Tiroteio no metro foi um de mais de 300 só este ano em Nova Iorque

O homem suspeito de atingir a tiro dez pessoas estava ainda em fuga, mas as autoridades não estão a investigar o caso como terrorismo. Nenhum ferido corre perigo de vida.
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Um homem feriu esta terça-feira a tiro dez pessoas numa carruagem de metro na estação de Brooklyn, naquele que foi o mais recente de mais de 300 tiroteios registados desde o início do ano em Nova Iorque. O suspeito, que usava uma máscara de gás e encheu a carruagem com fumo antes de começar a disparar, continuava em fuga, não estando o incidente a ser investigado como terrorismo. Outras seis pessoas ficaram feridas no pânico que se gerou, mas nenhuma das vítimas corria perigo de vida.

Ainda na semana passada, no balanço do primeiro trimestre de 2022, a polícia de Nova Iorque tinha revelado um aumento no número de tiroteios em relação ao mesmo período de 2021 - este ano, até 3 de abril, já tinha registado 296, contra 260 no mesmo período do ano passado. A tendência reflete "uma violência contínua e completamente inaceitável nas nossas ruas", disse a comissária da polícia, Keechant Sewell, citada pelo The New York Times. O presidente da câmara, Eric Adams, um ex-capitão da polícia que tomou posse em janeiro, estabeleceu como prioridade do seu executivo reverter os números.

O tiroteio ocorreu também um dia depois de o presidente norte-americano, Joe Biden, ter anunciado novas medidas para o controlo da posse de armas. Entre as novidades estão o aumento das restrições aos chamados "kits de armas fantasma", que permitem montar as armas em casa. A partir de agora não podem ser vendidos sem número de série (que os tornava difíceis de rastrear) e sem uma verificação dos antecedentes do comprador. Biden manteve-se em contacto com os responsáveis de Nova Iorque, tendo sido informado do tiroteio.

O tiroteio ocorreu em plena hora de ponta, com os alertas a serem dados às 8.30 locais. A comissária disse aos jornalistas que o suspeito colocou a máscara quando o metro da linha N estava a chegar à estação da 36th Street - por onde passam três linhas diferentes. "Ele abriu então um recipiente que tinha na mala e a carruagem encheu-se de fumo. Depois disso, começou a disparar", indicou Sewell.

"No momento, não pensei que fosse um tiroteio, porque pareciam fogos-de-artifício. Parecia um monte de estalidos dispersos", contou à CNN um dos passageiros, Yav Montaro. Segundo ele, haveria entre 40 a 50 pessoas dentro da carruagem, que procuraram passar para a carruagem da frente, mas a porta estava fechada. "Havia pessoas na outra carruagem que viram o que estava a acontecer e tentaram abrir a porta, mas não conseguiram", acrescentou.

Quando o metro chegou à plataforma, momentos depois, as pessoas saíram a correr - algumas entraram num outro metro, da linha B, que estava na plataforma oposta. "As pessoas saíram, esqueceram-se das malas e sapatos, deixaram tudo só para sair dali o mais rapidamente possível", indicou Montaro, dizendo que no interior da carruagem não conseguia ver quem estava ou não ferida, apenas "muito sangue".

Os bombeiros foram os primeiros a responder à ocorrência, tendo revelado depois que haveria vários "engenhos por detonar" no local. Mais tarde o departamento de polícia escreveu no Twitter que não havia naquele momento "dispositivos explosivos ativos". Investigadores que pediram o anonimato por não estarem autorizados a falar, disseram à AP que recuperaram uma arma no local, além de vários dispositivos de fumo e outros itens que estão a analisar. Segundo o New York Post, a arma seria uma Glock e terá encravado, evitando uma tragédia maior, e os outros itens encontrados serão um machado, uma lata de spray pimenta, dois recipientes com gás, granadas de fumo, e gasolina.

Segundo Sewell o suspeito é um homem negro, de aproximadamente 1,65 metros de altura e constituição forte. Usava um colete verde do género que é usado por operários da construção civil e uma sweathshirt com capuz cinzenta. As operações para identificar o suspeito estavam a ser dificultadas pelo facto de nenhuma das câmaras de segurança estar aparentemente a funcionar, segundo indicou um oficial das forças de segurança, citado pelo The New York Times. A polícia apelou às testemunhas que entrassem em contacto com as autoridades se tiverem alguma informação.

Não foram revelados mais pormenores sobre o suspeito ou a caça ao homem, com o presidente da câmara a dizer que este é um "momento sensível". Em confinamento depois de ter dado positivo para a covid-19 no domingo, Eric Adams publicou um vídeo no Twitter e disse que as autoridades não queriam divulgar o que sabiam para não alertar o suspeito. "Não vamos deixar que os nova-iorquinos sejam aterrorizados por um único indivíduo. A polícia está à procura do suspeito e vamos encontrá-lo", referiu.

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