La Caixa lança OPA sobre BPI e oferece 1,082 mil milhões

Os espanhóis do La Caixa anunciaram esta manhã o lançamento de uma oferta pública de aquisição (OPA) sobre a totalidade do capital do BPI que ainda não controlam, propondo-se pagar 1,329 euros por ação do banco português. No total, a oferta do grupo espanhol, que é um dos acionistas históricos do BPI, com cerca de 44% do capital, ascende a 1,082 mil milhões de euros.
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A oferta incide sobre a totalidade das ações do BPI que o La Caixa ainda não detenha no BPI e fica sujeita à eliminação em assembleia geral da blindagem de estatutos, que limita atualmente o exercício do direito de voto a 20% do capital do banco. Esta medida terá que ser aprovada por 75% dos votos.

O La Caixa detém 44,10% do capital do BPI, o que equivale a 44,29% dos direitos de voto.

Segundo o comunicado emitido esta terça-feira de Carnaval, o preço da oferta - 1,329 euros por ação - respeita os critérios impostos pelo Código dos Valores Mobiliários, sendo equivalente ao preço médio da cotação do BPI dos últimos seis meses (1,329 euros por ação) e traduzindo um prémio de 27% face à cotação de fecho de segunda-feira (1,043 euros por ação).

No anúncio preliminar da OPA, os espanhóis precisam ainda que o sucesso da oferta dependerá também da compra, no âmbito da oferta, de pelo menos mais 5,9% do BPI, que fará com que o La Caixa ultrapasse os 50% do capital da instituição liderada por Ulrich. Recorde-se que o La Caixa já detém 44,1% do capital do BPI.

No comunicado emitido esta terça-feira de Carnaval, o grupo La Caixa conclui dizendo que "prevê continuar a apoiar a equipa de gestão da sociedade visada [BPI] depois da oferta". O BPI tem como presidente da comissão executiva Fernando Ulrich.

A Comissão de Mercados de Valores Mobiliários (CMVM) suspendeu as ações do BPI na manhã desta terça-feira, depois de ter sido tornada pública a OPA do La Caixa sobre o banco português.

Em comunicado, a CMVM, refere que "deliberou a suspensão da negociação das ações do Banco BPI S. A., de modo a permitir aos investidores a análise dos comunicados divulgados ao mercado sobre a sociedade emitente".

No mesmo comunicado, a autoridade de supervisão revela as condições da OPA do grupo espanhol sobre o BPI, que oferece 1.329 euros por ação, mais 27% em relação ao preço das ações antes da suspensão: "A contrapartida oferecida é de euro 1.329 (um euro e trinta e dois vírgula nove cêntimos) por Ação, a pagar em numerário, que corresponde a um valor total da Oferta de euro 1.082.419.600,63 (mil e oitenta e dois milhões quatrocentos e dezanove mil e seiscentos euros e sessenta e três cêntimos)."

O documento refere ainda que "a Oferta é geral e voluntária, obrigando-se o Oferente, nos termos e condições previstos neste Anúncio Preliminar e nos demais documentos da Oferta, a adquirir a totalidade das Ações objeto da presente Oferta que, até ao termo do respetivo prazo, forem objeto de válida aceitação pelos destinatários da Oferta."

Isabel dos Santos é segunda principal acionista do BPI

Além do La Caixa, principal acionista do BPI, com pouco mais de 44% do capital, fazem parte da estrutura acionista da instituição mais duas entidades relevantes: a empresária angolana Isabel dos Santos, com 18,6% do capital, e a seguradora alemã Allianz, outro dos acionistas históricos do BPI, com pouco mais de 8%. Juntos, La Caixa, Isabel dos Santos e Allianz ultrapassam os 70% do capital do BPI.

BPI na corrida ao Novo Banco

O BPI é um dos candidatos à compra do Novo Banco, sendo que em outubro os espanhóis do La Caixa disseram suportar este investimento do banco português.

As propostas não vinculativas para a compra do Novo Banco terão que ser entregues até 20 de março, segundo foi determinado pelo Banco de Portugal. Das 17 instituições que mostraram interesse no negócio, 15 passaram à fase seguinte. Leia mais aqui.

Fonte do La Caixa, citada pela Lusa, acrescenta sobre este assunto: "Caso se avance para o Novo Banco, o BPI vai precisar de apoio materializado em capital. É normal que o Caixabank [La Caixa] queira o controlo numa operação deste tipo", sublinhou.

As aquisições têm, aliás, pautado a atuação do La Caixa nos últimos anos. Desde 2010, a instituição liderada por Isidro Fainé. Segundo a imprensa espanhola, desde 2010, o La Caixa já comprou cinco bancos - Caixa Girona, Bankpyme, Banca Cívica, Banco de Valencia e o negócio do Barclays em Espanha - preparando-se agora para adquirir o sexto, desta vez em Portugal.

BPI com prejuízos em 2014

O BPI apresentou, no passado dia 29 de janeiro, os resultados referentes a 2014, tendo fechado o ano com um prejuízo de 161,6 milhões de euros, superando largamente as expectativas dos analistas. Leia mais aqui.

O BPI é o quarto maior banco português, em termos de crédito e ativos e o terceiro segundo o critério dos depósitos.

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