Trump disse achar "inconstitucional" que Harris seja candidata sem eleições primárias.
Trump disse achar "inconstitucional" que Harris seja candidata sem eleições primárias.JOE RAEDLE / GETTY IMAGES / AFP

Trump propõe três debates em resposta ao entusiasmo democrata

À onda de renovada esperança do campo oposto, o ex-presidente quis recuperar os holofotes para si e mostrou querer debater com Harris. Para já, a democrata aceitou o de 10 de setembro.
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A campanha para as eleições presidenciais dos Estados Unidos segue frenética, com as sondagens mais recentes a apontarem para uma quebra nas intenções de voto em Donald Trump, e ainda sem refletirem a escolha de Tim Walz para vice-presidente de Kamala Harris. Com a candidata democrata a usar algumas das armas do republicano, este respondeu ao convocar uma conferência de imprensa para os holofotes voltarem a si, e propôs três debates com a democrata, a quem voltou a chamar de “incompetente” e “não tão inteligente quanto Biden”. 

O ex-presidente, candidato derrotado em 2020 e de novo pretendente à Casa Branca, sugeriu a realização de três debates com Kamala Harris em 4, 10 e 25 de setembro durante a conferência de imprensa que convocou na sua casa e estância de Mar-a-Lago, na Florida. A ABC informou que irá transmitir o debate de dia 10, confirmado a presença de ambos os candidatos. 

Segundo o The Washington Post, Trump tem mostrado uma crescente irritação junto dos seus aliados políticos devido à cobertura noticiosa em redor da campanha de Harris e de Walz, bem como aos números das sondagens, que colocam a adversária numa trajetória ascendente e a discutir a liderança em cinco dos sete estados considerados decisivos para a vitória no colégio eleitoral. “É injusto que eu o tenha derrotado e agora tenha de a derrotar também”, terá dito a um dos seus próximos.

A avaliar pela conferência de imprensa também se mostrou irritado pelas multidões que acorreram aos comícios de Harris, tendo por exemplo afirmado ter estado em Harrisburg (Pensilvânia) em frente de 20 mil pessoas e que outras tantas ficaram à porta, isto apesar de a lotação do local ser de 8 mil. Outras incursões da campanha de Harris no universo de Trump são a utilização do avião da vice para chegar ao comício, como ocorreu no comício de quarta-feira num hangar de um aeroporto no Michigan, ou o apelo mais patriótico ao entoar-se o nome do país durante os eventos políticos. 

Sair do avião para o comício não é exclusivo de Trump. Kamala Harris e Tim Walz fizeram-no no Michigan. Andrew Harnik / GETTY IMAGES / AFP

“É claro que haverá uma transferência pacífica”, respondeu Trump na conferência de imprensa aos jornalistas depois das dúvidas levantadas pelo presidente e vice. Mas o republicano desdisse-se logo de seguida ao acrescentar: “Como aconteceu da última vez”, fazendo tábua rasa da horda que invadiu o Capitólio. Alegou também que ninguém morreu no dia 6 de janeiro de 2021 e que as pessoas presas foram “maltratadas”. Sobre as eleições, desejou que sejam “honestas”. 

Joe Biden tinha afirmado que a sua motivação para se apresentar de novo ao eleitorado era a defesa da democracia perante a ameaça de Trump. Num excerto de uma entrevista à CBS, a emitir no domingo, o presidente alertou para a possibilidade de uma tentativa de virar os resultados pela força. “Se Trump perder, não estou nada confiante”, disse Biden. “Ele está a falar a sério”, afirmou. Nos últimos meses, o nova-iorquino por duas vezes falou em “banho de sangue” caso não seja eleito. 

A conferência de imprensa mostrou um candidato que continua a ter um problema com os factos e que no mesmo minuto é capaz de afirmar que com ele não existiria guerra na Ucrânia nem inflação, que os EUA não têm energia para alimentar um parque automóvel elétrico e que encontra “entusiasmo” dos seus apoiantes em “países de que nunca ouviram falar". 

cesar.avo@dn.pt

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