Isabel dos Santos já controla a Efacec

Isabel dos Santos formalizou esta quinta-feira a entrada no capital da Efacec. A empresária angolana, através da sociedade Winterfell, investiu 200 milhões de euros nesta operação e passa a deter a maioria da Power Solutions, a principal unidade da empresa de Matosinhos.
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"Apostamos na Efacec porque se trata de uma das empresas portuguesas mais internacionalizadas", adiantou em comunicado Mário Leite Silva. "A economia angolana sai beneficiada com esta aquisição dado a experiência da Efacec em áreas fundamentais para o crescimento económico e o desenvolvimento do país", acrescentou o administrador da sociedade Winterfell.

O grupo José de Mello e a Têxtil Manuel Gonçalves passam a deter uma participação de 35% na Efacec Power Solutions, adiantou fonte ligada à operação ao Dinheiro Vivo. Operação que teve luz verde dos principais credores, Caixa Geral de Depósitos e Millennium BCP.

"O acordo representa uma solução que privilegia o futuro da Efacec e maximiza o seu valor,

reforçando a continuidade e o desenvolvimento da empresa", adianta o comunicado conjunto dos grupos José de Mello e Têxtil Manuel Gonçalves, que passam a acionistas minoritários na Power Solutions.

A compra de uma participação maioritária na Efacec teve o BPI Corporate Finance e a PricewaterhouseCoopers como assessores financeiros e a PLMJ como assessor jurídico. A operação está sujeita à aprovação da Autoridade da Concorrência.

A participação de Isabel dos Santos é feita através da Sociedade Winterfell, na qual detém uma posição maioritária. A Winterfell conta ainda com a participação minoritária da Empresa Nacional de Distribuição de Electricidade (ENDE), companhia estatal angolana.

A entrada da empresária angolana no capital da marca portuguesa já tinha sido adiantada em meados de abril, tendo sido referido o valor do investimento por uma posição maioritária. Este é o primeiro grande investimento de Isabel dos Santos na indústria portuguesa, depois das presenças na Galp Energia, NOS, BPI e BCP.

Com a conclusão deste negócio, a Efacec vai aumentar a presença em território angolano, local onde prestou serviços de engenharia, infraestruturas de telecomunicações, transformadores e aparelhagem eletrónica. A Unitel, operadora de telecomunicações da qual Isabel dos Santos é acionista de referência, a ENE (Empresa Nacional de Eletricidade) e a EDEL (Empresa de Distribuição de Eletricidade) são algumas das empresas clientes da Efacec em Angola.

Em maio de 2014, quando conduzia uma operação de reestruturação na empresa, João Bento assumiu, numa entrevista à Exame, a existência de uma nova estratégia de foco do negócio, com redução do endividamento e obtenção de ganhos de eficiência. A venda de uma série de operações, designadamente a ACS e a Efacec Power Transformers, nos Estados Unidos, ou a Efacec Energy Service, no Brasil, foram algumas das operações levadas a cabo para aliviar a dívida da empresa, numa altura em que Bento já antecipava que o futuro passaria pelo estabelecimento de parceiras e, eventualmente, pela entrada de um novo acionista.

Maior acionista da REN afastada

Antes de se tornar conhecido o negócio com aquela que é considerada a mulher mais rica de Angola, segundo a revista norte-americana Forbes - com uma fortuna avaliada em 3,3 mil milhões de dólares (cerca de 3 mil milhões de euros -, a chinesa State Grid, maior acionista da REN, chegou a ser apontada como interessada em entrar no capital da Efacec.

As negociações com a empresa produtora de componentes elétricos de Matosinhos terão chegado a entrar na reta final - o lançamento de uma oferta pública de aquisição (OPA) do grupo José de Mello sobre a Espírito Santo Saúde (atual Luz Saúde) foi a principal razão, tendo em conta que a empresa necessitava de aliviar uma dívida que na altura se situava em 5,9 mil milhões.

O grupo José de Mello acabou por perder a OPA para a seguradora Fidelidade (detida pelos chineses da Fosun) - e a entrada da State Grid fica agora completamente afastada, com a oficialização da operação que envolve Isabel dos Santos.

(Notícia atualizada às 18h15 com comunicado dos grupos José de Mello e Têxtil Manuel Gonçalves)

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