Incêndio no Museu Nacional coloca Cultura na agenda das eleições no Brasil
"A catástrofe que afeta o Museu Nacional" equivale a "uma lobotomia na memória brasileira", afirmou a candidata Marina Silva nas redes sociais, lamentando que a coleção que "ajudou a definir a identidade nacional se tornou agora em cinzas".
De acordo com a agência de notícias Efe, a também candidata da Rede Sustentabilidade denunciou que "infelizmente" o incêndio "foi uma tragédia anunciada" dada a "situação das dificuldades financeiras" da Universidade Federal do Rio de Janeiro, responsável pelo museu, e "das demais universidades públicas nos últimos três anos".
O candidato social-democrata Geraldo Alckmin mencionou que, diante da "perda irreparável do maior património museológico brasileiro", é necessário "resgatar o compromisso e garantir permanentemente, com consciência e investimento, a preservação da herança e da memória do país".
"O fogo em larga escala (...) ataca a identidade nacional e entristece todo o país. Neste momento de profunda perda, quero mostrar solidariedade não apenas com os cariocas, mas também com todos os cidadãos brasileiros", acrescentou.
Os bombeiros conseguiram controlar o incêndio que deflagrou hoje Museu Nacional, no Rio de Janeiro, cuja origem ainda é desconhecida, ao fim de seis horas.
A cultura tem sido um tema esquecido durante os primeiros vinte dias da campanha eleitoral para as eleições presidenciais de 07 de outubro de 2018.
Neste primeiro mês de campanha, os candidatos concentram as atenções em particular na economia, no emprego e na corrupção.
Segundo a Efe, o deputado Jair Bolsonaro, que lidera as sondagens de opinião, não se pronunciou, até ao momento, através das redes sociais, sobre o incêndio no Museu Nacional.
O acervo do Museu Nacional do Rio de Janeiro, que foi consumido por um incêndio na madrugada de domingo para segunda-feira, tinha um dos maiores acervos histórico e científico do país, com cerca de 20 milhões de peças.
A instituição, criada há 200 anos, foi fundada por D. João VI, de Portugal, e era o mais antigo e um dos mais importantes museus do Brasil.
Por sua parte, Ciro Gomes, do Partido Democrático Trabalhista, optou por "ajudar e atenuar essa tragédia que o desgoverno no Brasil permitiu passar contra o património histórico mais caro".
O antigo ministro das Finanças, Henrique Meirelles, candidato ao Movimento Democrático Brasileiro (MDB), liderado pelo Presidente Michel Temer, destacou que o Museu Nacional "é a primeira instituição científica do Brasil, criada há 200 anos".
"Além do património inestimável, o edifício em chamas foi palco de momentos decisivos na história do país. Lá viveu a família imperial (portuguesa) e acolheu a primeira Assembleia Constituinte Republicana", explicou.
Na sua conta da rede social Twitter, Henrique Meirelles acrescentou que "a história e a cultura são essenciais para entender o presente e criar um futuro de progresso para o país".
O senador Álvaro Dias, do Podemos, descreveu o episódio como uma "tragédia", enquanto o líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos, se sentiu "muito triste" e denunciou os cortes na cultura.
"Os cortes criminais de Temer em recursos culturais e investimentos estão a condenar o nosso futuro e a destruir o nosso passado", afirmou Guilherme Boulos.
Fernando Haddad, candidato a vice-Presidente do Partido dos Trabalhadores (PT), lembrou episódios semelhantes que ocorreram nos últimos anos com outros edifícios históricos.
"Instituto Butantã, Museu da Língua Portuguesa, Escola de Artes e Ofícios, Museu do Ipiranga e agora o Museu Nacional. Negligência lamentável com a herança histórica", disse o antigo ministro e ex-autarca de São Paulo.
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