Ucrânia ataca Melitopol. Será o início da esperada contraofensiva?
Cidade que serve de centro logístico aos russos na região de Zaporíjia ficou ontem sem energia, depois do segundo ataque ucraniano numa semana.
A cidade de Melitopol, controlada pelos russos, sofreu ontem cortes de energia depois de um bombardeamento ucraniano, segundo as autoridades instaladas por Moscovo na região de Zaporíjia. A localidade, a cerca de 65 quilómetros da linha da frente, serve de centro logístico para as forças russas no sul da Ucrânia e é parte do território que liga o território russo à ocupada Crimeia.
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Este foi pelo menos o segundo ataque à cidade, só esta semana. As autoridades pró-Moscovo alegam que foram usados os HIMARS, rockets de alta precisão de fabrico norte-americano - cujo alcance é de 80 km. Mas podem também ter sido usados os mísseis de longo alcance GLSDB, prometidos pelos EUA em fevereiro, que podem chegar até aos 150 km. Na véspera, os russos anunciaram ter abatido um destes mísseis.
A ação ucraniana em Melitopol pode ser o início da esperada contraofensiva. O ministro da Defesa da Ucrânia, Oleksii Reznikov, disse numa entrevista a uma televisão estónia que esta está a ser preparada para a primavera, alegando que haverá "mudanças positivas".
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Questionado sobre quando será possível ver na frente os tanques ocidentais - os britânicos Challenger ou os alemães Leopard 2 que já chegaram - disse serão usados em abril ou maio. "Vão vê-los na contraofensiva (...) Já está planeada em várias direções. Depende de quando será o momento mais adequado", indicou, falando nas condições meteorológicas.
Na central nuclear de Zaporíjia, o diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atómica, Rafael Grossi, lamentou o aumento da "atividade militar" na região. E disse que está a tentar um acordo entre Moscovo e Kiev para garantir a segurança da central.
Cimeira pela Democracia
O presidente norte-americano, Joe Biden, apelou ontem às democracias que mostrem que "são fortes e determinadas" e se unam contra a Rússia e a China. Na segunda Cimeira pela Democracia, para a qual foram convidados 121 países, Biden defendeu trabalhar para "obrigar a Rússia a prestar contas pela guerra injusta e não provocada contra a Ucrânia" e anunciou que vai investir cerca de 635 milhões de euros num programa para fortalecer a democracia no mundo.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, também participou no evento virtual, avisando que o mundo atravessa um "choque dramático" e que os valores democráticos estão "sob ataque", falando por exemplo da liberdade de imprensa. "Hoje vemos mais e mais despotismo e menos e menos esclarecimento", afirmou. "A história tem mostrado, repetidas vezes, que a liderança autocrática não é garante da estabilidade, é um catalisador do caos e do conflito."
Com agências