Ucrânia na NATO volta a ser tema, mas Kiev pede ajuda imediata
Chefes da diplomacia da aliança discutem em Bucareste como continuar a ajudar os ucranianos. Ao lembrar a política de porta aberta, Stoltenberg pisca o olho à Geórgia e Ucrânia.
Ao primeiro dia do encontro dos ministros dos Negócios Estrangeiros da NATO, em Bucareste, vários países anunciaram mais medidas de apoio à Ucrânia, e o secretário-geral voltou a trazer para a mesa a adesão daquele país. No entanto, para o chefe da diplomacia ucraniana, o momento é de tomar decisões o quanto antes.
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"A última vez que fui convidado para a reunião ministerial da NATO, vim com três palavras, "armas, armas e armas". E desde então muito tem sido feito. Hoje, tenho palavras diferentes, que são "mais rápido, mais rápido e mais rápido"", disse Dmytro Kuleba. "Quando tivermos transformadores e geradores, podemos restaurar o nosso sistema, a nossa rede de energia, e proporcionar às pessoas condições de vida decentes, Quando tivermos sistemas de defesa aérea, seremos capazes de proteger esta infraestrutura contra os próximos ataques de mísseis russos. Em resumo, Patriots e transformadores é o que a Ucrânia mais precisa", disse em referência ao sistema de defesa antimíssil Patriot norte-americano.
Na conferência de imprensa, o secretário-geral da Aliança Atlântica reconheceu que esse era um dos assuntos em discussão, no entanto preferiu destacar outro aspeto, o de que os sistemas que a Ucrânia recebe se mantenham funcionais e com munições. Há dias, o New York Times noticiava que cerca de um terço dos 350 obuses doados pelos países ocidentais estão fora de serviço, sendo que a manutenção e reparação das peças de artilharia é feita na Polónia.
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"Um dos enormes desafios que enfrentamos agora, relacionados com alguns dos sistemas avançados de defesa aérea como o NASAMS, ou o IRIS-T alemão, que são sistemas avançados de defesa aérea, é não só estarmos a fornecê-los, mas também a assegurar que fornecemos as munições e peças sobressalentes necessárias para garantir que esses sistemas estão a funcionar eficazmente", disse Jens Stoltenberg.
Ao apelo ucraniano para assistência às infraestruturas, a Alemanha respondeu com o envio de 350 geradores e um total de 56 milhões de euros só para o setor da energia. Por seu lado, os EUA informaram que vão ajudar com 53 milhões de dólares em transformadores e outros equipamentos para restabelecer o sistema energético do país, atingido pelos mísseis russos nas últimas semanas.
Enquanto os ministros prosseguem hoje a reunião e limam arestas quanto à assistência militar, em especial no campo das defesas antiaéreas, o secretário-geral voltou a dizer que a NATO mantém a política de porta aberta, num piscar de olhos à Ucrânia e à Geórgia. Em março, o presidente Volodymyr Zelensky disse que o seu país não iria tornar-se num país membro da aliança militar, numa aparente concessão a Moscovo. Agora, o tema volta à tona, embora nenhum passo vá ser dado nesse sentido enquanto o país estiver ocupado e em guerra.
"Estamos a discutir como reforçar ainda mais a nossa parceria com a Ucrânia e também ajudá-los a avançar para a adesão", disse Stoltenberg. "Estamos a discutir como podemos reforçar ainda mais a parceria política, exceto a adesão, e há diferentes formas de o fazer, através de reuniões mais frequentes e de discussões mais substantivas", concluiu.
cesar.avo@dn.pt
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