Licor Beirão quis travar venda de Licor Nacional mas tribunal não deixou

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O Licor de Portugal, como se auto-intitula desde 1940, ano em que a fórmula

foi comprada pelo patriarca José Carranca Redondo, viu recusado um

pedido de providência cautelar contra um outro licor, o Licor Nacional,

lançado no início do ano passado, pelas Caves da Montanha.

A

empresa sediada na Lousã pediu, em outubro de 2012, ao Tribunal de

Propriedade Intelectual que a marca Licor Nacional fosse impedida de ser

fabricada, engarrafada, distribuída, promovida e vendida.

Veja aqui a reação da J.Carranca Redondo à decisão do Tribunal de Propriedade Intelectual.

Segundo o processo, a que o Dinheiro Vivo teve acesso, o Licor Beirão alegava

estarem a ser apropriados valores nacionais que são seus, além de que a

expressão Licor de Portugal e o nome Licor Nacional poderiam ser

confundidos pelo consumidor.

O Tribunal de Propriedade

Intelectual considerou que a expressão "'O Licor de Portugal' não pode

ser considerada de uso exclusivo da requerente, nada obstando a que a

requerida utilize expressão igual ou semelhante na composição do seu

sinal."

A decisão judicial reforça ainda que "não se verifica

semelhança gráfica, fonética ou outra que induza o consumidor médio de

bebidas espirituosas em erro ou confusão entre as marcas Licor Nacional e

Licor Beirão, porquanto o conjunto que caracteriza os dois sinais é

diferente entre si."

Enquanto esperavam pela decisão do tribunal,

as Caves da Montanha tiveram de parar a produção do Licor Nacional, bem

como suspender a campanha publicitária, os folhetos, os destaques nos pontos de venda

no Natal, que pesa mais de 40% das vendas anuais.

Em tribunal

ficou também provada a pressão "fora do normal" feita pelo Licor Beirão

para impedir a venda do Licor Nacional, nomeadamente junto de clientes

como a Sonae que testemunharam a tentativa de retirar o Licor Nacional

dos hipermercados.

A mesma pressão foi sentida por alguns

distribuidores que, quando iniciaram a venda do Licor Nacional foram

avisados pelo Licor Beirão que "a parceria tinha que ser revista".

O

Licor Nacional é uma bebida feita à base de chá de ervas tipicamente

portugueses, com um aroma floral e sabor doce, macio e citrino.

"À nossa,

Portugal!" é o lema de uma marca criada e pensada com o objetivo de

habituar os portugueses a consumirem produtos nacionais. Usa na sua

comunicação a imagem de um futebolista, fadista e do Infante do

Henrique, e tendo como símbolo o Galo de Barcelos.

Montanha, sediadas em Anadia, foram fundadas em 1943, por Adriano

Henriques, passando desde então de pais para filhos, estando neste

momento já na quarta geração. Atualmente, dedicam-se à produção de

vinhos de várias regiões de Portugal, espumantes, aguardentes e licores.

Em

2004, esta empresa foi processada pela Sogrape por causa da Passal,

uma bebida, que, segundo o Tribunal da Relação, além de imitar o

Mateus Rosé, configurava uma situação suscetível de constituir

concorrência desleal. Ver aqui.

Já o Licor Beirão iniciou a sua produção no séc.XIX, na vila da

Lousã, com base em diversas plantas (entre as quais eucalipto, a

canela, alecrim e alfazema) e sementes aromáticas, submetidas a um

processo de dupla destilação. Ver aqui a história.

Era José Carranca Redondo,

natural da Lousã, um jovem quando investiu as suas economias no Licor

Beirão, passando a dedicar-se inteiramente ao negócio. A produção do

licor passou a estar a cargo da esposa deste e, desde então, o licor

tornou-se um dos mais populares do país, sendo hoje consumido por todas

as gerações. Marcou o sector da publicidade em Portugal com ideias

arrojadas.

Ver aqui entrevista de José Redondo, herdeiro do primeiro dono, sobre a empresa.

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