Dezenas de mortos e 300 mil deslocados depois, em resultado de cinco dias de escaramuças fronteiriças, os primeiros-ministros do Camboja e da Tailândia selaram um acordo de cessar-fogo imediato e incondicional, o qual entrou em vigor à meia-noite local. O acordo foi obtido sob os auspícios do primeiro-ministro da Malásia, em Putrajaya. “Este é um primeiro passo vital para uma redução da tensão e a restauração da paz e da segurança”, afirmou o malaio Anwar Ibrahim, que detém a presidência rotativa da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), sobre o anúncio do cessar-fogo. O segundo passo é o de um encontro entre os respetivos comandantes militares regionais, o qual poderá ser sucedido por uma reunião dos adidos de defesa. O primeiro-ministro cambojano Hun Manet agradeceu ao homólogo tailandês, Phumtham Wechayachai, pelo papel construtivo que desempenhou, e deixou ainda elogios à “mediação decisiva” do norte-americano Donald Trump e do papel construtivo da China. “As soluções propostas pelo primeiro-ministro Anwar vão estabelecer as condições para avançar com as discussões bilaterais, regressar à normalidade e formar as bases para uma futura distensão”, disse Manet. . Por seu lado, o tailandês Wechayachai, primeiro-ministro interino que antes de partir para a Malásia havia expressado dúvidas sobre a “genuína vontade” de Phnom Penh, disse acreditar que o cessar-fogo iria ser aplicado “com sucesso e boa-fé por ambas as partes”. Afirmou: “O resultado de hoje reflete o desejo da Tailândia de uma resolução pacífica, continuando a proteger a nossa soberania e a vida do nosso povo”. Além de agradecer o papel da Malásia, também se mostrou deferente perante Trump.“Nobel para Trump”Durante o fim de semana, o presidente dos Estados Unidos disse que não entraria em conversações com nenhum dos países em conflito sobre as taxas aduaneiras. Trump anunciou que, sem acordo, as exportações dos dois países asiáticos serão taxados em 36% a partir de dia 1, sexta-feira. Perante a notícia do cessar-fogo, a porta-voz da Casa Branca escreveu nas redes sociais: “O presidente Trump fez isto acontecer. Atribuam-lhe o Prémio Nobel da Paz!” Não é a primeira vez que Karoline Leavitt faz campanha pelo prémio atribuído pelo Comité Nobel Norueguês. Há duas semanas, depois de Israel ter sugerido o seu nome como candidato, Leavitt afirmou que Trump “alcançou mais do que aqueles que venceram antes”. Uma indireta ao último laureado norte-americano, Barack Obama..Disputa territorial entre Tailândia e Camboja descamba em confrontos .Na origem dos confrontos e das acusações mútuas estão dois templos hindus localizados juntos da fronteira, e uma demarcação territorial que não é consensual. As tensões entre os dois países são recorrentes: na anterior crise, que durou entre 2008 e 2011, morreram 28 pessoas e foram desalojadas dezenas de milhares. Desta feita, a morte de um soldado cambojano, em maio, levou a uma espiral de violência e de acusações mútuas com ramificações políticas. A primeira-ministra tailandesa Paetongtarn Shinawatra está suspensa de funções pelo Tribunal Constitucional depois de ter sido revelado o conteúdo de uma conversa telefónica que manteve com Hun Sen, pai do primeiro-ministro cambojano e o homem forte do regime há décadas, sobre a crise entre os dois países..Camboja lança plano de ação para eliminar trabalho infantil até 2025.Tribunal Constitucional suspende primeira-ministra da Tailândia