Cinco crianças angolanas da mesma família feridas em explosão de mina
Segundo um familiar, as crianças deslocaram-se à mata para caçar, tendo no local deparado com o objeto, que usaram para brincar.
"O engenho explodiu e causou ferimentos nas cinco crianças", explicou o pai de um dos menores em declarações à rádio pública angolana.
Já o médico de serviço no Hospital Geral do Lobito, Francisco Taba, disse que o quadro clínico das crianças é estável, registando neste momento "uma boa evolução".
"O rapaz de 14 anos chegou praticamente ao nosso banco de urgência já sem a mão direita. Foi transferido para o bloco operatório, onde se fez uma correção cirúrgica. Possivelmente vamos transferir um deles para o Hospital Geral de Benguela", referiu o médico.
Os acidentes com minas em Angola ainda são recorrentes, fruto de mais de três décadas de guerra civil com vários intervenientes.
O último incidente relatado na imprensa ocorreu em maio passado, causando ferimentos a nove crianças na província do Bié, centro do país.
Também em maio deste ano, o diretor do Instituto Nacional de Desminagem (INAD) angolano, brigadeiro José Domingos Oliveira, indicou que, em 2018, as minas estiveram na origem de 28 acidentes, que causaram a morte a 19 pessoas, oito delas crianças, e ferimentos, alguns deles graves, noutras 45 pessoas, 30 também crianças.
Por outro lado, o mais recente relatório do Landmine Monitor, elaborado pela organização não-governamental Campanha Internacional para a Abolição de Minas, manteve como "grave" a situação em Angola.
Desde o fim da guerra civil, em 2002, foram desminados cerca de 2.000 campos, estando identificados outros mil por "limpar", processo que já custou mais de 500 milhões de dólares (445 milhões de euros).
A 20 de novembro de 2018, após a divulgação, em Genebra (Suíça), de um anterior relatório do Landmine Monitor, Angola pediu uma extensão do prazo até janeiro de 2026 para eliminar as então 1.465 áreas minadas, totalizando 221,4 quilómetros quadrados.
Angola continua entre os 11 países com maior área contaminada - mais de 100 quilómetros quadrados do total do território.
Em abril de 2018, aquele país lusófono reportou um total de 147,6 quilómetros quadrados de áreas minadas - 89,3 quilómetros quadrados de áreas perigosas confirmadas e 58,3 quilómetros quadrados de áreas suspeitas perigosas, indica o relatório.