Klog lança corredor ferroviário para levar mercadorias aos Balcãs

A empresa de transporte e logística estuda joint venture com congénere espanhola para ganhar dimensão na Ibéria.
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A Klog prepara-se para reforçar a oferta de transporte de mercadorias por comboio na Europa: a empresa vai explorar uma linha entre Espanha e os Balcãs a partir de 2024. Segundo Egídio Lopes, diretor-geral da Klog, o corredor representa "um nicho de mercado interessante". "Identificámos essa necessidade no mercado e estamos a trabalhar a solução em desenho e viabilidade de execução", diz. Numa primeira fase, o objetivo é oferecer quatro a seis comboios por semana, que passem por Itália, Eslovénia e territórios da ex-Jugoslávia. No último trimestre, a empresa portuguesa de transportes e logística conta apresentar a linha aos clientes.

Já neste ano entrou em plena velocidade o corredor ferroviário de mercadorias entre Espanha e Polónia. Ikea, Inditex e Continental Tires são algumas empresas que estão a utilizar o serviço semanal desde a primeira hora de uma operação que arrancou em abril de 2022 com quatro viagens (ida e volta) todas as semanas. "Foi uma boa aposta, o serviço funciona bem e os clientes estão satisfeitos com a solução", garante o responsável. "São seis mil cargas completas que retirámos da estrada, dois mil quilómetros para cada lado em ferrovia." Neste exercício, que somará 52 semanas, as 160 viagens realizadas em 2022 vão passar a mais de 200. O mercado precisa de "intensificar o número de conexões semanais, de preferência para frequência diária nos próximos anos", diz.

Corredores verdes

A aposta da Klog em soluções de transporte intermodal (combina diferentes meios) com foco no comboio não é nova. Há quase dez anos que a empresa explora uma operação entre o Entroncamento e Tarragona, na Catalunha, e agora quer reforçar a presença em Espanha com uma linha de Tarragona à Andaluzia. É um projeto para concretizar também em 2024 e que segue a estratégia da transportadora de ter soluções mais sustentáveis. A ferrovia "é incontornável face às alterações climáticas, não haverá futuro no transporte sem crescimento assinalável do intermodal", frisa Egídio Lopes. Este serviço "permite poupanças em recursos e reduz as emissões de CO2". E a falta de motoristas de pesados que se regista na Europa pode ser compensada por esta via. "Para cada mil quilómetros é preciso cinco motoristas, mas só um maquinista".

Esta solução de transporte valeu 70% do volume de negócios da Klog em 2022, que atingiu 125 milhões de euros, um crescimento de 25% impulsionado principalmente pelo serviço intermodal (gerou mais 20 milhões), mas também por um incremento na área aeromarítima (quatro milhões). Já o transporte terrestre cresceu 10%, com o resultado líquido a rondar 750 mil euros. Para este ano, Egídio Lopes perspetiva uma faturação superior a 150 milhões, que justifica pelo funcionamento em pleno do corredor ferroviário Espanha-Polónia e entrada de novos clientes, um dos quais um gigante do e-commerce cuja identidade mantém para já no anonimato.

Segundo Egídio Lopes, a Klog é líder de mercado no intermodal na Península Ibérica e o crescimento orgânico está mais difícil. "Há um limite, por isso, estamos a trabalhar no sentido de estabelecer acordos" com congéneres em Espanha e "uma joint venture", revela. "Estamos a identificar parceiros para juntar sinergias e termos uma alavanca de crescimento no intermodal." A empresa definiu o objetivo de 250 milhões de faturação na Ibéria em 2026. E está a levar a cabo um investimento da ordem dos cinco milhões para adquirir 250 reboques equipados para responder a soluções de ferrovia e ro-ro (carga rolante). A encomenda já tem ano e meio, sendo que à Klog chegaram 140 unidades. Há ainda o projeto de adquirir camiões elétricos para curtas e médias distâncias, com o objetivo de criar corredores verdes desde a primeira milha. Detida por José Cardoso e Egídio Lopes e com sede na Maia, a Klog tem instalações em Alverca e emprega 250 pessoas.

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