Receber um evento como a Web Summit “dá notoriedade ao Parque das Nações e dá notoriedade a Lisboa”. Mas, apesar da visibilidade nacional e internacional, os cerca de 70 mil participantes “obrigam” a alterar as rotinas dos moradores e a adaptações do espaço que começam muito antes dos quatro dias da conferência que termina hoje. E “mexe” com muita da organização do espaço, desde a retirada de pilaretes, ciclovias, reposição de candeeiros. Além da exigência da Junta de Freguesia do Parque das Nações para que os limites do recinto não se aproximem das zonas residenciais..“O impacto que tem na nossa vida é significativo”, reconhece o presidente da junta, Carlos Ardisson, que procura garantir o equilíbrio entre o incómodo para a população e o sucesso de um evento internacional que considera de grande importância para a cidade de Lisboa. .Ao DN, o responsável da Junta de Freguesia do Parque das Nações, que assumiu o cargo em 2021, revela que faz questão de estar presente em todas as reuniões com a organização e a Câmara Municipal de Lisboa (CML). “Sou a pessoa mais chata e reivindicativa nessas reuniões, até porque sou eu que dou a cara junto da população”, reforça em jeito de brincadeira. A verdade é que, acrescenta Carlos Ardisson, “a população não quer saber quem gere o evento, porque, quando entende que é necessário reclamar, é à junta que se dirige”..E, ali, na freguesia que nasceu da Expo’98, pelas suas características e localização, a realização de grandes eventos é uma constante. Entre a FIL e a MEO Arena a atividade é frequente, a que se juntam outras iniciativas mais pontuais como a Web Summit, o Rock in Rio - que teve ali este ano a sua primeira experiência -, ou as Jornadas da Juventude, que, em 2023, encheram a freguesia com milhares de pessoas de todo o mundo. “A zona é propícia para acolher estes eventos, mas é preciso fazer um esforço para minimizar o impacto na vida dos moradores”, sublinha o presidente da junta..Manutenção do espaço público “é essencial”.A atenção com que Carlos Ardisson acompanha os eventos que a Freguesia do Parque das Nações recebe assegura, não apenas o bem-estar dos habitantes, mas também garante a manutenção constante dos equipamentos e do espaço público. O presidente exemplifica: “A organização da Web Summit abre zonas de passagem através do corte dos pilaretes que impedem habitualmente o acesso de veículos automóveis a determinados locais.”.Durante o anterior Executivo, revela, este corte de pilaretes era feito a pedido da organização do evento, e o custo da retirada e da sua posterior recolocação era assumido pela junta de freguesia. “Tenho um entendimento distinto e defendo que os custos são para ser pagos pelo evento”, reforça..Assim, desde 2021, as despesas de tudo quanto é danificado é por conta da Web Summit que, de início, estranhou a exigência, mas agora, garante o presidente da junta, “percebeu o nosso ponto de vista e tem estado a cumprir”..Assim é com as proteções retiradas em algumas ciclovias e que são repostas no final do evento, ou com os danos que possam causar as saídas de emergência que passam junto à zona dos ‘vulcões’ de água. Está igualmente prevista a reposição de candeeiros de rua e de outras estruturas que, de alguma forma, estejam danificadas ou deslocadas quando termina o evento. “Documentamos fotograficamente o estado em que estão os espaços para, no pós-evento, fazermos as contas do que foi danificado e do que há a corrigir, para não haver dúvidas de parte a parte, e fazemo-lo com um espírito positivo”, explica Carlos Ardisson..Outra exigência do presidente da Junta de Freguesia do Parque das Nações é que os limites do recinto não se aproximem da zona dos moradores, e que os horários de montagem e de desmontagem não se prolonguem pela noite para evitar o ruído. .Ainda para evitar os constrangimentos para residentes e comerciantes, a junta de freguesia divulga de forma antecipada, e através de todos os seus canais de comunicação (site e redes sociais), as alterações ao trânsito com as respetivas datas e horários, para que as pessoas possam organizar a sua vida da melhor forma. Adicionalmente, complementa Carlos Ardisson, “conseguimos diminuir e corrigir alguns impactos mais negativos que existiam, nomeadamente com a procura dos TVDE, criando pontos para a largada e a tomada das pessoas, e também criando espaços destinados ao estacionamento de algumas viaturas que são necessárias ao evento”..Do lado dos comerciantes locais, o presidente da junta reconhece que o impacto é positivo, não obstante algumas queixas por parte dos restaurantes localizados mais perto do rio. O acesso de carro é, nestes dias, vedado aos clientes, o que reduz a procura, especialmente à hora do almoço. No entanto, Carlos Ardisson acredita que esta redução de clientes habituais é compensada pelos visitantes que circulam entre o evento e o espaço público mais próximo. “Não é propriamente uma perda, é uma alteração do cliente habitual”, sublinha..Feitas as contas, o presidente acredita que o balanço deste evento é positivo para a zona. “Dá notoriedade ao Parque das Nações e dá notoriedade a Lisboa”, frisa.