastada de decisões e informações importantes sobre a gestão da cidade"..No mesmo sentido, o eleito do PSD Rodrigo Mello Gonçalves advogou que estas alterações vão "esvaziar aquilo que são as competências da câmara em obras municipais".."Com esta nova realidade, na prática teremos o sr. vereador Manuel Salgado que vai licenciar e teremos o sr. presidente da SRU, Manuel Salgado, que vai executar", criticou..Também a deputada Cláudia Madeira, do PEV, considerou que com as alterações aos estatutos da SRU os "projetos e obras públicas vão ser um facto consumado sem qualquer informação, discussão ou participação".."Não acreditamos que a transparência e as boas contas da atividade autárquica se atinjam com a criação e manutenção de mais empresas municipais", acrescentou Mário Freitas, do MPT..O deputado municipal do CDS-PP Francisco Rodrigues dos Santos destacou "que este documento tem zero de estratégia e tem tudo de tática", acrescentando que "esvazia e decreta a falência da técnica de comando da Câmara Municipal de Lisboa"..Aline Beuvink (PPM) considerou que o objetivo da SRU é o "controlo ganancioso de todas as áreas ligadas ao urbanismo e à cidade de Lisboa", e o deputado independente Rui Costa vincou que a AML "não tem mecanismos para fiscalização do setor empresarial local"..A deputada Inês Sousa Real (PAN) disse que "não se compreende uma duplicação de estruturas" e, por seu turno, Manuel Lage (PS) defendeu que o grupo municipal "é favorável a uma empresa que faz obra", acrescentando que este "é um modelo que funciona bem"..Respondendo às críticas, o vice-presidente do município lisboeta, Duarte Cordeiro (PS), notou que a autarquia considera que "a SRU é fundamental para cumprir as opções do Plano 2018-2021".. "Sim, inspirámo-nos noutros exemplos de outros municípios. Aliás, eu não compreendo a gestão autárquica sem sabermos o que se passa no mundo, noutras cidades ou noutras freguesias", concluiu.