Scholz e Macron preparados para "cooperar com novos líderes" mediante condições
Uma estátua gigante de Hafez al-Assad, pai do presidente sírio deposto Bashar al-Assad, foi derrubada na cidade de Deir Atiyah, a norte da capital Damasco.
No momento em que ela cai no chão, ouvem se vários aplausos com os rebeldes a dispararem balas para o ar.
Hafez al Assad, que morreu em 2000, governou a Síria durante quase 30 anos, estabelecendo uma economia centralizada ao estilo soviético, reprimindo brutalmente qualquer dissidência.
Os governos de Itália e Países Baixos anunciaram esta segunda-feira a suspensão da análise dos pedidos de asilo de refugiados sírios, seguindo o exemplo de outros países europeus na sequência da queda do regime do presidente sírio, Bashar al-Assad.
A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, tomou esta decisão depois de se ter reunido hoje à tarde com o seu ministro dos Negócios Estrangeiros, Antonio Tajani, o ministro do Interior, Matteo Piantedosi, o ministro da Defesa Guido Crosetto e membros dos serviços secretos, para analisar a situação na Síria.
"Na reunião, o Governo estabeleceu, na sequência de outros parceiros europeus, suspender o processamento dos pedidos de asilo provenientes da Síria", pode ler-se, em comunicado.
Itália decidiu ainda manter a sede diplomática, agradecendo profundamente a todo o pessoal destacado.
Também o Governo neerlandês anunciou que os serviços de imigração vão suspender as avaliações dos pedidos de asilo apresentados por cidadãos sírios nos Países Baixos durante os próximos seis meses, perante a incerteza.
A ministra dos Países Baixos da Migração e do Asilo, Marjolein Faber (extrema-direita), apontou que "atualmente, não existe clareza suficiente sobre a situação na Síria para tomar uma decisão informada sobre os pedidos de asilo de cidadãos sírios" e a Lei dos Estrangeiros permite prolongar o período de decisão em situações de "incerteza temporária sobre o país".
No entanto, os pedidos pendentes há mais de 21 meses deverão ser resolvidos e o regresso forçado à Síria não era, por si só, possível devido à falta de relações diplomáticas com o regime de Al Assad. Para deportar uma pessoa é necessário negociar com o país de origem.
A política de asilo aplicada nos Países Baixos aos cidadãos sírios baseia-se sobretudo na "insegurança geral" do país, acentuada pelas ações repressivas das autoridades sírias em grande parte do território.
As violações dos direitos humanos sob Al Assad que os sírios enfrentaram ao regressar foram razão suficiente para representar "um risco real de danos graves" e aprovar o seu asilo.
O líder da direita radical Geert Wilders, um parceiro do Governo, queria a suspensão total dos pedidos de asilo e uma deportação ativa dos sírios, argumentando que "estão agora a celebrar a nova situação" na Síria.
Entretanto, os liberais VVD e os agricultores BBB defenderam uma "pausa" nas decisões porque "é ainda incerto o que os recentes desenvolvimentos na Síria significarão para a segurança dos refugiados sírios".
A Suécia, a Suíça, a Dinamarca, a Noruega e o Reino Unido também anunciaram hoje a suspensão da análise dos pedidos de asilo de refugiados sírios.
Pelo menos dez manifestantes morreram esta segunda-feira e outros 22 ficaram feridos na cidade de Deir Al Zur, no leste da Síria, por disparos da aliança liderada pelos curdos, Forças Democráticas Sírias (SDF), noticiou a televisão Syria TV.
A estação de televisão, agora controlada pelos rebeldes da oposição, citou "fontes privadas" e mostrou imagens de centenas de pessoas a manifestarem-se pela saída das SDF de Deir Al Zur, pedindo que a cidade seja controlada pela aliança de fações liderada pelo Organismo de Libertação do Levante (Hayat Tahrir al Sham ou HTS, em árabe), que derrubou o regime do ex-presidente Bachar al Assad.
"Deus é grande, Deus é grande (...) deixem sair esses gangues do SDF", ouvia-se no vídeo exibido pela Syria TV.
O SDF, que não reagiu a esta informação, inclui entre os seus quadros as Unidades de Proteção Popular (YPG), apoiadas pelos Estados Unidos na sua luta contra a organização terrorista Estado Islâmico (EI), noticiou a agência Efe.
A Turquia, por sua vez, que apoia o HTS, considera o YPG um grupo terrorista e afiliado da guerrilha turca Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK).
A aliança curda síria tinha anunciado, na passada sexta-feira, que as suas unidades foram destacadas para Deir al-Zur depois de o Exército sírio e as milícias iranianas se terem retirado da cidade, perante o avanço da coligação insurgente, composta por uma variedade de fações armadas, incluindo grupos apoiados pela Turquia.
O chanceler alemão, Olaf Scholz, e o presidente francês, Emmanuel Macron, analisaram esta segunda-feira a situação na Síria após a queda do regime do presidente Bashar al-Assad, garantindo que estão "preparados para cooperar com os novos líderes" mediante certas condições.
"Ambos concordaram que estavam prontos para cooperar com os novos líderes, com base nos direitos humanos fundamentais e na proteção das minorias étnicas e religiosas", pode ler-se na declaração divulgada pelo Governo alemão.
A situação sobre aquele país do Médio Oriente foi o tema central da conversa telefónica entre os dois líderes europeus, que consideraram a queda do regime de Bashar al-Assad uma boa notícia.
"O chanceler alemão e o presidente Macron felicitaram-se mutuamente pelo fim do regime de Bashar al-Assad na Síria, uma vez que Assad causou um sofrimento terrível ao povo sírio e grandes danos ao seu país", observaram.
Ainda de acordo com Berlim, ambos sublinharam, na sua conversa, "a importância de preservar a integridade territorial e a soberania da Síria" e também "concordaram em trabalhar em conjunto para reforçar o compromisso da União Europeia na Síria, incluindo o apoio a um processo político inclusivo" num país que sofreu mais de uma década de guerra civil.
Scholz e Macron indicaram também que vão continuar a coordenar-se estreitamente com os parceiros do Médio Oriente para discutir o caminho a seguir numa região também em turbulência após a queda e fuga do ditador sírio.
O Brasil retirou esta segunda-feira de manhã o seu embaixador na Síria e outros funcionários diplomático devido a receios de segurança no país após a queda do Presidente Bashar al-Assad, indicou à Lusa fonte do Itamaraty.
De acordo com a mesma fonte, "hoje de manhã o embaixador saiu de lá com outros funcionários" e encontra-se neste momento em Beirute.
Para já, detalhou fonte do Itamaraty à Lusa, o embaixador ficará em Beirute a aguardar e a acompanhar a situação.
"Se houver estabilidade para o retorno" o embaixador poderá regressar à Síria, disse.
O secretário-geral da ONU deixou esta segunda-feira aberta a possibilidade de reconhecer a legitimidade de um eventual Governo da Organização de Libertação do Levante (Hayat Tahrir al Sham ou HTS), que liderou o derrube do ex-presidente sírio Bashar al-Assad.
"Penso que estamos todos ansiosos por saber o que o futuro nos reserva, mas penso que temos de levar as coisas aos poucos, vendo como vão progredindo dia após dia e mantendo determinados objetivos", disse hoje o porta-voz de António Guterres, Stéphane Dujarric no seu 'briefing' diário à imprensa, em Nova Iorque.
Além disso, a Secretaria-Geral da ONU sublinhou que "a Síria, independentemente das mudanças que tenham sido feitas, continua obviamente a ser um Estado membro" da organização.
De momento, o gabinete de Guterres permanece cauteloso, mas informou que tem "contactos operacionais" com o HTS - bem como com outros actores-chave no conflito, como a Turquia - através da missão do enviado especial da ONU para Síria, Geir Pedersen.
O HTS, herdeiro da Frente Al Nusra -- ex-afiliada da Al Qaeda na Síria -- assumiu o controlo das principais cidades sírias e declarou Damasco "livre da ditadura" de Assad no domingo, após uma ofensiva de apenas 12 dias.
Este grupo insurgente, em colaboração com diferentes facções rebeldes, derrubou oficialmente o antigo Presidente sírio e pediu hoje aos milhões de refugiados que foram forçados a abandonar o seu país para regressarem e "contribuírem para a construção do futuro".
Incumbiram Mohamed al-Bashir, o líder do "Governo de Salvação" - a administração de fato na província síria do norte de Idlib controlada pelo HTS - de formar um governo de transição na Síria.
O porta-voz de Guterres também pediu tempo para considerar a possibilidade de excluir o HTS da lista de organizações terroristas da qual faz parte desde 2018.
Embora o HTS insista que não tem ambições 'jihadistas' nem faz parte de entidades externas, a ONU, a União Europeia e potências como os Estados Unidos, entre muitas outras, ainda o consideram uma organização terrorista.
"O Conselho de Segurança tomará essa decisão. Agora temos que lidar com o imediato, com a realidade do momento (...) A exclusão da lista depende dos membros do Conselho de Segurança", disse Dujarric.
A aviação israelita bombardeou esta segunda-feira navios militares no porto mediterrânico sírio de Latakia e paióis em várias localidades dos arredores da cidade, informaram o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH) e a rádio oficial do Exército israelita.
A organização não-governamental OSDH, com sede no Reino Unido e uma vasta rede de contactos no terreno, indicou que "aviões de guerra israelitas lançaram ataques contra navios de guerra sírios no porto de Latakia e contra armazéns de armas das forças do antigo regime" nos arredores da cidade.
Segundo o diretor do OSDH, Rami Abdel Rahman, Israel pretende destruir o "poder militar" do Governo de Assad, derrubado no domingo por uma coligação de grupos rebeldes islamitas.
A rádio oficial do Exército israelita asseverou que "Israel está a destruir navios militares sírios no porto de Latakia", embora consultada pela agência de notícias espanhola EFE, a instituição militar não tenha fornecido mais informações.
O OSDH indicou que outros alvos militares do Exército do deposto presidente sírio, Bashar al-Assad, nos arredores de Damasco e de outras cidades do país, como Mahaja, no norte da província de Daraa (sul), foram também hoje atacados pela aviação militar israelita.
Segundo a ONG, "Israel destruiu todos os aviões de combate nos aeroportos, além de alguns radares e depósitos de armas, desde que Bashar al-Assad fugiu da Síria após a queda do seu regime".
Além disso, cifrou em mais de 100 os ataques efetuados por Israel nas províncias de Latakia, Hama, Damasco e sua periferia e Daraa para "destruir o que restava de armamento nos armazéns controlados pelas forças do antigo regime" sírio.
O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, afirmou esta segunda-feira que os Estados Unidos estão "determinados" em impedir que o grupo terrorista Estado Islâmico (EI) se reconstitua na Síria, após a queda do regime de Bashar al-Assad.
"O EI vai tentar aproveitar este período para restabelecer as suas capacidades e criar santuários. Os nossos ataques de precisão deste fim de semana mostram que estamos determinados a impedir que isso aconteça", disse Blinken numa cerimónia no Departamento de Estado.
O secretário de Estado disse repetidamente que os EUA têm "interesses claros" na Síria, referindo-se aos comentários do presidente eleito Donald Trump de que os EUA não se devem "envolver" na situação no país do Médio Oriente.
"Temos um interesse claro em fazer o que pudermos para evitar a fragmentação da Síria, a migração em massa a partir da Síria e, claro, a exportação do terrorismo e do extremismo", disse o chefe da diplomacia norte-americana.
Os Estados Unidos têm também um "grande interesse em garantir que as armas de destruição maciça ou os seus componentes que permanecem na Síria não caiam nas mãos erradas", acrescentou Blinken.
O presidente norte-americano, Joe Biden, afirmou no fim-de-semana que a prioridade imediata de Washington é prevenir o ressurgimento do EI, que em 2014 chegou a controlar vastas zonas da Síria e do Iraque, onde proclamou um "califado".
Com esse objetivo, forças norte-americanas realizaram no domingo uma dezena de ataques aéreos no centro da Síria e atingiram 75 alvos vinculados ao grupo terrorista, segundo o Pentágono.
Os Estados Unidos têm 900 soldados destacados na Síria, que permanecerão na região como parte da coligação internacional contra o EI para evitar que o grupo 'jihadista' aproveite a conjuntura para se reorganizar.
Também hoje, o secretário de Defesa Lloyd Austin advertiu que o EI pode tentar aproveitar o colapso do Governo de Bashar al-Assad para se reorganizar.
"Existe o potencial de que elementos na área, como o EI, tentem aproveitar esta oportunidade e recuperar capacidades", disse Austin em declarações no Japão, a bordo do navio USS George Washington.
Austin também se mostrou "surpreendido" que "as forças de oposição tenham avançado tão rápido como o fizeram".
"Acredito que todos esperavam ver uma resistência muito mais firme por parte das forças de al-Assad", assegurou.
O partido sírio Baas, do ex-presidente Bashar al-Assad, declarou esta segunda-feira apoiar a fase de transição no país, após o derrube do regime por uma coligação rebelde.
"Continuaremos a apoiar uma fase de transição na Síria visando defender a unidade do país", declarou o secretário-geral do partido, Ibrahim al-Hadid, em comunicado.
O líder dos rebeldes sírios, Abu Mohammed al-Jolani, discutiu hoje com o ex-primeiro-ministro Mohammed al-Jalali uma "coordenação da transição de poder", anunciou o movimento que derrubou o presidente Bashar al-Assad.
Al-Jolani - que passou a usar o seu verdadeiro nome, Ahmad al-Chareh - conversou com al-Jalali "para coordenar uma transição de poder garantindo a prestação de serviços" à população síria, afirmaram os rebeldes, num comunicado acompanhado de um breve vídeo da conversa.
Também esteve presente no encontro o primeiro-ministro que lidera o "Governo de Salvação" do bastião dos rebeldes do Organismo de Libertação do Levante (Hayat Tahrir al Sham ou HTS), no noroeste da Síria.
Antes, o movimento encarregou Mohamed al-Bashir, o líder do "Governo de Salvação" - a administração de fato na província síria do norte de Idlib controlada pelo HTS - de formar um Governo de transição, noticiou a televisão síria, dirigida agora pela oposição.
Segundo a televisão síria, a reunião entre os líderes rebeldes e o ex-primeiro-ministro destinou-se a evitar que o país entre num estado de "caos" após a queda do regime.
No vídeo da reunião divulgado pelo HTS, o líder rebelde al-Jolani assegurou que, apesar de a região de Idlib, onde tinha a sua autoridade de facto, ser pequena e sem recursos, os responsáveis pela sua administração conseguiram acumular experiência e sucessos.
Além disso, precisou que não vai prescindir dos funcionários qualificados do regime deposto.
O HTS, após a tomada de poder na Síria, lançou vários comunicados nos quais prometeu tolerância em relação aos seguidores de diferentes igrejas e confissões no país, e advertiu os seus membros de que devem evitar maus-tratos ou agressões aos civis.
Segundo a AP, muitos funcionários públicos não retomaram funções, e um responsável das Nações Unidas alertou que o setor público do país está paralisado, causando problemas em aeroportos e fronteiras e desacelerando o fluxo de ajuda humanitária.
O setor público "parou completa e abruptamente", disse Adam Abdelmoula, coordenador residente humanitário da ONU para a Síria, observando, que um voo de ajuda carregando abastecimentos médicos urgentemente necessários foi suspenso após os funcionários da aviação abandonarem os postos de trabalho.
"Este é um país que teve um único governo durante 53 anos e, de repente, todos aqueles que foram demonizados pela comunicação social pública agora estão no comando na capital do país," disse Abdelmoula à AP.
O parlamento sírio afirmou esta segunda-feira que respeita a vontade do povo de construir "uma nova Síria", saudando o que considerou "um dia histórico", após a tomada de Damasco no domingo pelos rebeldes e a fuga do ex-presidente Bashar al-Assad.
"O dia 8 de dezembro foi um dia histórico na vida de todos os sírios. Apoiamos o desejo do povo de construir uma nova Síria, focada num futuro melhor, governada pela lei e pela justiça", afirmou o parlamento num comunicado divulgado pela agência de imprensa oficial, Sana, cujo logótipo na rede social Telegram exibe agora as três estrelas da bandeira rebelde.
O antigo primeiro-ministro sírio Mohammed Ghazi al-Jalali aceitou entregar o poder ao grupo de rebeldes que derrubou o regime de Bashar al-Assad.
De acordo com a Sky News, Mohammed Ghazi al-Jalali revelou, em declarações à Al Arabiya TV, que chegou a acordo com o que designou de “Governo de Salvação” da Síria.
O movimento que derrubou al-Assad anunciou que o líder dos rebeldes sírios, Abu Mohammed al-Jolani, discutiu esta segunda-feira com o ex-primeiro-ministro uma "coordenação da transição de poder".
Al-Jolani - que passou a usar o seu verdadeiro nome, Ahmad al-Chareh - conversou com al-Jalali "para coordenar uma transição de poder garantindo a prestação de serviços" à população síria, afirmaram os rebeldes, num comunicado acompanhado de um breve vídeo da conversa.
Também esteve presente no encontro o primeiro-ministro que lidera o "Governo de Salvação" do bastião rebelde, no noroeste da Síria.
Com Lusa
Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, acusou Bashar al-Assad de “fugir e deixar a Síria em escombros”, referindo-se ao fim do regime do ex-presidente sírio e a fuga deste para a Rússia.
Para Erdogan, citado pelo The Guardian, um “período negro” na Síria terminou e um período de luz começou com o fim do regime de Bashar al-Assad.
O “vento de mudança na Síria será benéfico para o povo sírio”, afirmou o presidente turco, referindo-se aos refugiados de 13 anos de guerra civil, "Os regressos seguros e voluntários vão aumentar à medida que a estabilidade for alcançada”, considerou Erdogan.
O Reino Unido vai disponibilizar 11 milhões de libras (13,3 milhões de euros) em ajuda humanitária adicional para estabilizar a Síria na sequência da queda do regime de Bashar al-Assad por rebeldes liderados por islamitas.
Num comunicado, o Governo britânico adiantou que este financiamento, transferido para a ONU e para organizações humanitárias, visa "satisfazer as necessidades das pessoas mais vulneráveis em todo o país, incluindo as mais de 370 mil pessoas que se estima terem sido deslocadas devido aos recentes acontecimentos".
O anúncio foi feito numa altura em que o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, se encontra numa visita ao Médio Oriente.
Bom dia!
Acompanhe aqui as principais incidências desta segunda-feira da situação na Síria.
O grupo extremista palestiniano Hamas encorajou hoje o povo sírio a "ultrapassar as dores do passado" após a queda do regime de Bashar al-Assad às mãos dos rebeldes islamitas.
O grupo aliado do Irão emitiu uma rara declaração em que reafirmou o apoio aos sírios e à integridade territorial da Síria.
Na mensagem, o Hamas não se referiu diretamente à coligação de milícias apoiada pela Turquia que tomou Damasco na madrugada de domingo, após uma ofensiva de 12 dias, segundo a agência espanhola EFE.
A mensagem é muito diferente da do grupo xiita libanês Hezbollah, outro satélite iraniano que tinha uma grande presença de combatentes na Síria até à recente escalada contra Israel na fronteira libanesa.
O deputado do Hezbollah Hasan Fadlalah disse que "o que está a acontecer na Síria é uma transformação importante, perigosa e nova", segundo a Agência Nacional de Notícias libanesa (ANN).
Fadlalah acrescentou que será necessário tempo para avaliar os efeitos da queda do regime sírio no "eixo de resistência" contra Israel.
Liderado pelo Irão, a aliança integra o Hezbollah, o Hamas, os huthis no Iémen e outras milícias no Iraque e na Síria.
No seu comunicado, o Hamas mostrou-se confiante de que o povo sírio conseguirá "ultrapassar a fase delicada" que está a viver.
Os rebeldes sírios afirmam ter concedido uma amnistia a todos os militares recrutados para o serviço obrigatório durante o governo de Bashar al Assad, de acordo com a agência de notícias Reuters, que cita o canal Telegram do grupo.
“As suas vidas estão seguras e nenhum ataque contra eles será permitido”, afirmou o grupo em comunicado.
A Jordânia e o Egito condenaram hoje o envio de soldados israelitas para uma zona-tampão anteriormente desmilitarizada nos Montes Golã, na fronteira entre Israel e a Síria, após a queda do regime de Bashar al-Assad.
O ministro dos Negócios Estrangeiros da Jordânia, Ayman Safadi, informou que a entrada de soldados em território sírio representa "uma violação do direito internacional", acrescentando que a "estabilidade e segurança" na Síria faz parte dos "interesses estratégicos" de Amã.
As palavras de Safadi surgem depois de o Governo israelita ter ordenado ao Exército que concluísse a consolidação do controlo da zona-tampão criada em território sírio, depois de as tropas israelitas terem assumido o controlo do lado sírio da montanha Hermon, no domingo.
O chefe da diplomacia da Jordânia sublinhou que o seu Governo "espera que a Síria regresse à calma e à ordem para que os refugiados possam regressar (às suas casas)", antes de acrescentar que o Rei Abdullah II deu instruções para "prestar apoio e assistência à Síria para a reconstrução das suas instituições".
No mesmo sentido, o primeiro-ministro jordano, Jafar Hasan, explicou que a Jordânia "sempre destacou ao longo destes anos a necessidade de alcançar uma solução política que ponha fim ao sofrimento dos irmãos sírios, que preserve a unidade da Síria e que consolide a segurança, a estabilidade e a soberania em todo o território" sírio.
Também o Egito condenou a "continuação da ocupação do território sírio" por Israel e alertou que se trata de uma "tentativa de forçar uma nova realidade no terreno", segundo frisou o Ministério dos Negócios Estrangeiros egípcio num comunicado.
A diplomacia egípcia considera que a decisão de Israel constitui uma "clara ocupação" do território sírio e, por isso, uma "flagrante violação da soberania" do país.
"Lamentamos as práticas de Israel, que violam o direito internacional e ameaçam a unidade e integridade das terras sírias", referiram as autoridades egípcias.
Neste sentido, o Egito pediu ao Conselho de Segurança da ONU e às "potências internacionais" que assumam as suas responsabilidades e "adotem uma posição firme sobre os ataques de Israel contra a Síria, para que a soberania de todo o seu território seja garantida".
O secretário-geral da NATO acusou hoje Moscovo e Teerão de partilharem responsabilidades pelos crimes cometidos pelo regime de Bashar al-Assad contra a população síria.
"A Rússia e o Irão eram os principais apoiantes do regime de Bashar al-Assad e partilham a responsabilidade pelos crimes cometidos contra o povo sírio", disse Mark Rutte em comunicado.
Em simultâneo, os dois países "também demonstraram que não são parceiros fiáveis", considerou Mark Rutte, advogando que abandonaram Bashar al-Assad "quando já não era útil".
O secretário-geral da NATO acrescentou que a queda do regime de Damasco é "um momento de alegria", mas ressalvou que está repleto "de incerteza para a população síria e da região".
Neste sentido, Mark Rutte assegurou que a NATO "vai monitorizar de perto" as decisões dos líderes rebeldes na "transição política" na Síria.
"Têm de apoiar o Estado de direito, proteger os civis e respeitar as minorias religiosas", acrescentou o ex-primeiro-ministro dos Países Baixos.
No entanto, Mark Rutte não fez referência aos milicianos do autoproclamado Estado Islâmico do Iraque e da Síria que ainda estão no território sírio.
Paulo Rangel, ministro dos Negócios Estrangeiros, defendeu hoje como essencial que a comunidade internacional dialogue com o grupo que tomou o poder na Síria, admitindo ser necessária prudência para perceber se mantém a sua posição radical.
"A deposição do regime de [o agora ex-Presidente, Bashar al-]Assad é algo que é bem recebido pela comunidade internacional", já que "este era um dos regimes mais sanguinários da atualidade", mas "é evidente que a situação é incerta e, portanto, reclama prudência", afirmou Paulo Rangel à margem de uma reunião da IGCP (Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública) que decorre no CCB, em Lisboa.
"É fundamental que as diferentes forças - porque a Síria é um conjunto de comunidades muito, muito diversas -- possam, de facto, dialogar e trabalhar para construir um sistema" melhor, disse.
Apesar de sublinhar que acredita que a diplomacia e o diálogo devem ser as primeiras ferramentas a usar, o ministro reconheceu ser necessário assegurar que o país árabe "não sai de um regime negativo para o seu povo para [entrar] noutro do mesmo tipo".
Depois de uma ofensiva relâmpago iniciada pela oposição ao regime, os rebeldes declararam este fim de semana a capital da Síria, Damasco, livre de Bashar al-Assad, que esteve 24 anos no poder.
A ofensiva foi realizada em menos de duas semanas por uma coligação liderada pelo grupo islâmico Organização de Libertação do Levante (Hayat Tahrir al Sham ou HTS, em árabe), juntamente com outras fações apoiadas pela Turquia.
A HTS, também conhecida por Al-Qaida da Síria, é uma organização política e paramilitar 'jihadista', de orientação sunita, considerada terrorista por países como os Estados Unidos, o Reino Unido, o Canadá, e também pela União Europeia (UE).
Uma questão que Paulo Rangel admitiu ser necessário analisar, sublinhando que "é preciso avaliar os próximos desenvolvimentos" para saber se se deve retirar a classificação de "grupo terrorista" antes de iniciar o diálogo com o grupo sírio.
"É evidente que organizações radicais são organizações com as quais não podemos trabalhar, mas vamos ver qual são os desenvolvimentos", considerou, acrescentando que os líderes do movimento têm prometido moderação nas suas futuras decisões.
Agora, é preciso "olhar para a Síria como um palco de oportunidades", sublinhou, adiantando que a situação atual "é motivo de grande preocupação, mas é seguramente melhor do que a anterior".
O ministro português reforçou ainda esperar que a reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas, marcada para hoje (às 20:00 de Lisboa), reafirme a necessidade "de um entendimento entre todas as comunidades sem discriminação de minorias", de maneira a "encontrar forma de integrar todo o puzzle" formado por sunitas (maioria), cristãos judaicos, drusos, xiitas, entre outros.
A ideia é "que se consiga estabilizar a situação e até permitir (...) que muitos refugiados que estão nas imediações - no Líbano, na Jordânia e na Turquia em particular, onde estão vários milhões - possam, progressivamente, regressar", avançou Rangel.
Sem embaixada na Síria, sendo a representação diplomática feita a partir de Nicósia (Chipre), Portugal tem registo de apenas dois cidadãos naquele país: uma religiosa e um funcionário das Nações Unidas que, segundo o gabinete do Ministério dos Negócios Estrangeiros, estão "ambos enquadrados nas suas estruturas e não pediram para sair" do território sírio.
Rangel reconheceu ainda esperar que a mudança da situação na Síria "seja uma possibilidade também de diálogo no contexto dos problemas do Líbano, onde as coisas estão um pouco mais estáveis do que estavam há um mês, da questão da Palestina, da Faixa de Gaza e até da Cisjordânia".
Além disso, "é muito importante que se crie aqui a oportunidade de um cessar-fogo em paralelo àquilo que se fez com o [grupo xiita libanês] Hezbollah", referiu, lembrando que há ainda problemas noutros pontos do Médio Oriente, como por exemplo, no Mar Vermelho e, nomeadamente, no Iémen.
"Todos estes fatores estão, evidentemente, também ligados à crise síria, portanto vamos ver se aqui se cria uma oportunidade, uma janela para um novo fôlego no Médio Oriente", concluiu o chefe da diplomacia portuguesa.
A organização de resgate Capacetes Brancos está a oferecer uma recompensa de 3000 dólares (2800 euros) por informações que levem à identificação de prisões secretas que o regime de Assad teria administrado na Síria.
O grupo enviou equipas para procurar celas subterrâneas escondidas em prisões que ainda abrigam detidos.
“Estendemos um convite especial aos ex-oficiais de segurança e aos que trabalham nos ramos de segurança para ajudarem no acesso a estas prisões secretas, pois é importante e necessária essa contribuição. Garantimos-lhes que manteremos a confidencialidade das fontes ", disseram os Capacetes Brancos em comunicado.
O Banco Central da Síria garantiu hoje aos cidadãos que os seus depósitos estão seguros.
“O Banco Central da Síria continua o seu trabalho e continuará a monitorizar e supervisionar o trabalho das instituições financeiras bancárias e não bancárias", pode ler-se num comunicado publicado na rede social Facebook, onde é acrescentando que o banco não retirou de circulação qualquer quantia em libras sírias.
O alto-comissário da ONU para os Direitos Humanos defendeu hoje a responsabilização dos autores das violações de direitos humanos durante "décadas de repressão brutal" na Síria sob o regime de Bashar al-Assad, mas advertiu contra atos de vingança.
Na conferência de imprensa de fim de ano, em Genebra, Suíça, na qual fez um balanço dos acontecimentos de 2024, marcado por uma "proliferação dos conflitos armados", Volker Türk destacou "os acontecimentos extraordinários" ocorridos na véspera na Síria, onde o regime liderado por Al-Assad "foi afastado do poder após décadas de repressão brutal e após quase 14 anos de um conflito implacável".
"Durante este período, perderam-se centenas de milhares de vidas, mais de 100 mil pessoas desapareceram e cerca de 14 milhões foram expulsas das suas casas, muitas vezes nas circunstâncias mais atrozes. Encontrei-me com muitos deles ao longo dos anos, testemunhei o seu desespero e trauma ao testemunharem as mais graves violações dos direitos humanos cometidas contra eles, incluindo a tortura e o uso de armas químicas", apontou.
De acordo com o alto-comissário, "os sírios saíram às ruas com muita esperança", de que esta seja "uma oportunidade para o país construir um futuro assente nos direitos humanos, na liberdade e na justiça", mas também com "ansiedade", pois "muita coisa é incerta", e deixou então vários alertas para o período de transição que se seguirá.
"Qualquer transição política deve assegurar a responsabilização dos autores de violações graves e garantir que os responsáveis respondam por elas. É imperativo que todas as provas sejam recolhidas e preservadas meticulosamente para utilização futura. A reforma do aparelho de segurança será fundamental. Esta transição deve igualmente assegurar que a tragédia das pessoas desaparecidas seja resolvida", começou por advogar.
Volker Türk alertou então que "devem ser tomadas todas as medidas para assegurar a proteção de todas as minorias e para evitar represálias e atos de vingança".
Apontando que "estão alegadamente a ter lugar hostilidades nalgumas partes da Síria, designadamente no nordeste", o responsável das Nações Unidas disse que "é realmente importante, imperativo de facto, que todas as partes cumpram as suas obrigações ao abrigo do direito humanitário internacional e do direito dos direitos humanos".
"O único caminho a seguir é um processo político nacional que ponha fim à litania de sofrimento, satisfaça as aspirações de todos os sírios e garanta a verdade, a justiça, a reparação, a cura e a reconciliação", disse, acrescentando que "é essencial que os direitos humanos de todos os sírios estejam no centro desse processo, através de uma participação significativa e inclusiva, nomeadamente das mulheres e dos jovens".
"A soberania, a unidade, a independência e a integridade territorial da Síria devem ser restauradas. O meu gabinete está pronto a apoiar o processo de transição", declarou.
A Rússia admitiu hoje que quer discutir com as futuras autoridades sírias a questão das suas bases militares na Síria, na sequência da queda do Presidente Bashar al-Assad, um aliado de Moscovo.
"Este é o tema das discussões com aqueles que estarão no poder na Síria", disse o porta-voz do Kremlin (presidência), Dmitri Peskov, citado pela agência francesa AFP.
Peskov disse que a Rússia está a fazer "tudo o que é possível e necessário para entrar em contacto com aqueles que podem garantir a segurança" das bases em Tartus (naval) e Khmeimim (aérea), na costa do Mar Mediterrâneo.
O porta-voz presidencial ressalvou que ainda "é demasiado cedo" para tratar do futuro das bases.
"Agora, vemos que estamos a viver um período de transformação, de extrema instabilidade. Portanto, vai levar tempo. E depois será necessária uma conversa séria com aqueles que serão investidos no poder", afirmou.
O canal turco NTV noticiou hoje que a Turquia vai ajudar a Rússia a retirar as tropas russas que permaneceram na Síria após a queda do regime de Bashar al-Assad.
A Rússia, juntamente com o Irão, era o principal apoiante externo de Bashar al-Assad, que fugiu para Moscovo, onde o Presidente Vladimir Putin lhe concedeu asilo.
"O mundo inteiro ficou surpreendido com o que aconteceu [na Síria]. Nós não somos exceção", acrescentou Peskov.
O ministro turco dos Negócios Estrangeiros, Hakan Fidan, apelou hoje à "formação de um governo inclusivo" na Síria, na sequência da queda de Bashar al-Assad que se refugiou na Rússia.
"Esperamos que os atores internacionais, em particular as Nações Unidas, se aproximem do povo sírio e apoiem a formação de um governo inclusivo", declarou o chefe da diplomacia turca numa audiência de embaixadores em Ancara.
"Queremos ver uma Síria onde os diferentes grupos étnicos e religiosos vivam em paz, com uma abordagem que venha a considerar um governo inclusivo", insistiu o ministro turco, cujo país apoia os grupos rebeldes que participaram na ofensiva relâmpago contra o regime sírio.
Fidan disse querer ver "uma nova Síria que mantenha boas relações com os países vizinhos e que traga paz e estabilidade à região", afirmando que a Turquia está "pronta a dar o apoio necessário nesse sentido".
Ancara já tinha indicado no domingo que queria ajudar a Síria a "garantir a unidade e a segurança".
"Vamos continuar o nosso trabalho para garantir o regresso seguro e voluntário dos sírios e a reconstrução do país", afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros turco.
A Turquia acolhe cerca de três milhões de refugiados sírios em virtude da guerra civil que se prolonga desde 2011.
Hoje, um ataque turco fez 11 mortos, incluindo seis crianças, todos da mesma família, numa aldeia do norte da Síria, numa zona sob administração curda, disse hoje o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).
De acordo com a organização não-governamental com sede em Londres tratou-se de um ataque com um aparelho aéreo não tripulado ('drone').
O ataque turco ocorre pouco depois de a oposição síria ter declarado Damasco "livre" do Presidente Bashar al-Assad, após 12 dias de ofensiva de uma coligação liderada pelo grupo islâmico Organização de Libertação do Levante (Hayat Tahrir al Sham ou HTS, em árabe), juntamente com outras fações apoiadas pela Turquia.
Israel atingiu locais suspeitos de albergarem armas químicas e mísseis de longo alcance na Síria, a fim de evitar que caíssem nas mãos dos rebeldes, declarou o ministro dos Negócios Estrangeiros israelita.
"O único interesse que temos é a segurança de Israel e dos seus cidadãos", afirmou hoje Gideon Saar aos jornalistas.
"É por isso que atacamos sistemas de armas estratégicas, como por exemplo armas químicas remanescentes ou mísseis de longo alcance e 'rockets', para que não caiam nas mãos dos extremistas", sublinhou o ministro israelita.
Saar não forneceu detalhes sobre quando ou onde ocorreram os ataques.
Um jornalista da agência de notícias Associated Press (AP) em Damasco relatou ataques aéreos na área do aeroporto militar de Mezzeh, a sudoeste da capital, no domingo. O aeroporto já foi alvo de ataques aéreos israelitas, mas não ficou claro quem lançou o último ataque.
Israel realizou centenas de ataques aéreos na Síria nos últimos anos, visando instalações militares relacionadas com o Irão e o grupo xiita libanês Hezbollah. As autoridades israelitas raramente comentam ataques individuais.
A Síria aceitou desistir do seu arsenal de armas químicas em 2013, depois de o Governo ter sido acusado de lançar um ataque perto de Damasco que matou centenas de pessoas. Mas acredita-se que tenha guardado algumas das armas e foi acusado de as voltar a usar nos anos seguintes.
A presidência russa (Kremlin) confirmou hoje que o Presidente Vladimir Putin concedeu asilo na Rússia ao ex-presidente sírio Bashar al-Assad e família.
"É claro que essas decisões não podem ser tomadas sem o chefe de Estado. A decisão é dele", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, citado pela agência oficial TASS.
Uma ofensiva rebelde pôs fim ao regime de al-Assad no fim de semana.
As agências russas já tinham noticiado que o ex-líder sírio e a família tinham fugido de Damasco para Moscovo, mas ainda não tinha havido uma confirmação oficial do Kremlin.
O ministro dos Negócios Estrangeiros de Israel, Gideon Saar, afirmou hoje que a presença de tropas israelitas na zona desmilitarizada em território sírio é "limitada e temporária".
De acordo com o chefe da diplomacia de Israel trata-se de uma medida necessária por razões de segurança face à indefinição que reina na Síria após a queda do regime de Bashar al-Assad.
"Sublinho que se trata de uma medida muito limitada e temporária, que tivemos de tomar por razões de segurança", disse Gideon Saar em conferência de imprensa.
Israel ordenou no domingo aos habitantes de cinco cidades sírias situadas na zona desmilitarizada entre a Síria e os Montes Golã, ocupada por Israel desde 1967, que permanecessem nas suas casas devido aos combates contra os rebeldes na zona.
"Os combates na vossa zona obrigam o Exército a deslocar-se e não temos qualquer intenção de vos fazer mal. Para vossa segurança, permaneçam nas vossas casas e não saiam até nova ordem", referia um comunicado do porta-voz militar israelita em língua árabe, Avichay Adraee.
Entre as cidades sujeitas ao recolher obrigatório israelita encontra-se Quneitra, a capital da província dos Montes Golã capturada pela oposição síria.
Adraee apelou igualmente aos habitantes de Hmidaia, Samdaniya, Qahtania e Ufaniya para permanecerem em casa.
As tropas russas que permanecem na Síria após a queda do regime de Bashar al-Assad vão ser retiradas com a ajuda da Turquia, noticiou hoje o canal de notícias turco NTV.
Citando as forças de segurança, a NTV disse que Moscovo pediu ajuda à Turquia para retirar as tropas que ainda se encontram na Síria, onde a Rússia tem uma base naval e uma base aérea.
De acordo com a NTV, citada pela agência espanhola EFE, o pedido de Moscovo foi aceite por Ancara e os soldados russos serão retirados da Síria com recurso a aviões militares.
A Rússia, juntamente com o Irão, era o principal apoiante externo de Bashar al-Assad.
A bandeira da oposição síria foi hasteada hoje na embaixada da Síria em Moscovo, um dia depois da queda do Presidente Bashar al-Assad, derrubado pelos rebeldes numa ofensiva relâmpago.
Um grupo de homens hasteou a emblemática bandeira da oposição com três estrelas vermelhas, enquanto alguns flocos de neve caíam de manhã sobre Moscovo, segundo um jornalista da agência francesa AFP.
"A embaixada está aberta e a trabalhar normalmente sob a nova bandeira", disse uma fonte da embaixada síria à agência estatal TASS.
Esta ação simbólica ocorre numa altura em que o líder sírio Bashar al-Assad e a sua família se refugiaram em Moscovo, segundo as agências estatais russas citando uma fonte do Kremlin (presidência).
Um ataque turco fez 11 mortos, incluindo seis crianças, todos da mesma família, numa aldeia do norte da Síria, numa zona sob administração curda, disse hoje o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).
De acordo com a organização não-governamental com sede em Londres tratou-se de um ataque com um aparelho aéreo não tripulado ('drone').
"Onze civis, incluindo seis crianças, todos membros da mesma família, foram mortos num ataque de um 'drone' turco perto de Ain Issa, a norte de Raqa, em zonas controladas pela administração autónoma curda", afirmou o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), numa altura em que os combatentes curdos sírios tentam repelir os ataques de grupos armados apoiados por Ancara.
O ataque turco ocorre pouco depois de a oposição síria ter declarado Damasco "livre" do Presidente Bashar al-Assad, após 12 dias de ofensiva de uma coligação liderada pelo grupo islâmico Organização de Libertação do Levante (Hayat Tahrir al Sham ou HTS, em árabe), juntamente com outras fações apoiadas pela Turquia.
O chefe da diplomacia do Irão, Abbas Araghchi, admitiu que o chamado Eixo da Resistência, a aliança anti-Israel liderada por Teerão, será afetado pela queda do presidente Bashar al-Assad na Síria.
"É natural que a frente de resistência seja afetada", disse o ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Abbas Araghchi, numa entrevista televisiva transmitida no domingo à noite.
O Eixo da Resistência inclui o movimento islamita palestiniano Hamas, o grupo xiita libanês Hezbollah, os rebeldes Houthis do Iémen, e uma miríade de milícias no Iraque e, até agora, na Síria.
O país árabe era o único Estado que fazia parte desta aliança e desempenhou um papel importante porque deu ao Irão acesso directo ao Hezbollah.
O chefe da diplomacia iraniana reconheceu que a Síria era um dos membros mais importantes desta aliança e "tem desempenhado um papel significativo no confronto com Israel e no apoio aos palestinianos".
No entanto, Araghchi sustentou que a "resistência não irá parar" sem a Síria.
"Pode haver algumas limitações por vezes, mas a resistência encontrará o seu caminho a seguir", disse.
O ministro garantiu que o grupo libanês Hezbollah dispõe de "munições, equipamentos e instalações para os próximos um ou dois anos".
O líder supremo do Irão, Ali Khamenei, fará na quarta-feira um discurso sobre os "acontecimentos recentes na região" após a queda de al-Assad.
"O imã Khamenei falará sobre os acontecimentos recentes na região na quarta-feira, 11 de dezembro de 2024", informou uma das contas nas redes sociais da mais alta autoridade religiosa e política do país persa.
O discurso terá lugar na Mesquita Imam Khomeini, em Teerão, num encontro com "milhares de pessoas de diferentes origens".
A última vez que Khamenei fez um discurso deste tipo foi no início de outubro, para assinalar a morte do líder da milícia libanesa Hezbollah, Hasan Nasrallah.
Recorde-se que os rebeldes declararam no domingo Damasco livre do Presidente Bashar al-Assad, após 12 dias de ofensiva de uma coligação liderada pelo grupo islâmico Organização de Libertação do Levante (Hayat Tahrir al Sham ou HTS, em árabe), juntamente com outras fações apoiadas pela Turquia, derrubar o governo sírio.
O Presidente sírio, que esteve no poder 24 anos, deixou o país perante a ofensiva rebelde e asilou-se na Rússia, segundo as agências de notícias russas TASS e Ria Novost.
Rússia e China manifestaram preocupação pelo fim do regime, enquanto a maioria dos países ocidentais e árabes se mostrou satisfeita por Damasco deixar de estar nas mãos do clã Assad.
No poder há mais de meio século na Síria, o partido Baath foi, para muitos sírios, um símbolo de repressão, iniciada em 1970 com a chegada ao poder, através de um golpe de Estado, de Hafez al-Assad, pai de Bashar, que liderou o país até morrer, em 2000.