Rishi Sunak é o novo PM britânico: "A minha prioridade é unir o país"

Penny Mordaunt desistiu da corrida pela liderança do Partido Conservador e abriu caminho para que Rishi Sunak seja o mais jovem chefe do governo britânico das últimas décadas.

Rishi Sunak, de 42 anos, vai suceder a Liz Truss como primeiro-ministro do Reino Unido, depois de Penny Mordaunt ter desistido da corrida à liderança do Partido Conservador.

Sunak torna-se no chefe de governo britânico mais jovem das últimas décadas. "É o maior privilégio da minha vida liderar o partido conservador e um país a quem devo muito. Precisamos de estabilidade e unidade. A minha prioridade é unir o meu partido e o meu país, para dar prosperidade aos nossos filhos e netos", afirmou, numa curta declaração que começou com palavras para a antecessora, Liz Truss: "Saiu com dignidade, num tempo muito difícil."

A única adversária de Sunak resolveu desistir numa reviravolta que aconteceu a poucos minutos de terminar o prazo para a confirmação das nomeações, que obrigavam à apresentação do apoio de pelo menos 100 dos 357 deputados do Partido Conservador.

Mordaunt deixou assim caminho aberto para Rishi Sunak suceder a Truss como o novo inquilino do número 10 de Downing Street.

A líder da Câmara dos Comuns disse, em comunicado, que estava "claro" que havia a necessidade de haver "certezas" ao dia de hoje, referindo-se ao apoio esmagador do grupo parlamentar do Partido Conservador, que a fez desistir da corrida.

Penny Mordaunt afirmou que agora Sunak tem o seu "total apoio" e que o momento tem de ser de "união" e de "trabalhar para o bem da nação".

"Agora escolhemos o nosso próximo primeiro-ministro. Esta decisão é histórica e mostra, mais uma vez, a diversidade e o talento do nosso partido", afirmou Mordaunt, que acrescentou que há agora "muito trabalho para fazer".

Graham Brady, presidente do Comité 1922 - grupo parlamentar responsável pela organização das eleições - fez uma declaração para confirmar que foi apresentada uma nomeação válida e que "Rishi Sunak é, portanto, eleito como líder do Partido Conservador."

No domingo, recorde-se, o ex-primeiro-ministro britânico Boris Johnson desistiu de se candidatar à liderança do Partido Conservador, abrindo a porta de Downing Street a Sunak, o seu antigo ministro das Finanças.

Mais cedo, Rishi Sunak tinha lançado oficialmente a candidatura e surgia claramente como o favorito, com quase 150 apoios. "O Reino Unido é um grande país, mas enfrentamos uma profunda crise económica (...) Quero consertar a nossa economia, unir o nosso partido e salvar o nosso país", escreveu Sunak no Twitter.

O antigo responsável pela pasta das Finanças será então o novo primeiro-ministro do Reino Unido e o primeiro não-branco na história britânica, graças ao apoio esmagador do grupo parlamentar do Partido Conservador, que fez desistir a única adversária.

Rishi Sunak, primeiro-ministro à segunda tentativa

Descendente de indianos e hindu praticante, o antigo ministro das Finanças britânico Rishi Sunak vai tornar-se, à segunda tentativa, no primeiro chefe de Governo não-branco do Reino Unido e o mais jovem das últimas décadas. Deverá ser indigitado como primeiro-ministro britânico nas próximas horas.

A subida ao posto menos de dois meses depois de ter sido derrotado por Liz Truss na eleição para a liderança do Partido Conservador é igualmente surpreendente e irónica.

A primeira-ministra demissionária renunciou na quinta-feira, após tentar implementar um programa económico que Sunak avisou que seria "irresponsável" porque iria aumentar a dívida pública, agravando a inflação e as taxas de juro, o que veio a acontecer.

O antigo ministro das Finanças tem agora pela frente uma grave crise económica e financeira, com o país à beira de uma recessão e pressionado para cortar a despesa pública.

Ao mesmo tempo, enfrenta a contestação de cada vez mais funcionários públicos, como professores e enfermeiros que pedem aumentos salariais, e do Partido Trabalhista, que tem uma vantagem de cerca de 30 pontos percentuais nas sondagens.

A Rishi Sunak são apontadas a educação privilegiada na exclusiva escola privada de Winchester e a riqueza pessoal para o criticar como alguém "desligado" das dificuldades do quotidiano dos cidadãos comuns.

Sunak e a esposa Akshata Murty, filha de um magnata indiano co-fundador da multinacional Infosys, entraram este ano para a 222.ª posição da lista dos mais ricos do jornal Sunday Times, com uma fortuna estimada em 730 milhões de libras (840 milhões de euros no câmbio atual).

Porém, o antigo analista financeiro tem invocado as origens humildes dos avós imigrantes, que chegaram ao Reino Unido nos anos 1960, e dos pais, um médico e uma farmacêutica que trabalharam para dar aos filhos uma boa educação e oportunidades.

Os britânicos devem julgá-lo "pela personalidade e ações, não pela conta bancária", argumentou várias vezes durante a campanha no verão.

Nascido em 12 de maio de 1980 na cidade inglesa de Southampton, Rishi Sunak é o mais velho de três irmãos. Depois de se licenciar em Filosofia, Política e Economia (PPE) em Oxford, completou os estudos com um MBA na Universidade de Stanford nos EUA, onde conheceu a esposa.

O casal tem duas filhas, Krishna e Anoushka, de 11 e nove anos, respetivamente.

Ascensão meteórica pelo envolvimento ativo na campanha pelo Brexit

Após trabalhar para o banco de investimento Goldman Sachs e outras instituições financeiras, Sunak entrou para a política, destacando-se como um partidário acérrimo da saída do Reino Unido da União Europeia.

Em 2015, foi eleito deputado pela circunscrição de Richmond no condado de Yorkshire, no norte de Inglaterra, uma região essencialmente rural e tradicionalmente conservadora que antes foi representada pelo líder 'tory' William Hague.

Desde então, teve uma ascensão meteórica devido ao envolvimento ativo na campanha pelo Brexit em 2016, tendo inclusive representado Boris Johnson em vários debates televisivos nas eleições legislativas de 2019.

Nomeado em 2019 secretário de Estado das Finanças, Rishi Sunak foi promovido um ano mais tarde a ministro das Finanças após a demissão inesperada de Sajid Javid, tornando-se desde então um potencial sucessor de Boris Johnson.

Sunak ganhou elogios por introduzir rapidamente programas de apoio no valor de milhares de milhões de libras para manter postos de trabalho e empresas a funcionar durante 18 meses de confinamentos devido à pandemia de covid-19.

Mas caiu em desgraça entre os militantes, nomeadamente devido ao aumento da contribuição para a Segurança Social para financiar a pesada despesa com a saúde e assistência social, e por ter desempenhado um papel influente na queda abrupta de Boris Johnson.

Na carta de demissão, em 5 de julho, Sunak alegou que os princípios de boa conduta "importam" e distanciou-se da falta de "seriedade e competência" do então primeiro-ministro.

Tanto na eleição que perdeu para Liz Truss como nesta que hoje terminou, foi o candidato com mais votos entre os deputados conservadores.

Mas, mesmo depois de a turbulência económica dos últimos meses terem mostrado que tinha razão na abordagem prudente à economia, Sunak continua a dividir opiniões e muitos dos militantes acusam-no "trair" e "apunhalar nas contas" o popular Boris Johnson.

Liz Truss felicita sucessor e promete apoiá-lo

A primeira-ministra demissionária britânica, Liz Truss, deu os parabéns ao seu sucessor Rishi Sunak, prometendo "apoio total".

"Parabéns a Rishi Sunak por ser nomeado como líder do Partido Conservador e nosso próximo primeiro-ministro. Tem o meu apoio total", afirmou, através da rede social Twitter.

Com Lusa

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