200.000 manifestantes paralisam a capital económica indiana Mumbai
Numerosos estabelecimentos na parte sul de Mumbai foram encerrados e o tráfico desviado enquanto os manifestantes, provenientes na sua maioria das zonas rurais do estado de Maharashtra (oeste) ocuparam as ruas com uma maré de bandeiras e faixas cor de açafrão.
Um porta-voz da polícia de Mumbai declarou à agência noticiosa France-Presse (AFP) que cerca de 200.000 pessoas participaram na marcha, que paralisou o tráfego rodoviário e ferroviário, enquanto os manifestantes provenientes da comunidade marathe exigiam as suas reivindicações.
"Pretendemos que sejam reservados postos para a comunidade marathe nos empregos governamentais e instituições educativas, e uma redução das dívidas dos agricultores", declarou à AFP Bhaiya Patil, um dos organizadores.
A Índia garante empregos para as castas inferiores com o objetivo de combater a discriminação que as penaliza, mas esta política tem provocado o ressentimento de outras comunidades que se queixam de ser marginalizadas.
O ministro-chefe do estado de Maharashtra, Devendra Fadnavis, respondeu hoje com uma promessa de "contactos regulares" com a comunidade marathe.
Os pedidos de quotas para os empregos governamentais e universitários, muito procurados, aumentaram com o aumento do desemprego e a degradação das condições de vida nas zonas rurais.
Em junho, o governo de Maharashtra decidiu eliminar as dívidas dos seus agricultores num valor que terá ascendido a quatro mil milhões de euros, após 11 dias de manifestações que bloquearam os abastecimentos a Mumbai.
Maharashtra é um dos estados da Índia onde a atividade agrícola é o setor mais importantes, mas assolado nos últimos anos por fracas colheitas e pouca precipitação.
O sobre-endividamento dos agricultores é um problema grave na Índia, e responsável desde há anos por uma vaga de suicídios. Segundo os números oficiais, 1.417 agricultores já puseram termo à sua vida em 2017.
A Índia possui cerca de 260 milhões de agricultores e operários agrícolas, e quando metade da sua população ainda vive nas zonas rurais. A agricultura representa 17% do PIB do país. Os agricultores têm pressionado o Governo para a obtenção de ajudas, e com frequência através de manifestações.