Donald Trump.
Donald Trump.JUSTIN LANE / AFP)

Trump culpado no caso Stormy Daniels. Sentença marcada para 11 de julho

Caso em que o ex-presidente dos EUA é acusado de ter pago o silêncio da relação extra-conjugal com a atriz de filmes para adultos Stormy Daniels e depois falsificado as contas de forma a incluir esse valor como despesa de campanha.
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O ex-presidente norte-americano foi esta quinta-feira considerado culpado de ter falsificado as contas dos seus negócios no caso do pagamento à atriz de fimes para adultos Stormy Daniels.

Donald Trump foi considerado culpado em todas as 34 acusações que foi presente a tribunal, segundo a CNN Internacional.

O ex-presidente esteve presente na sala de audiências, durante a leitura da sentença.

A pedido da defesa de Donald Trump, todos os jurados foram questionados, individualmente, se confirmam esta sentença e responderam afirmativamente. A decisão do júri tem de ser unânime.

A sentença foi de seguida marcada para o dia 11 de julho e o júri foi dispensado.

Trump insistiu da tese da "perseguição política"

À saída do tribunal, o ex-presidente voltou a dizer-se vítima de "perseguição política" e colocou em questão a idoneidade dos jurados.

"O que aconteceu aqui foi uma desgraça", gritou para os jornalistas que se encontravam, a alguma distância, na zona. "Este julgamento foi uma fraude."

O advogado do ex-presidente, Todd Blanche, anunciou que tenciona recorrer "o mais rápido possível" da condenação. "Em Nova Iorque, o procedimento diz: conhece-se a pena, depois recorremos", referiu à CNN.

Na quarta-feira, os jurados debateram durante mais de quatro horas, sem chegar a uma decisão, algo que só aconteceu neste dia.

O julgamento durou seis semanas, foi dominado por história de sexo, dinheiro e política e o veredicto pode ter consequências desconhecidas para a campanha eleitoral das presidenciais de 5 de novembro, em que Trump defrontará o democrata e presidente em exercício, Joe Biden.

O Ministério Público de Nova Iorque alegou que o 45.º presidente dos Estados Unidos (2017-2021) era culpado de falsificar os documentos contabilísticos do seu grupo de empresas, a Organização Trump, para ocultar um pagamento à atriz de filmes para adultos Stormy Daniels para evitar um escândalo sexual, no final da sua campanha presidencial de 2016.

Durante as sessões do julgamento, Stormy Daniels detalhou de forma pormenorizada a relação sexual que teve com o ex-presidente.

Trump negou sempre ter tido qualquer relação sexual com Daniels e apresentou-se como vítima de uma cabala política, tendo recusado fazer qualquer depoimento durante o julgamento.

Michael Cohen, ex-advogado pessoal do ex-presidente, garantiu em tribunal que Donald Trump o instruiu a pagar 130 mil dólares (cerca de 110 mil euros) à atriz em troca do seu silêncio sobre este caso extramatrimonial, no final da campanha presidencial de 2016, versão também negada pela defesa.

Os procuradores insistiram que através deste pagamento - que compararam a uma despesa oculta de campanha - Donald Trump corrompeu a eleição de 2016, ao comprar o silêncio da atriz sobre essa relação sexual, que ela afirma ter ocorrido em 2006, quando este já era casado com Melania.

Contudo, o júri não decidiu sobre a existência deste caso sexual, mas sobre se Trump era culpado de 34 falsificações de documentos contabilísticos para ocultar o reembolso do pagamento a Michael Cohen, ao longo de 2017.

Esse crime é uma violação da lei eleitoral do estado de Nova Iorque, que proíbe a promoção de uma candidatura por meios ilegais.

Trump chegou mesmo a dizer que o juiz que presidiu ao julgamento era "corrupto" e defendeu que "este processo nunca deveria ter acontecido", sendo uma manobra política orquestrada pela Casa Branca do seu rival Biden.

Ao longo do julgamento, a defesa procurou ainda questionar a credibilidade da principal testemunha de acusação, Michael Cohen, o antigo advogado de Donald Trump, para semear dúvidas no júri, que apenas poderia condenar o ex-presidente havendo uma decisão unânime.

Agora, não caberá aos jurados, mas sim ao juiz, definir a sentença.

A prisão é teoricamente possível, sendo a falsificação de documentos contabilísticos punível com pena de até quatro anos de cadeia, no estado de Nova Iorque.

Contudo, na ausência de antecedentes criminais do arguido de quase 78 anos, o juiz pode aliviar a sentença, com uma pena suspensa com liberdade condicional ou serviço comunitário, bem como uma multa.

Em qualquer caso, Donald Trump poderá recorrer, com provável efeito suspensivo da sua pena, nomeadamente em caso de prisão.

Com Lusa

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