Zelensky deixa aviso a Trump: "Não podemos aceitar, como país independente, quaisquer acordos feitos sem nós"
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou esta quinta-feira que não aceitará nenhum acordo sobre a Ucrânia que não inclua Kiev nas negociações.
Nos seus primeiros comentários à comunicação social desde que o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, manteve conversas telefónicas individuais com o líder russo, Vladimir Putin, e posteriormente com o próprio Zelensky, o líder ucraniano disse que o principal era "não permitir que tudo corra de acordo com o plano de Putin".
"Não podemos aceitar, enquanto país independente, quaisquer acordos (feitos) sem nós. Quero deixar isto muito claro aos nossos aliados: quaisquer negociações bilaterais sobre a Ucrânia, não sobre outros temas, mas quaisquer conversas bilaterais sobre a Ucrânia sem nós, não aceitaremos", frisou Zelensky aos jornalistas, durante uma visita a uma central nuclear no oeste da Ucrânia.
Zelensky revelou ainda que, durante a sua conversa com Trump, na quarta-feira, o Presidente dos Estados Unidos lhe transmitiu que queria falar com os líderes russo e ucraniano ao mesmo tempo.
"Ele nunca mencionou que Putin e a Rússia eram uma prioridade. Nós, hoje, confiamos nestas palavras. Para nós é muito importante preservar o apoio dos Estados Unidos da América", concluiu Zelensky.
Na quarta-feira, Trump e Putin mantiveram uma longa conversa telefónica em que, entre outros assuntos, discutiram a guerra na Ucrânia e comprometeram-se a iniciar "de imediato" negociações sobre o assunto.
"Acordámos trabalhar em conjunto de forma muito próxima, inclusive visitando os países um do outro. Também concordámos que as nossas equipas iniciarão de imediato as negociações, e começaremos por telefonar ao Presidente (ucraniano, Volodymyr) Zelensky para o informar da conversa, o que farei agora mesmo", declarou Trump na ocasião.
Poucas horas depois, Zelensky disse que tinha falado ao telefone com o homólogo norte-americano sobre as "possibilidades de alcançar a paz" na Ucrânia.
A Ucrânia tem contado com ajuda financeira e em armamento dos aliados ocidentais desde que a Rússia invadiu o país, em 24 de fevereiro de 2022.
Os aliados de Kiev também têm decretado sanções contra setores-chave da economia russa para tentar diminuir a capacidade de Moscovo de financiar o esforço de guerra na Ucrânia.
O conflito de quase três anos provocou a destruição de importantes infraestruturas em várias áreas na Ucrânia, bem como um número por determinar de vítimas civis e militares
Costa rejeita negociações ou paz duradoura sem ucranianos ou europeus
António Costa, presidente do Conselho Europeu, defendeu entretanto que "não haverá negociações bem-sucedidas" para o fim da guerra na Ucrânia ou "paz duradoura" sem a participação de ucranianos ou europeus no processo, dada a anunciada mediação norte-americana.
"Não haverá negociações credíveis e bem-sucedidas, nem paz duradoura, sem a Ucrânia e sem a União Europeia (UE)", escreveu António Costa na rede social X.
"A paz na Ucrânia e a segurança da Europa são indissociáveis. A paz não pode ser um simples cessar-fogo e a Rússia não deve continuar a ser uma ameaça para a Ucrânia, para a Europa, para a segurança internacional", elencou ainda o líder da instituição que junta os chefes de Governo e de Estado da UE.
A posição de António Costa surge um dia depois de o Presidente norte-americano, Donald Trump, e o seu homólogo russo, Vladimir Putin, terem mantido uma longa conversa telefónica em que, entre outros assuntos, discutiram a guerra na Ucrânia e comprometeram-se a iniciar "de imediato" negociações sobre o assunto.
Posteriormente, o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, confirmou ter falado igualmente ao telefone com o homólogo norte-americano sobre as "possibilidades de alcançar a paz" na Ucrânia.
Ainda esta quintafeira, a Comissão Europeia afirmou que o Presidente russo, Vladimir Putin, "não pode obter uma recompensa pela sua agressão" contra a Ucrânia, na sequência dos telefonemas que Donald Trump teve com os seus homólogos russo e ucraniano sobre negociações de paz.
"Devemos ter presente que a Rússia é o agressor e não pode obter uma recompensa pela sua agressão", disse a porta-voz do executivo comunitário, Paula Pinho, na conferência de imprensa diária da instituição, em Bruxelas.
Na quarta-feira, a chefe da diplomacia da UE considerou que "não é possível chegar a um acordo sem europeus ou ucranianos" na guerra na Ucrânia causada pela invasão russa.
"Qualquer que seja o acordo, os europeus e ucranianos são os que irão implementá-lo, pelo que não é possível chegar a um acordo sem europeus ou ucranianos. A implementação é importante", afirmou a Alta Representante da UE para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, Kaja Kallas, em entrevista à Lusa e outras agências europeias em Bruxelas no âmbito do projeto Redação Europeia (European Newsroom).