Donald Trump, Presidente dos EUA.
Donald Trump, Presidente dos EUA.EPA/YURI GRIPAS

Trump admite que tarifas podem levar economia à recessão no curto prazo

Produto Interno Bruto dos EUA recuou 0,3% entre janeiro e março, a primeira descida em três anos, mas presidente norte-americano diz que é um período de transição.
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O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, garantiu que as suas políticas vão acabar por impulsionar a economia norte-americana, embora tenha reconhecido a existência de um risco inicial de recessão.

O Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA recuou 0,3% entre janeiro e março, a primeira descida em três anos, impactado pelo aumento das importações antes da entrada em vigor das tarifas impostas por Trump.

"Este é um período de transição e penso que vai correr muito bem", disse Trump à emissora norte-americana NBC News, de acordo com um excerto, divulgado na sexta-feira, de uma entrevista que será divulgada na íntegra no domingo.

Questionado sobre o risco de uma recessão nos Estados Unidos, o presidente norte-americano respondeu que "tudo pode acontecer".

"Mas penso que teremos a melhor economia da história do nosso país. Penso que vamos assistir ao maior boom económico da história", disse à NBC News.

O republicano deu início a uma guerra comercial ao impor tarifas maciças a um grande número de países, o que fez com que as ações na principal bolsa dos Estados Unidos caíssem inicialmente.

Mas os mercados terminaram a semana em alta, com os investidores otimistas depois de divulgados os números sobre o emprego nos EUA, melhores do que o esperado, e admitida a possibilidade de negociações entre EUA e China centradas nas taxas alfandegárias.

Orçamento aumenta verbas para segurança interna e defesa

Ontem, Donald Trump apresentou um projeto de orçamento do Estado federal para 2026 com aumentos fortes na fileira da segurança e defesa e cortes nas outras componentes da despesa.

Este primeiro projeto inclui um aumento de 13% do orçamento da defesa e 65% da segurança interna.

Em contrapartida, é avançado um corte de 22% nas despesas não militares, correspondentes a 163 mil milhões de dólares.

Cuidados pré-primários, investigação na área da saúde, energia renovável e missões de paz no estrangeiro ou serviços e agências estatais, como o que trata dos impostos, estão entre os que vão ficar com menos ou nenhuma verba. Os críticos de Trump avançam que está a usar o poder que tem para punir pessoas e instituições que lhe desagradam.

Trump encarregou Elon Musk de cortar nas despesas federais, o que já se traduziu designadamente em milhares de despedimentos.

O chefe dos democratas no Senado criticou imediatamente a proposta orçamental: "Um ataque frontal aos cidadãos que trabalham no duro", declarou Chuck Schumer, em comunicado.

No texto, Schumer contrastou também que "enquanto (Trump) destrói os programas da saúde, ataca a educação e suprime os programas dos quais as famílias dependem, reduz os impostos para os milionários e as grandes empresas".

Outra democrata, a senadora Patty Murray, eleita pelo estado de Washington, acentuou que Trump "tornou as suas prioridades claras: ele quer cortar o financiamento aos programas que ajudam os trabalhadores, enquanto cria massivos cortes de impostos para os bilionários como ele e os sobe-os para a classe média com as suas taxas (alfandegárias) irresponsáveis".

A Casa Branca avançou que este projeto orçamental, que faz da luta contra a imigração clandestina uma das suas prioridades, coloca o foco na segurança fronteiriça, para financiar "expulsões massivas e acabar com a série de apoios ilimitados dados aos migrantes ilegais, preferidos aos cidadãos (norte-)americanos".

Este projeto recenseia as prioridades do Executivo. Um documento mais completo há de ser entregue ao Congresso.

O projeto orçamental respeita apenas à despesa federal discricionária, que agora ascende a 1,83 biliões (milhão de milhões) de dólares, relativos a rubricas de defesa e outras. A Casa Branca cortou agora este total em 163 mil milhões, parte do orçamental total, que ascende a cerca de sete biliões de dólares.

Entre as alterações propostas estão os cortes de 33,3 mil milhões de dólares no Departamento de Saúde e Serviços Humanos, de 12 mil milhões no Departamento de Educação e de 9,6 mil milhões no Departamento de Estado.

Ao contrário, o Departamento da Defesa vai receber mais 113,3 mil milhões e o da Segurança Interna mais 42,3 mil milhões.

Vários cortes orçamentais apontados pelo governo de Trump atingem os programas designados woke, termo pejorativo utilizado pelos conservadores para atacar as políticas de promoção da diversidade ou programas de investigação universitários centrados no género ou na discriminação racial.

Os EUA estão com uma dívida pública de 36 biliões de dólares, que tem estado em crescendo, em particular com défices anuais que se aproximam rapidamente dos dois biliões e os juros da dívida quase no bilião de dólares.

A deterioração orçamental dos EUA acentuou-se com os gastos associados à pandemia do novo coronavirus, às alterações fiscais que reduziram a receita pública e aos custos crescentes de programas como o Medicare, o Medicaid e outros, na sua maioria para cobrir necessidades de cuidados médicos ligados ao envelhecimento das pessoas.

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