A importância dos livros para entender o mundo e enriquecer a vida em duas novas edições

A importância dos livros para a compreensão do mundo e para o enriquecimento da vida é tema de duas obras distintas a serem editadas este mês pela Cavalo de Ferro e pela Tinta-da-China.
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"Uma Biblioteca da Literatura Universal", do Prémio Nobel da Literatura Hermann Hesse, editado pela Cavalo de Ferro, "é um livro inédito em português destinado a todos os leitores que pretendam iniciar ou aprofundar o seu conhecimento na arte da leitura", explica a editora.

"Leituras para um século", editado pela Tinta-da-China, com lançamento previsto para dia 15, parte do pressuposto de que a leitura transforma o modo de olhar o mundo.

Hermann Hesse parte da assunção de que os livros são fonte de satisfação, de alegrias e de conhecimento, enriquecendo a vida e aumentando o valor da existência de cada pessoa, e faz, no conjunto de textos de "Uma Biblioteca da Literatura Universal", uma visita guiada "pela floresta de papel da literatura", que conduz à "magia do livro".

Nesta obra, o autor de "Siddhartha" procura dar uma resposta aos leitores que já se sentiram perdidos na "floresta densa e por vezes hostil que é o mundo os livros e da literatura", indecisos quanto ao que ler ou como encontrar o livro que secretamente procuram.

Para tal, explica e ilustra o que significa encontrar um livro --- "acontecimento que pode ser tão ou mais importante do que o encontro com outra pessoa" --, ajuda na criação de uma biblioteca pessoal, sugere livros incontornáveis, explica porque se deve travar conhecimento com eles, e reflete sobre o universo da leitura e da escrita.

"Aquilo que nos deve importar não é termos lido e conhecer o mais possível mas sim, através de uma escolha livre e pessoal de obras-primas às quais nos dedicaremos plenamente nas nossas horas livres, fazermos uma ideia da grandeza e da abundância daquilo que o homem pensou e desejou, e de nos situarmos numa relação de vivificante conformidade com a soma das coisas, com a vida e com o pulsar da humanidade", escreve Herman Hesse.

O próprio autor assume, num dos textos, ser um "amigo da literatura universal", que leu "cerca de dez mil livros, vários deles várias vezes".

Para o escritor, "a leitura não deve, de modo algum, 'distrair-nos' mas sim concentrar-nos; não nos deve fazer esquecer uma vida sem sentido, nem aturdir-nos com uma consolação ilusória, antes devendo, pelo contrário, contribuir para dar à nossa vida um significado sempre mais elevado e mais pleno".

Um pouco na mesma linha, "Leituras para um século" reúne um conjunto de textos, assinados por João Caraça, Gustavo Cardoso e Sandro Mendonça, que defendem a ideia de que o ser humano pode influenciar ativamente o mundo que o rodeia, através dos livros que escolhe para ler.

Igualmente, os autores consideram que, através da leitura de determinados livros, as pessoas se podem transformar a si próprias e que o universo e o entendimento sobre ele se expandem, quando se toma contacto com certas ideias de certos pensadores (filósofos, biólogos, políticos, cientistas sociais, romancistas, entre outros).

"O mundo compreende-se através da leitura de livros - mesmo na Era da Informação e da sociedade em rede. E este é um livro sobre livros, que procura responder a uma inquietação eterna: como perceber o mundo em que vivemos, moldá-lo e vivê-lo?", escrevem os autores, na introdução.

Este livro é simultaneamente uma lista: uma lista de livros, escolhidos porque ajudam a compreender a evolução humana, não a natural, mas a social, cultural, económica e política das próximas décadas, acrescentam.

Discorrendo sobre a importância das listas para organizarem o caos -- e citando Umberto Eco, que afirmou que as listagens são a chave do sentido das coisas --, os autores sublinham que "as melhores listas são, provavelmente, aquelas que nos falam de coisas que podem mudar o nosso mundo para melhor", ou seja, de livros que selecionaram, cuja leitura suscitou reflexões que são vertidas nestes textos.

No entanto, a lista de livros reproduzida nesta obra "traz consigo uma vertigem infinita, tal como só a leitura de um livro pode ser", já que "o mesmo livro lido por duas pessoas, nunca produz as mesmas interpelações, os mesmos pensamentos, as mesmas mudanças".

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