'Fake News': Desinformação no Facebook dos 'coletes amarelos' com mais de 105 milhões de visitas - ONG
As 'notícias falsas' que circularam através das páginas da rede social Facebook dos 'coletes amarelos' receberam mais de 105 milhões de visitas, segundo a organização Avaaz, que publicou hoje um estudo para avaliar a extensão do fenómeno.
"Este grande número mostra que o movimento dos 'coletes amarelos' foi contaminado pela desinformação", frisou o diretor da campanha da organização não-governamental Avaaz, Christoph Schott, em comunicado.
Para Schott, esta conclusão deve despertar o alarme antes das eleições europeias de maio que, em sua opinião, se afiguram como "o teste final para o sistema imunológico das nossas democracias".
Uma equipa de especialistas analisou as 100 notícias falsas mais partilhadas em páginas do Facebook e grupos desse movimento de oposição ao Presidente francês Emmanuel Macron, que surgiu em meados de novembro.
Um exemplo, que teve mais de 3,5 milhões de visitas, foi a difusão de imagens de supostos participantes em manifestações dos 'coletes amarelos' ensanguentados quando, na verdade, a principal foto foi tirada em Madrid em 2012.
Também teve muito eco (5,7 milhões de visitas) um vídeo que aparecia Macron a dançar música oriental e que foi divulgado como se tivesse acontecido "enquanto a França está a sofrer", embora tenha sido gravado um mês antes, durante a sua participação numa cimeira da francofonia na Arménia.
Com base nesses resultados, a organização não-governamental insistiu que as plataformas de redes sociais deveriam trabalhar com verificadores de dados e retificar as notícias falsas para "vacinar as pessoas contra as mentiras e o ódio diante das eleições da UE".
A Avaaz também examinou o papel desempenhado pelo canal de televisão RT, "apoiado pelo Governo russo", por ter aproveitado os protestos 'coletes amarelos' para "aumentar a sua audiência".
O RT foi o meio de comunicação mais visto no Youtube durante a coberura dos protestos, a tal ponto que registou o dobro das visitas do Le Monde, Le Observateur, Le Huffington Post, Le Figaro e France 24 juntos.
As 'fake news', comummente conhecidas por notícias falsas, desinformação ou informação propositadamente falsificada com fins políticos ou outros, ganharam importância nas presidenciais dos EUA que elegeram Donald Trump, no referendo sobre o 'Brexit' no Reino Unido e nas presidenciais no Brasil, ganhas pelo candidato da extrema-direita, Jair Bolsonaro.
O Parlamento Europeu quer tentar travar este fenómeno nas eleições europeias de maio e, em 25 de outubro de 2018, aprovou uma resolução na qual defende medidas para reforçar a proteção dos dados pessoais nas redes sociais e combater a manipulação das eleições, após o escândalo do abuso de dados pessoais de milhões de cidadãos europeus.