Museu sai à rua no Caramulo e traz máquinas históricas para a estrada

Cerca de uma dezena de viaturas, da coleção do Museu do Caramulo, vão estar acessíveis ao público. Boa altura para conhecer histórias como a do Rolls-Royce que já transportou papas e rainhas em Portugal.

"Ver, ouvir, cheirar e até passear no lugar de passageiro em máquinas cheias de história". Esta é a proposta do Museu do Caramulo para este sábado, dia em que se realiza a iniciativa "O Museu na Rua". Entre as 10h00 e as 18h00, cerca de uma dezena de viaturas, algumas com mais de 100 anos, vão sair das instalações do museu local para circular nas ruas da vila beirã, do distrito de Viseu, permitindo ao público ter contacto direto com verdadeiras relíquias da história automóvel.

"Os carros vão saindo à rua ao longo do dia, um ou dois de cada vez, enquanto os outros vão sendo preparados para rodar. Andam à volta na vila ou sobem a serra, conforme a capacidade e ritmo de cada automóvel. É um programa de dia inteiro. E todos os carros têm uma história para conhecer", destaca Salvador Patrício Gouveia, o diretor do Museu do Caramulo, espaço que já conta com quase 70 anos de história e que tem no seu espólio coleções de arte antiga, moderna e contemporânea, brinquedos, motas, velocípedes e um vasto número de automóveis que vão desde o final do século XIX (como uma réplica licenciada pela Mercedes de um Benz Dreirad, de 1886) ao século XXI (um Peugeot 207 S2000, preparado para ralis).

Entre os carros que estarão na estrada amanhã, destaca-se, por exemplo, o Rolls-Royce Phantom III (1937), que foi adquirido em 1957 pelo Estado português com vista à receção à rainha Isabel II (naquela que foi a primeira de duas visitas da antiga monarca britânica a Portugal) e que, posteriormente, ficou ao serviço da Presidência da República, tendo transportado personalidades como o presidente norte-americano Dwight D. Eisenhower e os papas Paulo VI e João Paulo II, antes de ser doado ao Museu do Caramulo.

O Fiat 600 Multipla (1958), considerado o primeiro exemplo mundial do conceito de monovolume - marco da inovação do fabricante italiano devido a características (hoje tão comuns) como o rebatimento dos bancos para que se pudesse dormir no interior da viatura - e o Delahaye 43 PS (1913), uma autobomba da marca francesa (começou como fabricante de máquinas agrícolas) que entrou pela primeira vez ao serviço em 1914, tendo sido entregue aos bombeiros voluntários "Os Lisbonenses" que a batizaram de "A Catarina", são outros dos carros presentes nesta edição de "O Museu na Rua".

Quem quiser terá também a possibilidade de ter uma experiência mais imersiva, comprando para esse efeito um voucher, que custa 34,90 euros, na loja online do museu ou então no local, no próprio dia. "Dá acesso a um passeio nos automóveis, pilotados pela nossa equipa, que dá sempre uma explicação técnica e histórica sobre cada veículo. Os mais novos recebem um certificado do museu que comprova que andaram naqueles automóveis, para que possam mais tarde recordar", diz Salvador Patrício Gouveia.

"O Museu na Rua" tem lugar duas vezes por ano, na primavera e no outono, e faz parte do leque de iniciativas do Museu do Caramulo para o setor automóvel, juntando-se a eventos como a Corrida dos Fundadores ou o Caramulo Motorfestival, organizado em parceria com o Automóvel Club de Portugal e considerado o maior festival motorizado em Portugal. Na sua última edição, em setembro, atraiu mais de 40 mil visitantes a esta região do interior do país.

pedro.sequeira@dn.pt

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