Putin ainda aberto a contactos com os EUA apesar da fúria de Trump, que entretanto lançou ameaça a Zelensky
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, avisou o homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky, que estará em "grandes apuros" se rejeitar um acordo sobre os minerais e as terras raras que está a ser negociado.
"Vejo-o a tentar sair do acordo de terras raras. E se o fizer, estará em apuros. Grandes, grandes apuros", disse no domingo Trump aos jornalistas, a bordo do avião presidencial.
"Fizemos um acordo sobre terras raras, e agora ele está a dizer: 'Quero renegociá-lo'. Ele quer ser membro da NATO. Bem, nunca o será. Ele compreende isso, por isso, agora que está a tentar renegociar o acordo, estará em sérios apuros", acrescentou o chefe de Estado.
O republicano tem pressionado Zelensky a assinar um acordo que dá às empresas norte-americanas acesso aos minerais ucranianos, enquanto tenta mediar um acordo de cessar-fogo entre a Ucrânia e a Rússia.
Em 20 de março, Trump disse que os Estados Unidos iriam assinar "muito rapidamente" um acordo com a Ucrânia sobre os minerais e as terras raras, que são muito procurados pelos norte-americanos.
"Estamos a assinar acordos para libertar minerais, terras raras e muitas outras coisas em vários locais do mundo, incluindo a Ucrânia", sublinhou o chefe de Estado norte-americano durante uma cerimónia na Casa Branca.
"Uma das coisas que faremos muito rapidamente é concluir um acordo sobre as terras raras da Ucrânia, que são incrivelmente valiosas", acrescentou.
Os comentários de Trump surgiram depois da assinatura de uma ordem executiva para impulsionar a produção nacional de minerais essenciais e terras raras, um setor essencial para o desenvolvimento tecnológico no qual a China detém um quase monopólio.
O bilionário republicano disse ainda que quer aumentar a produção de minerais essenciais nos Estados Unidos.
"Também assinei um decreto presidencial para aumentar drasticamente a produção de minerais importantes e terras raras. Isto é algo importante neste país", destacou ainda.
Para Trump, a exploração de minerais ucranianos pelos Estados Unidos seria uma compensação pela ajuda militar e financeira prestada por Washington nos últimos três anos a Kiev face à invasão russa.
No domingo, o presidente norte-americano também se afirmou "muito zangado" e "furioso" com o seu homólogo russo, Vladimir Putin, por causa da guerra na Ucrânia, e ameaçou impor novos impostos sobre o petróleo russo, numa entrevista televisiva.
"Se a Rússia e eu não conseguirmos chegar a um acordo para pôr um fim ao banho de sangue na Ucrânia, e acho que a culpa é da Rússia, eu vou impor tarifas secundárias sobre todo o petróleo que sai da Rússia", alertou Donald Trump, numa entrevista concedida à rede norte-americana NBC.
Segundo o governante, isso significaria que se alguém comprar petróleo da Rússia “não poderá fazer negócios nos Estados Unidos" e que a tarifa poderia chegar a 50%.
Trump também explicou que os impostos entrariam em vigor dentro de um mês se não houvesse um acordo de cessar-fogo e que Putin sabe que está zangado, mas acrescentou que tem "um relacionamento muito bom com ele" e que "a raiva se dissipará rapidamente se ele fizer a coisa certa".
O Presidente dos Estados Unidos da América (EUA) adiantou que planeia falar com Vladimir Putin nos próximos dias.
Os comentários de Trump foram feitos depois de Putin ter proposto na sexta-feira substituir o Governo ucraniano, presidido por Volodymyr Zelensky, por uma administração temporária para realizar eleições na Ucrânia e, segundo o líder russo, "começar a negociar um acordo de paz".
"Um governo temporário poderia ser estabelecido na Ucrânia sob os auspícios da ONU, dos EUA, de países europeus e de outros parceiros", disse Putin.
Trump disse ter ficado muito irritado com essa proposta, mas a realidade é que elas estão em linha com comentários anteriores do Presidente norte-americano, que há pouco mais de um mês chamou a Zelensky "ditador sem eleições" e depois o repreendeu numa reunião na Sala Oval da Casa Branca, a ponto de o convidar a sair.
Putin continua aberto a contactos com EUA apesar das críticas de Trump
Entretanto, o Kremlin disse esta segunda-feira continuar "aberto a qualquer contacto" com o homólogo norte-americano, na sequência de críticas de Donald Trump a Vladimir Putin.
"O Presidente continua aberto a qualquer contacto com o Presidente Trump", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, citado pela agência francesa AFP.
Peskov acrescentou que não estavam previstas novas chamadas telefónicas "entre os dois líderes por enquanto".
Na mesma entrevista em que criticou Putin, Trump ameaçou o Irão com bombardeamentos caso falhem as negociações sobre o acordo nuclear iraniano.
"Se eles não concordarem, haverá bombardeamentos", garantiu, evocando também a possibilidade de impor novas taxas alfandegárias ao Irão.
Já esta segunda-feira, o líder supremo do Irão, ayatollah Ali Khamenei, avisou que o Irão vai retaliar com força se for atacado por causa do programa nuclear.