O Tribunal Supremo espanhol pediu esta sexta-feira à polícia catalã e ao Ministério da Administração Interna informações sobre a operação para deter o dirigente independentista Carles Puigdemont e "os elementos que determinaram o seu fracasso do ponto de vista técnico-policial"..Em dois documentos judiciais consultados pela Europa Press, o juiz Pablo Llarena pergunta aos Mossos d'Esquadra e à tutela que operação estava inicialmente montada para a deteção na fronteira e detenção de Puigdemont, bem como que ordens posteriores foram dadas, depois da sua fuga..Certo é que, segundo Jordi Turull, secretário-geral do seu partido, Junts per Catalunya, Puigdemont partiu "em direção a Waterloo", na Bélgica.."Ele vai voltar para Waterloo", disse à rádio RAC1, acrescentando que não sabia se Carles Puigdemont já tinha chegado a esta cidade belga perto de Bruxelas, onde passou a maior parte dos seus sete anos de exílio..Esta sexta-feira, o advogado do independentista, Gonzalo Boye, confirmou, também em declarações à RAC1, que o seu cliente se encontra fora de Espanha e falará "entre hoje e amanhã", sábado.Boye afirmou que "tudo correu" como planeado durante a visita de Puigdemont, na quinta-feira, a Barcelona. "[Puigdemont] não veio render-se, veio para lutar", vincou.Em declarações à Rac 1 e à Catalunya Rádio, o advogado explicou que, depois de contornar o cordão policial, Puigdemont deixou Espanha na quinta-feira, enquanto o secretário-geral da JxCat, Jordi Turull, afirmou, na primeira destas estações, que o ex-presidente regressou para a sua residência em Waterloo (Bélgica)..Segundo Boye, "tudo correu como Puigdemont tinha planeado anteriormente", já que "ele não tencionava ser preso"..O advogado de Puigdemont afirmou que o ex-presidente "sempre esteve à disposição da justiça", mas que "está a ser perseguido por factos que são amnistiados por uma lei que um juiz não quer aplicar"..Neste sentido, sustentou que o ex-presidente catalão é "livre" e manifestou a opinião de que a amnistia acabará por ser aplicada a Puigdemont "mais cedo ou mais tarde"..Dois elementos dos Mossos d'Esquadra foram detidos na quinta-feira por suspeita de terem ajudado o dirigente independentista a abandonar o centro de Barcelona sem ser detido..Puigdemont, antigo presidente do Governo Regional da Catalunha e protagonista da declaração unilateral de independência da região de 2017, vive no estrangeiro desde então, para fugir à justiça espanhola, e continua a ser alvo de um mandado de detenção em território nacional..Apesar disso, conseguiu surgir na quinta-feira em público numa concentração de milhares de apoiantes no centro de Barcelona sem ser detido..Depois de, a partir de um palco, se ter dirigido à multidão concentrada numa praça do centro da cidade, o dirigente separatista desapareceu, desconhecendo-se o seu paradeiro..Eleito deputado nas eleições catalãs de 12 de maio, Puigdemont tinha anunciado na quarta-feira que estaria na sessão parlamentar de quinta-feira, convocada para investir o socialista Salvador Illa presidente do Governo Regional, mas o plenário arrancou e decorreu sem a sua presença..A polícia tinha montado um perímetro de segurança em redor do parlamento, com uma barreira policial que Puigdemont teria de cruzar para aceder ao edifício, mas nunca chegou a esse local, onde se esperava que fosse detido..Os Mossos d'Esquadra acionaram depois a "operação Jaula", um dispositivo de segurança, com controlo de estradas, para tentar localizá-lo, mas sem sucesso..A polícia da Catalunha garantiu, num comunicado, que tentou deter o dirigente independentista nas ruas de Barcelona mas não conseguiu porque a prioridade foi evitar distúrbios, sublinhando que o político esteve sempre rodeado por milhares de pessoas e autoridades..Face às críticas de que está a ser alvo, a polícia catalã nega também qualquer "acordo ou conversação prévios" com Puigdemont..A força de segurança assegura que ativou um dispositivo considerado proporcional para evitar desordens públicas, atendendo ao anunciado regresso de Puigdemont a Espanha, mas também, em simultâneo, para garantir a segurança e a normalidade da sessão de investidura do novo presidente do Governo Regional no parlamento autonómico.