Lisboa e Oeiras ligadas por MetroBus em 2028 num investimento superior a 90 milhões de euros
O transporte elétrico em via dedicada (BRT) a ligar os concelhos de Lisboa e Oeiras, num investimento total na ordem dos 93,5 milhões de euros, deve entrar em funcionamento em 2028. O anúncio oficial foi feito nesta quinta-feira (3).
O “Transporte Rápido Lisboa-Oeiras” assenta na tecnologia Bus Rapid Transit (BRT ou MetroBus) com autocarros elétricos, permitindo reforçar duplamente as ligações nos eixos Alcântara- Algés e Benfica-Algés, sendo as novas ligações feitas em canal dedicado, num traçado de 21 quilómetros, com 29 paragens.
Prevê-se um investimento total na ordem dos 93,5 milhões de euros, com estimativa de financiamento de 58,6 milhões de euros, no âmbito do programa comunitário Sustentável 2030.
A apresentação do projeto decorreu nesta quinta-feira (3) nas instalações da Carris, em Miraflores, com a presença dos autarcas de Lisboa e Oeiras, Carlos Moedas e Isaltino Morais, respetivamente, o ministro das Infraestruturas e Habitação, Miguel Pinto Luz, além da presidente da Autoridade da Mobilidade e dos Transportes, Ana Paula Vitorino, e responsáveis da Carris, Transportes Metropolitana de Lisboa.
Segundo o presidente da Câmara de Oeiras, Isaltino Morais, trata-se de um “meio de transporte fundamental” para o município, além de o ser também, “naturalmente, para Lisboa”, tendo implicações em toda a Área Metropolitana de Lisboa.
“Vai criar condições para uma mobilidade muito mais flexível, criando condições para serem tomadas medidas paralelas de afastamento do transporte individual”, reconheceu o autarca, lembrando que se trata de um projeto que “já tinha sido tentado, mas que não tinha passado do papel”.
De acordo com Isaltino Morais, “não há nenhuma dificuldade em implementar”, argumentando que o traçado “está definido há muitos anos” e que a primeira ideia do projeto “ainda remonta a um período antes do 25 de Abril”.
Isaltino Morais lembrou, igualmente, que antes falava-se mais nas “soluções técnicas e na vontade dos autarcas de Oeiras, de Lisboa e da Amadora, mas na verdade nunca terá havido pela parte do Governo o entusiasmo e a vontade de concretizar”.
Hoje, o autarca reconhece que “só a intervenção do Governo é que pode viabilizar este tipo de projetos”, que são multimunicipais, abarcando “territórios de diferentes municípios e é assim que deve ser, porque as fronteiras não limitam a entrada das pessoas, dos carros e do transporte público”.
“Portanto, se não se fez até agora é porque não houve vontade política suficiente da parte do Governo para dizer aos municípios: vamos unir-nos, cada um vai fazer a sua parte deste trabalho e vamos arrancar. Ora bem, reuniram-se essas condições agora e ainda bem. Estou muito contente e acho que é bom, sobretudo para os cidadãos do Oeiras e da área de Lisboa”, frisou.
Isaltino Morais adiantou, ainda, que a exploração do projeto poderá ficar a cargo da Carris, que opera o serviço público rodoviário em Lisboa.
Por seu turno, Carlos Moedas enalteceu o trabalho do seu homólogo de Oeiras, salientando que Isaltino Morais “olha para a sua autarquia, mas também para toda a Área Metropolitana de Lisboa (AML)”.
“Ele pensa [em toda a AML]. Às vezes não temos o pensamento da AML. Dependemos uns dos outros, trabalhamos uns com os outros. Temos algo como objetivo: as nossas populações. Hoje fazemos prova da união entre Lisboa e Oeiras”, frisou Carlos Moedas.
Segundo Carlos Moedas, vão ser dadas condições para que “90 mil pessoas” possam ter alternativa a não usar o veiculo próprio, “unindo a cidade [de Lisboa] aos seus vizinhos” através de “16 autocarros totalmente elétricos num corredor dedicado”.
Para o ministro das Infraestruturas e Habitação, Miguel Pinto Luz, este é um projeto que o Governo central deve “apoiar, facilitar e interagir”.
O governante lembrou que, desde 2021, “mais pessoas estão a usar a A5” e, por isso, tem de se “atuar com outras medidas para reduzir a utilização dos transportes públicos”.
“Temos de mudar as nossas cidades, centradas no ser humano, e o transporte público tem de estar resiliente, com mais qualidade, previsibilidade”, disse Pinto Luz, salientando a necessidade de se atuar na procura.
Depois de realizados estudos prévios, definida a estratégia e a viabilidade económica, prevê-se que a avaliação de impacto ambiental e a contratação e execução do projeto seja realizada em 2026, a contratação da empreitada e início das obras em 2027, para que a operação tenha início em 2028.
De acordo com o estudo de procura, esta está estimada em 22 mil passageiros por dia, com 27% de novos utilizadores de transporte público.
Uma viagem entre Algés e o Colégio Militar irá demorar 24 minutos, contra os 37 minutos atuais, enquanto entre Linda-a-Velha e Alcântara, passará dos 35 minutos atuais para 22 minutos.
Ainda de acordo com os estudos prévios, o projeto deverá evitar a entrada de 4.000 veículos por dia nas zonas onde circula e a emissão de 38,7 mil toneladas de CO2 ao longo de 30 anos.