CRONOLOGIA: MPLA/Congresso: Principais acontecimentos desde a fundação do partido
No VI Congresso extraordinário do partido, no sábado, o chefe de Estado angolano, João Lourenço, e atual vice-líder do MPLA, é o único candidato à sucessão de José Eduardo dos Santos, que abandona a vida política ativa após 39 anos à frente da força política que está no poder em Angola desde a independência, em 1975.
Síntese dos principais acontecimentos ligados direta ou indiretamente ao MPLA.
1956
- 10 de dezembro - um grupo de angolanos deu a conhecer o Manifesto do amplo Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), apelando para a constituição, em todo o país, de organizações independentes entre si, de modo a poderem resistir melhor e iludir a vigilância das forças coloniais. Esta é considerada a data oficial da fundação do MPLA.
1958
- dezembro - Fundação da União dos Povos de Angola (UPA)
1960
- 31 de janeiro de 1960 - Fundação do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), sob a liderança de António Agostinho Neto.
- 01 de julho - Organização das Nações Unidas (ONU) deixa de reconhecer as províncias ultramarinas portuguesas como parte integrante de Portugal e passou a impor a autodeterminação por considerá-las territórios não autónomos.
1961
- 11 de janeiro - Início, na povoação de Milando (Malange), de uma sublevação de cariz laboral na Baixa do Cassange
- 04 de fevereiro - Graves distúrbios em Luanda com assaltos à cadeia de S. Paulo, à Esquadra da Polícia Móvel e à Casa de Reclusão de Luanda. Nesses assaltos, liderados por nacionalistas angolanos ligados ao MPLA, foram mortos vários agentes da PSP. O ataque à cadeia de São Paulo é visto como o início da Guerra Colonial, para Portugal, e da luta pela independência, para os nacionalistas angolanos.
- 21 de abril - Embarque para Angola do primeiro contingente militar português.
1962
- 27 de março - UPA coliga-se com o Partido Democrático Angolano (PDA) e cria a Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA)
1966
- 13 de março - Fundação da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA).
1972
- 13 de dezembro - Assinado "Acordo de Kinshasa" (capital do então Zaire, atual República Democrática do Congo), em que MPLA e FNLA se unem, sob os auspícios da ONU.
1974
- 25 de abril - Golpe de Estado em Portugal derruba o regime de Marcelo Caetano e Américo Tomás.
- 11 de novembro - Assinado Acordo do Alvor, em que Portugal concede a independência a Angola.
1975
- 15 de janeiro de 1975 - Três movimentos de libertação de Angola (MPLA, FNLA e UNITA) e o Estado português assinam o Acordo de Alvor, que estabeleceu os parâmetros para a partilha do poder.
- 31 de janeiro - Toma posse Governo de Transição de Angola constituído por representantes de Portugal, da FNLA, MPLA e da UNITA, presidido de forma colegial por Johnny Eduardo Pinnok (FNLA), Lopo do Nascimento (MPLA) e José Ndele (UNITA).
- 10 de novembro - Comité Central do MPLA aprova a Lei Constitucional da República Popular de Angola.
- 11 de novembro - Dia da Independência. Agostinho Neto (MPLA) proclama a independência da República Popular de Angola em Luanda. Holden Roberto (FNLA) afirma a independência da República Popular e Democrática de Angola no Ambriz. Jonas Savimbi (UNITA) faz o mesmo no Huambo. O Brasil é o primeiro país a reconhecer a República Popular de Angola e o governo do MPLA.
- 27 de novembro - A FNLA e a UNITA anunciam no Huambo a constituição de um governo de coligação.
1976
- 23 de fevereiro - Portugal é o 82.º país a reconhecer a República Popular de Angola e o Governo do MPLA.
1977
- janeiro - O MPLA, apoiado pelos cubanos, usa lança-chamas e bombas de napalm na zona de fronteira com a Namíbia contra posições da UNITA. Dez mil pessoas procuram refúgio na Namíbia e 16 mil refugiados angolanos chegam à Zâmbia. É visto como o início da guerra civil angolana, que iria terminar, com alguns cessar-fogos momentâneos, apenas em 2002.
- 27 de maio - Um grupo do MPLA, encabeçado por Nito Alves desencadeia um alegado golpe de Estado. A linha afeta a Agostinho Neto mantém o poder, com o apoio dos cubanos. Na sequência do alegado golpe, são feitas várias purgas e perseguições a opositores internos e o MPLA, no seu primeiro congresso, assume-se como partido marxista-leninista, adotando o nome MPLA-PT (Partido do Trabalho).
1979
- 10 de setembro - Presidente angolano, Agostinho Neto, morre em Moscovo.
- 20 de setembro - O ministro da Planificação, José Eduardo dos Santos, toma posse como Presidente da República.
1980
- 11 de agosto - Aprovadas alterações na Lei Constitucional da República Popular de Angola, que consagra o marxismo-leninismo.
1987
- Junho - MPLA e os Estados Unidos iniciam negociações, com a discordância de Havana, para a saída das forças estrangeiras do país.
1988
- 14 de fevereiro - A UNITA e as forças da África do Sul atacam as bases do MPLA no Cuito Cuanavale, província de Cuando Cubango, dando origem à segunda maior batalha da História do continente africano, depois da Batalha de El Alamein, no Egito, durante a II Guerra Mundial, e a maior da África subsaariana.
- 08 de agosto - África do Sul, Cuba e Angola aceitam o cessar-fogo depois de negociações em Genebra e Nova Iorque.
- 22 de dezembro - Na sequência das negociações, é assinada a independência da Namíbia e o fim definitivo do envolvimento de forças estrangeiras no conflito angolano.
1989
- janeiro - Chegam a Angola os primeiros efetivos das forças de manutenção de paz da ONU.
- 22 de junho - Novo acordo de cessar-fogo, subscrito por todas as partes. Um mês depois, José Eduardo dos Santos queixa-se da continuação do apoio sul-africano à UNITA e o MPLA toma posições no sul do país, contra Mavinga, sob controlo da UNITA.
1991
- 26 de março - Governo de Luanda aprova a instauração do multipartidarismo.
- 31 de maio - Assinatura do Acordo de Bicesse pelo governo do MPLA e pela UNITA, que previa o cessar-fogo, constituição do exército único e realização de eleições gerais, sob a supervisão das Nações Unidas.
- 03 de outubro - Jonas Savimbi chega a Luanda, sendo recebido pelo Presidente Eduardo dos Santos.
1992
- maio - MPLA altera estatutos no seu 3.º Congresso Extraordinário, transformando-se num movimento democrático, de sufrágio direto.
- 16 de setembro - MPLA aprova uma nova Constituição, que seria atualizada após as eleições gerais.
- 29 de setembro - Eleições presidenciais e legislativas. MPLA ganha com maioria absoluta, com a UNITA em segundo lugar. José Eduardo dos Santos foi o mais votado na primeira volta das presidenciais.
- 02 de outubro - Savimbi declara as eleições fraudulentas e ameaça regressar à guerra.
- 19 de outubro - ONU valida eleições, considerando-as "genericamente livres e justas".
- 31 de outubro - Começam confrontos violentos em Luanda, que duram três dias. Vários altos dirigentes da UNITA são mortos, entre os quais o vice-presidente, Jeremias Chitunda, e o chefe da representação do movimento do "Galo Negro" na Comissão Conjunta Político-Militar e sobrinho de Savimbi, Elias Salupeto Pena. A escalada de guerra torna-se incontrolável, refugiando-se a UNITA no Huambo, onde tinha concentrado o quartel-general.
1993
- 19 de maio - EUA reconhecem a República de Angola e o governo do MPLA.
1994
- 20 de novembro - Assinatura do protocolo de Lusaca para a desmobilização das tropas do MPLA e da UNITA, formação de um governo de unidade e de reconciliação nacional.
1997
- 11 de abril - Empossado Governo de Unidade e Reconciliação Nacional, dirigido por Fernando França Van-Dúnem e incluindo 28 ministros, 58 vice-ministros e um secretário de Estado. O executivo abrange todas as formações políticas nacionais com assento no parlamento, incluindo quatro ministros e sete vice-ministros da UNITA.
1998
- 26 de outubro - Nações Unidas acionam um conjunto de sanções internacionais contra a UNITA, como forma de pressionar Savimbi a aceitar o Protocolo de Lusaca.
- novembro - Exército governamental lança ofensiva de grande escala contra a UNITA no Cuito, Huambo e Malange e operações no Cuanza Sul e Norte, Uíje, Lunda Norte e Cuando-Cubango.
1999
- 26 de abril - Autoridades angolanas emitem um mandado de captura para Savimbi.
- 24 de junho - ONU decide pôr fim à missão no país devido ao recomeço da guerra.
2000
- 30 de novembro - O Parlamento angolano aprova uma lei de amnistia aplicável aos elementos da UNITA e ao líder. O movimento do "Galo Negro" rejeita a lei e mantém a exigência de negociações diretas.
2002
- 18 de fevereiro - O exército angolano anuncia a tomada de bases da UNITA na província do Moxico, onde Savimbi se encontra.
- 22 de fevereiro - Morte de Jonas Savimbi. O governo anuncia que as forças governamentais abateram Savimbi na província do Moxico.
- 15 de março - Data do início oficial das negociações sobre as chefias militares das duas partes. Em Luena, o general Geraldo Nunda (MPLA), e o general Abreu Muengo ""Kamorteiro"" (UNITA) acordam um cessar-fogo.
2007
- 01 de janeiro - Entrada de Angola na Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP).
02 de agosto - Morre Holden Roberto, líder histórico da FNLA, aos 84 anos.
2008
- 01 de agosto - O Governo angolano e o Fórum Cabindês para o Diálogo (FCD) assinam no Namibe, sul de Angola, o Memorando de Entendimento para a Paz e Reconciliação em Cabinda, após mais de 30 anos de conflito armado. O líder histórico da Frente de Libertação do Enclave de Cabinda (FLEC), N'Zita Tiago, rejeita o acordo.
- 05 de agosto - Eleições legislativas em Angola, naquela que é a primeira consulta popular após o fim da guerra civil. José Eduardo dos Santos é indicado para Presidente pelo MPLA, que obteve 82% dos votos. A UNITA obtém 10% e o Partido de Renovação Social consegue 3,14%.
2009
- 29 de setembro - Fundo Monetário Internacional e Angola assinam um acordo de financiamento para ajudar o país a cumprir a sua balança de pagamentos. O crédito permite acesso a uma verba de 1,3 mil milhões de dólares.
2010
- 27 de janeiro - Aprovada nova Constituição que consagra o regime presidencialista. O Presidente passa a ser o cabeça-de-lista do partido mais votado no círculo nacional, em eleições gerais.
2012
- 31 de agosto - O MPLA, liderado por José Eduardo dos Santos, vence as eleições gerais com 72% dos votos. A UNITA, liderada por Isaías Samakuva, consegue 18%, e a Convergência Ampla de Salvação de Angola - Coligação Eleitoral - (CASA-CE), de Abel Chivukuvuku, atinge os 6%.
2014
- 16 de outubro - Angola é eleita para o Conselho de Segurança da ONU.
2016
- agosto - José Eduardo dos Santos é reeleito, em congresso, presidente do MPLA e João Lourenço ascende a vice-presidente do partido.
- dezembro - A Rádio Nacional de Angola noticia que o Presidente José Eduardo dos Santos não se vai recandidatar nas eleições de agosto de 2017. O então ministro da Defesa Nacional e já vice-presidente, João Lourenço, acabaria por ser aprovado como candidato do MPLA a 03 de fevereiro de 2017.
2017
- 26 de abril - O Presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, convoca eleições gerais para 23 de agosto e reitera que não se candidata.
- 23 de agosto - MPLA vence as eleições presidenciais com 61,7% dos votos e João Lourenço é eleito presidente de Angola. MPLA mantém a maioria no Parlamento, ao eleger 150 deputados. UNITA fica em segundo lugar e elege 51 parlamentares, à frente da CASA-CE (16), do Partido de Renovação Social (PRS - dois eleitos) e da Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA - apenas um).
- 26 de setembro - João Lourenço toma posse como terceiro Presidente de Angola.
José Eduardo dos Santos abandona a Presidência que ocupou durante 38 anos e indica que vai manter-se na liderança do MPLA até à realização de um congresso.
2018
- 08 de setembro - VI Congresso Extraordinário do MPLA destinado exclusivamente a proceder à passagem de testemunho na liderança do partido.
João Lourenço é o único candidato à sucessão de José Eduardo dos Santos, que lidera o partido há 39 anos.