Secretário-Geral da NATO, Jens Stoltenberg
Secretário-Geral da NATO, Jens Stoltenberg

Stoltenberg anuncia compra de 700 milhões em mísseis Stinger

Jens Stoltenberg apela ao aumento da despesa militar, mas reconhece que “o desafio difícil é dizer se aumentaremos os impostos ou os défices.”
Publicado a
Atualizado a

Ao falar na cerimónia que marca o arranque da Cimeira da NATO, em Washington, o Secretário-Geral Jens Stoltenberg lança um duplo apelo para o aumento das capacidades militares, revelando que, nesta terça-feira, a agência da NATO lançou uma compra de 700 milhões de dólares em mísseis Stinger, em nome dos aliados.

Na cerimónia que assinala os 75 anos da Aliança Atlântica, Stoltenberg insiste com os governos para reforçarem os gastos militares, lembrando que os dois por cento do PIB para a defesa já não são a meta, mas sim o ponto de partida. Por outro lado, apela à indústria para reforçar as capacidades de produção.

A cimeira, que pretende enviar um sinal à indústria de defesa para aumentar a produção, vê o secretário-geral, Jens Stoltenberg, insistir que é preciso aumentar os gastos militares.

“Não há como fornecer uma defesa forte sem uma indústria de defesa forte”, frisou, reconhecendo que os Estados “estão totalmente dependentes” do que a indústria de defesa “tem para fornecer”.

Por outro lado, “a boa notícia é que vocês [a indústria] também estão muito dependentes de nós, porque somos o vosso único cliente”, ironizou, concretizando, num tom mais sério, que “a única maneira de obter contratos (...) é, na verdade, que os governos decidam investir mais na defesa.”

No entanto, “é preciso entender que, para um político, a dificuldade não é ser a favor do aumento dos gastos com a defesa. O desafio difícil é dizer o que irá receber menos, ou se aumentaremos os impostos ou aumentaremos os défices”, reconheceu.

Destacando que “23 aliados” se preparam este ano para “atingir ou ultrapassar” os 2% do PIB em despesa militar, Jens Stoltenberg lembra que a NATO adoptou em Vílnius uma nova linguagem sobre os gastos em defesa. E, “2% já não é uma espécie de teto, mas agora 2% é a base para os nossos gastos com defesa.”

“Portanto, não estamos complacentes. O que fazemos agora não é suficiente, vamos fazer mais. Há uma boa perspetiva de mercado para a indústria, porque os gastos com defesa continuarão a aumentar e continuarão a investir nas coisas que a indústria tem para fornecer”, enfatizou.

Stoltenberg anunciou que o resultado da cimeira será a assinatura de um novo compromisso industrial de defesa por “todos os aliados.”

“E isso será um compromisso que ajudará a tornar a nossa indústria na Europa e na América do Norte mais forte, mais inovadora e capaz de produzir em escala.”

O compromisso tem duas componentes. A primeira passa pelo aumento dos gastos com a defesa. A outra componente será a melhoria dos gastos “aumentando os gastos conjuntos.” A segunda vertente do compromisso tem como objectivo “garantir que somos capazes de realmente assinar os grandes contratos a longo prazo, e também parcialmente para garantir que somos capazes de utilizar a economia de escala, trabalhando em conjunto com a indústria de defesa.”

Stoltenberg citou o volume de contratos realizados no ano passado pela NSP, a agência de apoio e aquisição da NATO, que alcançaram “mais de 11 mil milhões de dólares para munições e capacidades”, acrescentando que “hoje, a NSP assinou novos contratos multinacionais para mísseis Stinger no valor de quase 700 milhões de dólares.”

“Podemos utilizar a economia de escala, podemos aumentar a procura, aumentar a procura por contratos a longo prazo”, destacou ainda o secretário-geral da NATO, falando em Washington, na cerimónia de abertura da cimeira que celebra oficialmente os 75 anos da Aliança Atlântica, que pretende também enviar um sinal à indústria de defesa para o aumento da produção de equipamentos e aprovar uma ajuda estruturada de longo prazo para a Ucrânia, equivalente a 40 mil milhões de euros.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt