Putin faz visita surpresa à Crimeia
Acordo dos cereais, que devia ter expirado ontem, foi alargado, mas há discrepância entre Kiev e Moscovo em relação aos novos prazos.
Um dia depois de o Tribunal Penal Internacional (TPI) ter emitido um mandado de captura em nome de Vladimir Putin, acusando-o da "deportação ilegal de crianças" das regiões ocupadas da Ucrânia, o presidente russo esteve ontem na Crimeia, onde inaugurou uma escola de artes para as crianças. A visita surpresa, a primeira de Putin à região desde o início da "operação militar especial" em fevereiro de 2022, coincidiu com o nono aniversário da anexação ilegal da província ucraniana.
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"O nosso presidente sabe surpreender. No bom sentido da palavra", escreveu no Telegram o governador de Sebastopol, Mikhail Razvojayev. A previsão inicial era que inaugurasse a escola por videoconferência, mas acabou por ir em pessoa. "Porque, num dia histórico como hoje, ele está sempre com Sebastopol e os seus habitantes", indicou.
A Crimeia, onde fica esta cidade autónoma que é a sede da frota do Mar Negro, foi anexada a 18 de março de 2014, após um referendo que não é reconhecido pela comunidade internacional. O mesmo mecanismo foi usado pela Rússia para anexar, no ano passado, Lugansk, Donetsk, Kherson e Zaporíjia, apesar de não as controlar totalmente. A Ucrânia promete recuperar todos os seus territórios, incluindo a Crimeia.
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Durante a visita, Putin não disse uma palavra em relação ao mandado de captura do TPI - a Rússia não reconhece este tribunal e não está na sua jurisdição, tendo na véspera o Kremlin dito que o pedido de prisão é "nulo". Mas, por causa dele, Putin poderá ser detido se viajar para algum dos 123 países que fazem parte do TPI. O presidente russo é acusado da deportação forçada de crianças - Kiev alega que são mais de 16 mil -, o que é um crime de guerra.
O presidente norte-americano, Joe Biden, reagiu ao mandado de captura de Putin dizendo que era "justificado", mas tal como a Rússia - e a própria Ucrânia -, os EUA não fazem parte do Tribunal Penal Internacional. "Também não é reconhecido por nós", afirmou Biden, dizendo ainda assim que "é um ponto forte".
Acordo de cereais
O acordo que permite a exportação de cereais ucranianos através do Mar Negro foi ontem alargado, no dia em que devia expirar, mas existe dúvida em relação ao prazo em que será válido.
As Nações Unidas e a Turquia, que serviram de mediadores, congratularam-se com a decisão, mas não indicaram o prazo do alargamento. Kiev diz que são de novo 120 dias - como previsto no acordo original assinado em julho e já prolongado em novembro.
Contudo, Moscovo insiste que são apenas 60, já que quer mais garantias para as suas próprias exportações - de fertilizantes e alimentos - que diz estarem a sofrer devido às sanções ocidentais.
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