Putin diz a Scholz que atacar infraestruturas na Ucrânia é "inevitável"

O Kremlin declarou ainda que "a operação militar especial vai continuar", rejeitando condições do Ocidente para procurar soluções diplomáticas.

O presidente russo, Vladimir Putin, disse ao chanceler alemão, Olaf Scholz, esta sexta-feira que os ataques em massa da Rússia às infraestruturas de energia da Ucrânia são "necessários e inevitáveis", e denunciou ainda a postura "destrutiva" do Ocidente ao apoiar o governo ucraniano.

"As Forças Armadas russas evitaram, por muito tempo, atacar com mísseis de alta precisão certos alvos na Ucrânia, mas tais medidas se tornaram necessárias e inevitáveis diante dos ataques provocadores de Kiev", afirmou o Kremlin numa nota publicada, resumindo as declarações de Putin a Scholz após a primeira conversa entre os dois desde setembro.

Scholz pediu a Putin que retire as suas tropas da Ucrânia para alcançar uma "solução diplomática". Durante a conversa telefónica de uma hora entre os dois líderes, Scholz "pediu ao presidente russo que encontre uma solução diplomática o mais rápido possível, o que envolve a retirada das tropas russas", disse o porta-voz do governo alemão, Steffen Hebestreit, em comunicado.

Para Putin, a posição do Ocidente é "destrutiva", já que com o seu apoio político, financeiro e militar, "Kiev rejeita a ideia de qualquer negociação" e "incita os ucranianos nacionalistas radicais a cometerem crimes sangrentos".

O presidente russo também pediu a Scholz que "reveja a sua posição no contexto dos eventos ucranianos".

De acordo com Putin, a Ucrânia é responsável pelas explosões que destruíram parcialmente a ponte russa da Crimeia e as instalações de energia russas e, portanto, Moscovo tem o direito de bombardear as infraestruturas energéticas da Ucrânia.

A última onda de bombardeamentos russos contra a Ucrânia foi em 23 de novembro. Os ataques deixaram milhões de ucranianos sem luz, ou água, e algumas áreas foram afetadas por vários dias. Na quinta-feira, a operadora privada DTEK disse que Moscovo destruiu "40% do sistema de energia ucraniano". A maioria das habitações ucranianos tem apenas algumas horas de eletricidade por dia.

Kremlin rejeita condições de Biden

O Kremlin também rejeitou as condições colocadas, ontem, pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, para tratar com Putin. O líder americano disse estar "disposto a conversar" com Putin, mas apenas se for para buscar "uma forma de acabar com a guerra" e se a Rússia retirar as suas tropas da Ucrânia.

O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, afirmou que a Rússia rejeita essas condições. "A operação militar especial vai continuar", insistiu, usando a terminologia usada pelo Kremlin para se referir à guerra na Ucrânia.

No final de setembro, o presidente russo decretou a anexação de quatro regiões da Ucrânia, apesar de não ter o controlo total desses territórios. Em 2014, a península da Crimeia foi anexada.

A Ucrânia rejeita qualquer negociação com Putin se a sua integridade territorial, incluindo a Crimeia, não for respeitada.

Nas últimas semanas, os militares russos sofreram vários reveses militares. Tiveram de se retirar do norte do país em abril; de uma parte do nordeste, em setembro; e de uma parte do sul, em novembro.

Numa aparente represália, as forças russas têm bombardeado as instalações elétricas do país desde outubro.

Entretanto, países ocidentais continuam a tentar enfraquecer os meios de Moscovo para financiar a guerra, impondo sanções. A União Europeia pretende, por sua vez, adotar um projeto para limitar os preços do petróleo russo.

Embora as sanções adotadas desde fevereiro tenham isolado a Rússia, em larga medida, a sua economia tem-se mantido, sobretudo, pela receita procedente dos hidrocarbonetos.

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