A Câmara Municipal de Matosinhos quer aproveitar os investimentos na área da mobilidade que estão a ocorrer no concelho para criar um terminal intermodal que sirva todos os meios de transporte na zona do Porto de Leixões. Carlos Mouta, vice-presidente da autarquia, reconhece que o processo está ainda numa fase “muito preliminar”, mas assume que gostaria que a infraestrutura estivesse operacional no prazo de três a quatro anos. E está já em conversações com a APDL, a entidade responsável pelo Porto de Leixões, para a escolha do espaço apropriado.A vontade de avançar com esta infraestrutura decorre do interesse de assegurar, num só local, acesso a uma “rede vasta de transportes públicos”. Na zona em causa há já o Metro do Porto, cuja Linha Azul tem a última estação em Senhor de Matosinhos, a que se juntará, a partir do final do próximo ano, o Metrobus de Leça da Palmeira.Num investimento de 23 milhões de euros, financiado pelo Fundo de Transição Justa, resultado do encerramento da Refinaria da Galp, a linha do Metrobus vai percorrer 10 quilómetros, ligando o Mercado de Matosinhos ao Metro do Porto na Estação Verdes, na Maia, com paragens em Leça da Palmeira, Perafita e no Aeroporto. O concurso de empreitada foi já lançado e a autarquia estima que este novo modo de transporte possa estar em operação em dezembro de 2026.Outra das valências importantes na zona é o comboio, com a reativação da Linha de Leixões, que reiniciou funções a semana passada, embora só até ao Mosteiro de Leça do Balio (a partir de Campanhã e com um novo apeadeiro no Hospital de São João, entre outras paragens). ara que os passageiros possam chegar a Leixões será necessário construir uma nova estação, fora do porto, já que a atual está dentro da zona portuária, em área de manipulação das cargas, o que inviabiliza a receção de utentes. O tema está em estudo, com a APDL, mas também com a IP - Infraestruturas de Portugal, ainda que sem prazo à vista.Em termos de transporte rodoviário, o concelho é servido pelas redes UNIR e STCP, mas a autarquia quer mais. “Temos assistido a um grande aumento das linhas expresso, da típica Rede Expresso ou da Flixbus, que não têm ainda trajetos em Matosinhos, e faria todo o sentido colocar o concelho nesse mapa, uma vez que temos uma grande proximidade à A28, à A4, à A3, permitindo ligações a Braga, a norte, ou a trajetos mais longos, a sul, para Coimbra, Lisboa e Algarve”, diz este responsável. E é nesse sentido que, defende, a intermodalidade “faria todo o sentido para aglutinar todos estes modos de transporte, permitindo aos cidadãos aceder a uma rede vasta de transportes públicos” num terminal intermodal, a exemplo do que acontece no Porto (Campanhã) ou em Lisboa (Gare do Oriente).“É esse o trabalho que estamos a desenvolver, ainda numa fase muito preliminar. Já percebemos, geograficamente, qual é o melhor local para posicionar esta infraestrutura, agora temos de trabalhar com as outras entidades. E temos, também, internamente, de olhar para fundos comunitários que possam vir ajudar este investimento, que será, naturalmente significativo”, explicou ao Diário de Notícias o vice-presidente da autarquia, que especifica: “Quanto a parceiros, em primeiro lugar será a própria APDL, porque um dos pontos de ligação que temos de ferrovia está dentro do Porto de Leixões e temos de o transportar para fora. Já tivemos uma reunião e já analisámos, nomeadamente, áreas que precisam de ser cedidas para depois haver um protocolo de cooperação de cedência de terrenos.”Só depois, admite, será possível avançar para a fase seguinte, de desenvolvimento do projeto de arquitetura, que dê resposta às necessidades em termos urbanísticos e de mobilidade. Questionado sobre a dimensão do investimento necessário e o prazo de conclusão do projeto, Carlos Mouta assume que é prematuro ainda apontar para datas ou custos, atendendo à dimensão do que será uma obra desta envergadura. “Da parte do município, poderei dizer que estamos a fazer os primeiros passos, vamos continuar a trabalhar, gostaríamos de, num horizonte de três a quatro anos, termos o terminal à disposição da população.”