O primeiro-ministro israelita encontrou-se com o enviado ao Médio Oriente da administração Trump horas depois de ter sido convidado pelo presidente norte-americano para se deslocar a Washington. Além disso, Steve Witkoff deslocou-se à Faixa de Gaza para verificar o cumprimento do acordo de cessar-fogo e encontrou-se com um assessor do líder da Autoridade Palestiniana, Mahmoud Abbas. Acompanhado do ministro israelita Ron Dermer, Witkoff, um antigo promotor imobiliário, visitou a fronteira entre Gaza e o Egito (área chamada de corredor Philadelphi pelos israelitas) e o corredor de Netzarim, uma estrada e respetivos postos de controlo ao longo da Faixa de Gaza, e que divide esta ao meio a sul da cidade de Gaza. “Temos de nos certificar de que a aplicação [do acordo] corre bem porque, se correr bem, entraremos na segunda fase e libertaremos muito mais corpos vivos”, disse na semana passada à Fox News. “Esta é a diretiva do presidente para mim e para todos os que trabalham no governo americano nesta matéria.” Witkoff, que se tornou no primeiro funcionário dos EUA a entrar no enclave em quase 15 anos, como notou o jornal israelita Haaretz, encontrou-se depois com Benjamin Netanyahu. Uma reunião da qual nada transpirou mas o canal de TV público israelita Kan 11 antecipava que terá servido Trump transmitir a mensagem de que espera que o acordo de cessar-fogo de três fases seja cumprido até ao fim, independentemente das divergências internas em Israel. Segundo meios de comunicação israelitas, Witkoff chegou a Israel oriundo da Arábia Saudita, onde se reuniu com o príncipe Mohammed bin Salman, onde discutiu um “amplo acordo para o Médio Oriente”. Este inclui a reconstrução de Gaza e, no futuro, a normalização das relações entre Telavive e Riade.A viagem de Witkoff coincide com o convite para Netanyahu ser o primeiro líder a visitar Trump na Casa Branca. “Estou empenhado em debater sobre como podemos trazer a paz a Israel e aos seus vizinhos, bem como os esforços para combater os nossos adversários comuns”, escreveu o nova-iorquino. O chefe de governo israelita estará nos EUA entre domingo e quinta-feira, de acordo com o seu gabinete. A reunião com Trump está agendada para terça-feira de manhã. Há quem especule que o israelita irá tentar obter o apoio da administração Trump para acabar com a solução dos dois Estados, depois de a Casa Branca ter levantado as sanções aos colonos na Cisjordânia. Já segundo a citada estação televisiva Kan, Netanyahu vai tentar obter o apoio de Trump para continuar a guerra. Mas podem não estar em sintonia: há dias, o republicano partilhou na sua plataforma Truth Social um vídeo do economista Jeffrey Sachs, no qual este classificava o governante israelita de “filho da mãe profundamente sombrio”, e acusou-o de tentar empurrar os EUA para a guerra contra o Irão. Ordem e desordemO presidente norte-americano continua a estabelecer as políticas através de ordens executivas. Na quarta-feira, segundo a Reuters, iria assinar uma ordem de “combate ao antissemitismo”, e na qual se compromete em deportar estudantes universitários e outros estrangeiros residentes nos EUA que tenham participado em protestos pró-palestinianos. “Vou cancelar rapidamente os vistos de estudante de todos os simpatizantes do Hamas nos campus universitários, que foram infestados de radicalismo como nunca.” Além disso, Trump ordenou ao Departamento de Justiça para “processar agressivamente ameaças terroristas, incêndio criminoso, vandalismo e violência contra judeus americanos”. .Suspensão de fundos federais agita oposição norte-americana. No entanto, a diretiva que mais agitou a sociedade norte-americana nas últimas horas não teve origem numa ordem executiva, mas num memorando do diretor interino do Departamento do Orçamento. Matthew Vaeth tinha ordenado a suspensão de todos os empréstimos e subvenções para se rever até 2000 programas, deixando em perplexidade cada um dos 50 estados e uma panóplia de organizações civis, apesar de a porta-voz da Casa Branca Karoline Leavitt ter garantido o contrário. “Não há incerteza neste edifício”, disse em conferência de imprensa. Mas a ordem foi de pronto suspensa por um juiz federal, em resultado de ações legais interpostas, e a administração Trump acabou por reverter a suspensão dos fundos federais.