Na semana passada, a porta-voz da Casa Branca tentou clarificar as declarações bombásticas de Donald Trump, ao lado de Benjamin Netanyahu, sobre o futuro da Faixa de Gaza. “O presidente deixou bem claro que os Estados Unidos precisam de participar neste esforço de reconstrução para garantir a estabilidade na região para todas as pessoas. Mas isso não significa que vamos ter botas no terreno em Gaza. Não significa que os contribuintes americanos estejam a financiar este esforço. Significa que Donald Trump, que é o melhor negociador do planeta, vai chegar a um acordo com os nossos parceiros na região”, disse Karoline Leavitt. As declarações não apaziguaram os ânimos de palestinianos nem dos países da região -- à exceção de Israel. Chamado a clarificar o que queria dizer (“Os EUA vão apoderar-se da Faixa de Gaza e nós também vamos fazer um bom trabalho com ela. Seremos donos dela”), Trump negou o direito aos palestinianos regressarem ao enclave. Numa entrevista à Fox News, quando questionado sobre se os palestinianos teriam o “direito de regressar” ao território devastado pela guerra, o presidente respondeu: “Não, não teriam, porque terão um alojamento muito melhor. Por outras palavras, estou a falar em construir um lugar permanente para eles, porque se tivessem de regressar agora, demorariam anos a fazê-lo, não é habitável”, acrescentou. Para Trump, a solução passaria pela Jordânia e o Egito acolherem os palestinianos de Gaza e mostrou-se otimista quanto a um “acordo” com os dois governos. “Damos-lhes milhares de milhões de dólares por ano”, disse. Os dois países são aliados dos EUA e recebem quantias avultadas por ano. A Jordânia, onde vivem cerca de dois milhões de palestinianos, recebe 1,45 mil milhões em assistência por ano. O Cairo, por sua vez, recebe 1,3 mil milhões de dólares em assistência militar por ano. Mas a proposta inicial de Trump, que inclui a saída dos palestinianos de Gaza foi recebida com frontal rejeição por parte das potências regionais -- da Arábia Saudita à Turquia -- e a ira em países como a Jordânia. .“[Os palestinianos não regressariam a Gaza] porque vão ter um alojamento muito melhor. Por outras palavras, estou a falar de construir um lugar permanente para eles.”Donald Trump.Para dar conta de que a ideia é inaceitável, o rei Abdullah II é esperado esta terça-feira em Washington. Na segunda-feira foi a vez de o ministro dos Negócios Estrangeiros egípcio Badr Abdelatty ter dito ao seu homólogo Marco Rubio, na capital dos EUA, que os países árabes apoiam os palestinianos na rejeição da proposta de Trump e sublinhou a importância de acelerar a reconstrução de Gaza enquanto os palestinianos aí permanecerem. Abbas pisca o olhoO presidente da Autoridade Palestiniana Mahmoud Abbas pôs termo ao sistema que pagava subsídios às famílias dos prisioneiros palestinianos, incluindo os condenados por ataques terroristas contra Israel. Segundo o novo sistema, as famílias dos prisioneiros continuarão a ser elegíveis para assistência governamental, mas apenas em função das necessidades financeiras. Até agora, os pagamentos eram determinados com base no tempo que o prisioneiro tinha passado na prisão. O sistema também será transferido do governo palestiniano para uma fundação externa. Durante o primeiro mandato de Trump, os EUA suspenderam a assistência à Autoridade Palestiniana por causa do fundo dos mártires. O Hamas condenou a decisão da Autoridade Palestiniana, classificando-a como “uma medida antipatriótica que viola um dos princípios nacionais fundamentais”. .Libertação de reféns israelitas em suspenso