Tribunal belga autoriza evento de Orbán: “Vivemos à beira da opressão”
O segundo dia da conferência da direita conservadora e nacionalista em Bruxelas decorreu esta quarta-feira dentro da normalidade, depois de o primeiro dia ter sido interrompido pela polícia a pedido do autarca local, que alegava haver “risco para a segurança pública”. A decisão, criticada pelo primeiro-ministro belga, Alexander de Croo, foi revogada pelos tribunais. Os juízes consideraram que, se havia risco por causa de uma manifestação antifascista que estava planeada, deviam ter sido tomadas medidas para lidar com o protesto e não proibir um evento privado.
“Acho que a liberdade na Europa, e especialmente em Bruxelas, está em perigo”, disse o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, quando finalmente subiu ao palco como previsto e criticando a decisão do autarca de Saint-Josse, Emir Kir. “Quer chamemos isto de comunismo ou não, estamos a viver à beira da opressão na Europa”, acrescentou, aproveitando o discurso para defender uma “mudança de liderança” nas próximas eleições europeias. “Se a liderança se revela má, tem de ser substituída. É simples”, afirmou Orbán - que tem ligações aos organizadores da conferência.
Na terça-feira, a polícia não suspendeu totalmente o evento onde também discursou o ex-líder do UKIP, Nigel Farage, mas proibiu a entrada de pessoas no local. O francês Éric Zemmour, candidato às presidenciais de 2022, foi um dos oradores impedidos de entrar. “Graças a Deus, graças à pressão que fizemos, graças ao escândalo em toda a Europa, a Europa mostrou que ainda é o continente da democracia liberal e do Estado de Direito”, defendeu aos jornalistas, após ter subido ao palco.
Quem também discursou no evento foi a líder do Partido Nova Direita, Ossanda Liber, que numa nota de imprensa considerou a atuação do autarca como “típica dos movimentos de esquerda radical e da sua cultura de cancelamento, inimiga da Democracia, a ideologia política contra a qual estamos precisamente a lutar”.
Apesar da decisão do tribunal, o autarca de Saint-Josse defendeu a ordem que tinha dado para suspender o evento. “A minha ausência de simpatia por aqueles que pregam o ódio é assumida, mas foi a manutenção da ordem pública que motivou a proibição”, explicou na rede social X, prometendo continuar “vigilante”.
susana.f.salvador@dn.pt