Movimento de cidadãos critica "centro comercial" previsto para quarteirão da Suíça em Lisboa
O movimento de cidadãos "Lisboa Precisa" criticou esta sexta-feira a criação de um novo espaço comercial no quarteirão da antiga pastelaria Suíça, defendendo um processo de reabilitação, com habitação, serviços e comércio, que "garanta a preservação da estrutura pombalina interior".
"'Lisboa Precisa' opor-se-á, pelas formas que tem ao seu alcance, à concretização deste projeto para o quarteirão da Suíça e reclama um processo de reabilitação que contemple habitação, serviços e comércio, e garanta a preservação da estrutura pombalina interior daquele conjunto de imóveis", lê-se num comunicado do movimento.
O projeto de recuperação do quarteirão da antiga pastelaria Suíça, no Rossio, que prevê a criação de um novo espaço comercial, com reabilitação das fachadas das lojas históricas, foi aprovado a 12 de novembro pela Câmara de Lisboa com os votos favoráveis do PS, do PSD e do CDS-PP, a abstenção do BE e o voto contra do PCP.
Segundo a proposta, está prevista "a instalação de quatro unidades comerciais e de uma unidade de serviços", que ocupará a totalidade do piso em sótão, correspondente à mansarda.
O quarteirão é desde 2018 propriedade da empresa JCKL Portugal - Investimentos Imobiliários.
Na nota divulgada esta sexta-feira, o movimento "Lisboa Precisa" considera que a aprovação de "um centro comercial" para o quarteirão da Suíça "é mais um exemplo a ilustrar quais os verdadeiros interesses que orientam as reais políticas que a Câmara Municipal de Lisboa continua a prosseguir em termos de urbanismo".
"Depois da aprovação de um hotel em abril de 2009, com a justificação de que traria mais vida à Baixa e animaria o seu comércio, passou-se agora, quando o turismo 'já não está a dar', para mais um espaço comercial de lojas e marcas internacionais, como é costume, em mais uma machadada ao comércio tradicional e de proximidade, e sem qualquer espaço para oferta de habitação, adensando o processo de despovoamento do centro histórico", é acrescentado.
O movimento lamenta ainda que todo o projeto esteja "ao arrepio do que está no Plano de Pormenor de Salvaguarda da Baixa Pombalina", no qual é defendido que os pisos superiores devem ser ocupados preferencialmente por habitação e serviços, deixando para comércio os pisos térreos.
"Sob a capa de um aparente respeito pelo património está dissimulada uma intervenção arquitetónica profundamente transformadora, que nega a preservação, não só da tipologia fundiária, como das próprias tipologias habitacionais, ou seja, nega o testemunho cultural da cidade", acusa o movimento.