A poderosa voz de Perninha enche as ruas em torno da Fonte Luminosa. O ritmo da roda de capoeira anima os fins de tarde de quarta-feira e proporciona um espetáculo visual que faz parar muitos dos que passam neste jardim no centro de Lisboa. Este ritual teve início durante a pandemia de coronavírus.
“Já não podíamos continuar confinados. Como é que nós vamos parar?”, explica Minnie, professora de capoeira no Abadá Capoeira e figura central do núcleo do Armazém Cultural, localizado nas proximidades da Alameda.
A escola, com raízes no Rio de Janeiro, reúne quase duzentos atletas no seu núcleo lisboeta, entre adultos e muitas crianças, que, em tempos de confinamento, precisavam de ar livre. “E, no final, em vez de o nosso trabalho diminuir, com o programa Capoeira nos Parques, o que fizemos foi aumentá-lo. Na altura, toda a gente queria fazer atividade ao ar livre”, explica a jovem professora.
Durante o treino, Minnie e Perninha, os docentes desta aula aberta, vão alternando instruções e música que marca “o gingar” dos quase trinta capoeiristas, entre adultos e crianças, muitos deles brasileiros, mas também portugueses e alguns de outras latitudes europeias. No entanto, as atividades na Alameda não se resumem a um treino semanal.
No próximo domingo de manhã, a atividade “Roda da Alameda” dá a oportunidade a quem não consegue juntar-se durante a semana. Começam às 10h00 com um pequeno-almoço conjunto e, uma hora depois, há diferentes manifestações culturais, brasileiras, mas também portuguesas, e, claro muita capoeira. Como Minnie explica, a capoeira é muito mais do que um exercício físico. Alguns procuram a vertente musical, outros a atividade física característica de uma arte marcial, mas todos salientam uma característica destas aulas abertas ao público: “Isto não é terapia, mas é terapêutico, não é?”