Santa Casa deve dinheiro à maior organização criminosa do Brasil

Santa Casa deve dinheiro à maior organização criminosa do Brasil

A versão final da auditoria forense encomendada por Ana Jorge foi entregue à SCML no início do mês passado, mas nada consta no relatório sobre o Primeiro Comando da Capital.
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A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) deve 200 mil reais (cerca de 40 mil euros) ao Primeiro Comando da Capital (PCC), a maior organização criminosa do Brasil, revelou um gestor da MCE, a empresa de jogo comprada no Rio de Janeiro pela SCML.

O PCC, cuja principal fonte de rendimento tem sido o tráfico de droga, terá dezenas de milhares de membros no Brasil e noutros países, incluindo Portugal.

A notícia é avançada pelo Expresso, que teve acesso a um documento entregue à SCML.

Numa reunião referida nesse documento, um novo representante no Rio de Janeiro da administração da SCML, na altura ainda liderada por Ana Jorge, foi confrontado com a necessidade de se resolver a dívida e com o facto de o crédito estar relacionado com uma operação da MCE em São Paulo, onde o PCC está mais presente.

O representante da SCML pediu a um funcionário da MCE para colocar a informação escrita num email, de forma a fazer o problema chegar aos seus superiores em Lisboa, mas o gestor da empresa de jogo não acolheu bem o pedido. “Não dá para registar isso, não é?”, ripostou.

Refira-se que Ana Jorge já tinha denunciado um conjunto de irregularidades ao Ministério Público português, depois de ter encomendado à consultora BDO uma auditoria forense e financeira sobre as atividades da Santa Casa Global, a subsidiária criada para concentrar todos os investimentos internacionais da SCML.

Ainda com a auditoria numa fase inicial, a então provedora remeteu elementos para a Procuradoria-Geral da República, para o Tribunal de Contas e para a ministra do Trabalho e da Segurança Social, que tinha a tutela da Santa Casa, Ana Mendes Godinho.

A versão final da auditoria forense foi entregue à SCML no início do mês passado, mas nada consta no relatório sobre o PCC.

O PCC decidiu entrar no mercado do jogo de azar há mais de uma década, de forma muito discreta, com o objetivo de lavar dinheiro produzido pelo tráfico de droga, numa rede que chegou a abranger uma rede de 42 casinos clandestinos na região de São Paulo e cinco em Fortaleza, além de pontos de venda do jogo do bicho, uma bolsa de apostas ilegais muito popular no Brasil. 

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