Arquitetura Paisagista em Évora sem novas vagas em 2019/2020 por falta de alunos

Évora, 15 abr 2019 (Lusa) -- A licenciatura em Arquitetura Paisagista na Universidade de Évora (UÉ), com quase 40 anos, não vai abrir novas vagas no próximo ano letivo, por falta de alunos, disse hoje a reitora, rejeitando, contudo, o fecho do curso.
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"O curso está acreditado e não é para fechar", mas a decisão de não abrir vagas para o 1.º ciclo [licenciatura] no ano letivo 2019/2020 "é para refletir naquilo que se pode fazer" para atrair mais alunos, explicou à agência Lusa a reitora da UÉ, Ana Costa Freitas.

A decisão, assinalou, foi tomada "em reunião da reitoria com os diretores das escolas", em que anualmente é definida "a oferta formativa que irá abrir no ano seguinte".

O curso de Arquitetura Paisagista, criado em 1980 na UÉ, apesar de ter "grande tradição" na instituição e ter sido "pioneiro no país", tem sofrido, "nos últimos anos, uma grande quebra de alunos, nomeadamente no ano passado", na fase nacional de acesso para o ano 2018/2019, afirmou.

"Na 1.ª fase teve zero alunos e, depois, no final das três fases teve dois alunos para o primeiro ano", indicou a reitora, referindo que, noutras universidades do país, o número de alunos também tem descido, mas menos.

Como exemplo, e sem se demorar a abordar os casos de universidades centrais como as do Porto e Lisboa, que "têm tido quebra, mas não são números tão fortes", Ana Costa Freitas assinalou que as universidades de Trás-os-Montes e Alto Douro e do Algarve, "mesmo assim, no ano passado, tiveram 11 e 15 alunos".

"É uma diferença grande para a Universidade de Évora", comparou, insistindo que "a descida vem dos últimos anos".

Em 2015, "aliás, o curso, com 10 alunos, só abriu porque foi pedida uma exceção ao ministério, por ser um curso com quase 40 anos e ter tido sempre muito êxito, com uma quantidade grande de alunos inscritos. Antes tinha 25 vagas e sempre médias muito elevadas", recordou a reitora.

Uma situação que "deixou de acontecer" e que exige uma "paragem para refletir", porque "não faz sentido insistir na abertura de vagas para um curso sem analisar aquilo que está subjacente" a este decréscimo de alunos, defendeu.

A decisão de não abrir vagas no ano letivo de 2019/2020 para Arquitetura Paisagista na Universidade de Évora foi noticiada hoje pelo jornal Público, que titula que "Évora fecha curso histórico".

Segundo o jornal, pela "mão" de Gonçalo Ribeiro Telles, o curso abriu como bacharelato e Planeamento Biofísico e Paisagístico, em 1975, passando a licenciatura em Arquitetura Paisagista em 1980.

Ana Costa Freitas, que considerou que a suspensão de abertura de novas vagas "não é nada de dramático, mas é desagradável", insistiu à Lusa que este "vai ser um ano para reflexão sobre o que se pode e deve fazer" em relação ao curso.

"O departamento tem de apresentar um plano estratégico para a divulgação, para alteração do currículo, para encontrar novos públicos, para aquilo que vier a ser decidido. O que é preciso é parar para pensar", argumentou.

O ciclo de licenciatura "que já está a funcionar vai prosseguir", disse Ana Costa Freitas, indicando que "vão continuar a abrir vagas" em 2019/2020 para os mestrados e doutoramentos em Arquitetura Paisagista.

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